Manoel Dionísio: os frutos do riscado de um mestre

Foto: Stéphanne Munnier | Arte: Vítor Melo/Carnavalize





Por Beatriz Freire

Revisão de Felipe Tinoco

Aos que pensam que só o sagrado tem elementos celestiais, saibam que nosso profano carnaval também tem anjos. Em especial, há um “dos Anjos” que empresta suas asas – que o ajudaram a alçar altos voos na carreira de bailarino – a crianças, jovens e adultos de todas as idades, para que possam sonhar – e realizar – juntos tantos desejos. Hoje, o Carnavalize conta brevemente, em forma de homenagem, a história de vida e carreira de um dos grandes nomes da cultura brasileira: Manoel dos Anjos Dionísio, o Mestre da arte de mestre-salas e porta-bandeiras, para comemorar os trinta anos de sua imensa contribuição aos casais à frente da escola que fundou.
Mestre Dionísio, o mineiro de Além Paraíba que chegou ao Rio de Janeiro ainda menino, aos oito anos, sempre demonstrou encanto pela dança. Apesar disso, ainda na juventude surgiu o impasse convencional da idade para escolher a estrada que a partir dali pavimentaria sua trajetória profissional. A carreira militar, da qual não era exatamente um entusiasta, foi escanteada por esse exímio jogador de futebol do São Cristóvão, dividido entre os gramados e a possibilidade de entregar-se ao ofício da dança. A escolha pelos palcos, aposentando as chuteiras, veio depois de uma conversa sincera com a mãe, quando expressou seu desejo de seguir essa carreira. O acolhimento da aquiescência materna, que soou como uma bênção para que pudesse fazer o que lhe alegrava, impulsionou a dedicação ao bailado. A opção, segundo o próprio Mestre, deu-se em razão de nunca ter gostado de trabalhar: “A dança, para mim, não é trabalho, é lazer. Quem diz que gosta de trabalhar está mentindo”, afirma, sempre bem-humorado.

Todo o vigor de Manoel Dionísio, bailarino de dança afro-brasileira, como faz questão de ressaltar. Foto: Acervo pessoal.
Aos dezenove anos, no ano de 1955, veio a formação como bailarino afro-brasileiro pelo Balé Folclórico Mercedes Baptista, criado pela inconfundível bailarina que gravou seu nome na história da dança brasileira e do carnaval. A amizade com a mestra, parceira de uma vida toda, foi tecida pelo sentimento de gratidão, a quem diz reconhecer tudo que conquistou. Ele esteve próximo de sua mentora até os últimos dias de vida dela, falecida em 2014. Dionísio é um dos tantos discípulos do seu legado na dança e faz questão de frisar que repassa aos alunos da escola tudo que aprendeu. “Só não sei fazer mais a quinta posição por causa da idade”, brinca, ao se referir à posição da dança em que os dois pés juntos, um atrás do outro, em posições paralelas, apontam a sentidos contrários.

Nos festejos do momo, o Mestre desfilou como integrante do grupo capitaneado por Mercedes no Salgueiro, sua escola de coração, a partir de 1959, e estava presente na famosa ala do minueto do desfile campeão da agremiação sobre Xica da Silva, em 1963. Na carreira de bailarino, ganhou o mundo com a companhia. Morou na Alemanha por mais de uma década, e, no retorno ao Rio, dançou e atuou na remontagem da peça Orfeu da Conceição, dirigida por Haroldo Costa, no palco do Theatro Municipal, aos 58 anos de idade
A histórica ala do Minueto, do Acadêmicos do Salgueiro, de 1963, na qual o homenageado do texto desfilou. Foto: Reprodução Tantos Carnavais.
O envolvimento com a folia não garantiu apenas o cargo de bailarino em desfiles. Mestre Dionísio foi assistente técnico de carnaval da Riotur e porta-voz da Federação dos Blocos, investido no cargo de diretor social. Aliás, suas origens na festa estão profundamente atreladas a essas organizações, já que ele fundou o Império do Pavão dentro da sala da própria casa, na favela Pavão-Pavãozinho, tendo sido criada, como desdobramento do bloco em fusão com outras escolas, a agremiação Alegria da Zona Sul, pela qual é sempre saudado com carinho e respeito, principalmente pela velha-guarda.

Em 1989, os blocos, com problemas de balizas e porta-estandartes, contrataram os segundos casais de agremiações para seus desfiles. No carnaval seguinte, a ideia do Mestre para economizar dinheiro e formar novos responsáveis pelos estandartes se espalhou: cada comunidade deveria levar a ele dois casais de jovens para que pudesse ensaiá-los e acabar com o problema. Assim, tanto lapidaria balizas e porta-estandartes peritos na dança, barateando o custo com o “aluguel” dos segundos casais – o que seria suficiente para vestir mais desfilantes -, quanto estaria vinculando os guardiões aos seus berços, representando suas comunidades. Por sinal, era necessário que fossem dois casais, e não apenas um, justamente porque é possível que os corpos do par recém-formado não se identifiquem, que falte a eles o entrosamento indispensável a um casal; dessa forma, haveria uma alternativa de aproveitamento. Neste mesmo 17 de julho, em 1990, há exatos trinta anos, surgiu, assim, a Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte. 

Edição de 07 de novembro de 1990 do Jornal O Globo. Foto: Acervo O Globo.
Na casa de ferreiro, o espeto nem sempre é de pau. O talento do Mestre se manifestou em seus herdeiros, como se orgulha ao falar da beleza do bailado da filha Magda durante o curto tempo que foi porta-bandeira. Hoje, os olhos orgulhosos do avô coruja se miram sobre Bárbara Dionísio, segunda porta-bandeira da Vila Isabel. “É lindo ver minha neta dançar na Avenida”, confidenciou ele, ressaltando que não deixa que ela o veja nos ensaios de rua, para manter a discrição. No dia seguinte, faz os elogios e as recomendações, postura típica de um incentivador nato, confiante que todos sempre têm algo a mais para dar. “Eu não digo nada pra ela e também não estou falando só porque é minha neta, não, mas dança bem pra caramba”. 
A generosidade não permite individualizar o conhecimento. Está sempre aberto a dividir informações (ele tem as mais encantadoras e preciosas, diga-se de passagem) e também as suas opiniões, como quando questionado sobre a posição dos casais nos desfiles atuais. Desde 2002, com a inovação proposta pelo diretor de carnaval Laíla, à época na Beija-Flor, e aceita por Selminha Sorriso e Claudinho, majoritariamente, os casais passaram a vir atrás das comissões de frente, logo na cabeça da escola. “Nada contra a modernidade, mas sou um eterno saudosista”, abre a fala que tem na sequência argumentos mais do que convincentes aos ouvidos atentos à voz experiente. Segundo Mestre Dionísio, o casal deve vir à frente da bateria por uma simples questão: a batida do surdo de primeira está no pé do desfilante, com a pulsação já marcada, fator indispensável para o ritmo do casal. 
Edição de 07 de novembro de 1990 do Jornal O Globo. Foto: Acervo O Globo.

Ele ainda encara as comissões de frentes como as grandes adversárias dos casais de mestre-sala e porta-bandeira, principalmente após 2010, quando a apresentação da Unidos da Tijuca (É Segredo!, com as trocas de roupa em plena pista) revolucionaram e espetacularizaram o quesito: “Até 2010, o casal era esperado. Hoje, todo mundo espera a comissão de frente”. Acrescenta: “lá na frente não se ouve o samba, está muito distante da bateria e, por isso, sempre digo para os mestre-salas e porta-bandeiras que eles têm que ter a coreografia e o samba na cabeça, caso dê algum problema”. Quanto ao uso de coreografia, não oferece nenhuma resistência, mas com algumas condições, sendo duas as principais: coreógrafo não pode mudar o tipo de dança do mestre-sala nem da porta-bandeira, e o casal pode fazer sua coreografia à vontade, desde que feche com o tradicional.
O carinho e a cordialidade fazem de Seu Dionísio um colecionador de bons amigos por onde passa. Dentre eles, carrega com alegria e saudades o companheirismo do ilustre Delegado, o maior mestre-sala da história do carnaval, com quem teve a honra de trocar palavras a partir de 2009, na Mangueira, quando o Mestre era o apresentador de Marquinhos e Giovanna, defensores do pavilhão verde e rosa naquele momento. A partir do encontro, surgiu, junto com a amizade, o convite para que o histórico mestre-sala fosse conhecer a Escola. Por lá, Delegado seguiu passando às novas gerações todo o conhecimento que adquiriu com seu talento; da vida de Dionísio, só se despediu quando foi bailar para os astros ao lado de Neide, a eterna companheira de dança, no ano de 2012. Os dois bambas do riscado, aliás, tiveram suas histórias contadas no livro “Delegado e Dionísio: vidas em passos de arte”, publicada pela Editora Hamma, com a autoria de Sérgio Gramático Júnior. 
A amizade de dois pilares da arte dos casais de mestre-sala e porta-bandeira: Delegado e Dionísio, respectivamente.
Foto: Sérgio Gramático Júnior.
O que nos trouxe a esse texto é a comemoração do aniversário de trinta anos da Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte Manoel Dionísio que, apesar de ter sido idealizada por ele, só ganhou o nome do Mestre no ano de 2012. Nada mais justo. Até aqui, são incontáveis talentos sendo revelados pelo projeto gratuito que ministra aulas aos sábados, para crianças, jovens e adultos. Há também turmas para pessoas com deficiência. Lú Rufino é a primeira porta-bandeira cadeirante da escola e defende o pavilhão da Embaixadores da Alegria, escola que abre os festejos do Sábado das Campeãs na Sapucaí. A ideia é que mais duas porta-bandeiras se juntem a ela quando as aulas retornarem. Seu Dionísio se orgulha de todos que por lá passaram, famosos ou anônimos, desde a aluna mais nova, com dois aninhos, à mais vivida, com sessenta e seis, no que ele diz ser a melhor idade.
A escola já teve diversos endereços, como a Rua Regente Feijó, onde tudo começou, o setor 02 da Marquês de Sapucaí e o Centro de Cultura Calouste Gualbekian, no qual está instalada atualmente desde 2018, na Praça XI. A equipe conta com instrutores especializados, diretamente relacionados ao universo dos casais e da dança, pedagogos, psicólogos e preparadores físicos, entre outros colaboradores. O aproveitamento das turmas rende mestre-salas e porta-bandeiras que dançam em escolas do Grupo E ao Especial. Todos os alunos de 1991 a 2009 brilham nas grandes agremiações cariocas hoje, e novas gerações vêm sendo treinadas. “A casa começa de baixo pra cima, do Grupo E ao Grupo Especial. Tem que haver respeito com os casais da Intendente Magalhães, os presidentes também têm que ter carinho com os segundos casais”. O caminho é longo e exige muito trabalho. Na Sapucaí, a Escola do Mestre Dionísio exportou talentos para quase todas as escolas.

Na Vila Isabel, além de sua neta, Marcinho e Cristiane Caldas, o primeiro casal da agremiação, também foram alunos do projeto. Marcinho Siqueira chegou à escola do Mestre em 2005, encaminhado pelo desejo da mãe. Por lá, encontrou o acolhimento do histórico mestre-sala Peninha, e depois de Claudinho, da Beija-Flor, com quem aprendeu boa parte do que sabe: “Eu acho muito importante existir de fato um lugar para essa arte ser disseminada. Hoje a gente acaba aprendendo com a ajuda dos vídeos, mas ter contato com a arte, com alguém que dança ou já dançou e sentiu na pele o que é carregar um pavilhão na avenida é muito importante”. Tanta riqueza de conhecimento germinou a vontade de Marcinho contribuir ainda mais com a preservação da dança do casal, seguindo o passo de seus mestres: “Ainda não acho que estou nesse nível, mas um dia eu acho que vou chegar ao nível de passar o que eu tenho de conhecimento e experiência. Eu tenho, com certeza, essa pretensão de, quando ficar mais velho, não deixar essa arte morrer. Ela é muito linda e eu sou apaixonado por ela. Apesar de não ser uma intenção minha desde o início ser mestre-sala – eu me tornei por causa da minha mãe-, hoje em dia não me vejo fazendo outra coisa”.

Matéria do Jornal O Globo, em outubro de 2006. À época, Marcinho tinha 13 anos de idade, dando os primeiros riscados na carreira de mestre-sala. Foto: Acervo O Globo.
Cris chegou ainda criança ao projeto: “Se hoje eu sou uma porta-bandeira, eu devo ao Dionísio, porque eu comecei bem novinha lá. Ele foi meu instrutor, assim como tive outros, como a Soninha, a Irene (porta-bandeiras de sucesso)… eu sou muito grata, costumo dizer que com dois meses de projeto eu já tinha duas escolas e dali eu fui chegar ao Especial, quando fui Estandarte de Ouro pela Paraíso do Tuiuti, em 2001. Eu era bem nova, sei que hoje ele está muito feliz por eu estar na Vila e eu também fico muito feliz por isso. Tenho muito carinho e gratidão eterna por ele. Minha madrinha, a Terezinha, trabalhou com ele, foi secretária do projeto por mais de dez anos, então temos um ligação bem legal. Esse projeto não pode acabar e para o que ele precisar, pode contar comigo. Ele me chamava de fio desencapado, o restinho da minha infância e a minha adolescência toda foram dentro do projeto. Fiz muitas amizades que levo até hoje pra minha vida”.

A porta-bandeira Cris Caldas, no ano do seu Estandarte de Ouro, em 2001, pela Paraíso do Tuiuti. Hoje, ela e Marcinho, também ex-aluno da Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, são o primeiro casal da Vila Isabel. Foto: Liesa/Tantos Carnavais.

Cintya Santos, hoje primeira porta-bandeira da Porto da Pedra, não é a única da família a ter ligações com Seu Dionísio: “A minha trajetória no mundo do samba o senhor Manoel Dionísio acompanha desde quando eu era criança, ele era amigo da minha falecida avó Dina, também porta-bandeira. No ano de 2000, a minha avó me aconselhou a frequentar a escola do senhor Manoel Dionísio, foi a partir daí que eu comecei a conhecer o carnaval do Rio, as escolas de samba, e aprimorar a minha dança. Sou muito grata a ele pela porta-bandeira que me tornei, principalmente pelos conselhos que ele me deu e pelas palavras de carinho comigo. Hoje, a escola completa mais um ano de existência e só quero pedir a Deus que continue dando muita saúde para que ele forme muitos outros casais. Obrigada, meu amigo, seu Manoel Dionísio!”.

Cintya Santos, porta-bandeira da Porto da Pedra, é a terceira geração de uma família de defensoras de pavilhões, e também foi aluna do Mestre Dionísio. Foto: Nobres Casais.

Como todo processo de aprendizagem é uma via de mão-dupla, o Mestre reconhece que também adquiriu muito conhecimento ao longo dessas três décadas. Ao idealizar o projeto, tratou de se inscrever em um curso de relacionamento pessoal e interpessoal, já que sabia que ia lidar com as mais diversas personalidades de colaboradores e alunos. Agradece, inclusive, por não ter problema com ninguém: “Eu brigo mas no segundo sábado de dezembro (data da confraternização) beijo e abraço todos. Quando chega maio, recomeça tudo e volto a brigar, mas para o benefício deles. Me perguntam: ‘tá bom?’ E eu digo: ‘tá quase bom’, para que possam sempre melhorar”.

O Dossiê Matrizes do Samba tem o nome de Manoel Dionísio como integrante da lista de depositários reconhecidos da tradição, o que é uma honra para ele, referência do bailado do mestre-sala e da porta-bandeira. Faz questão de ensinar também a teoria, não só a prática, para não deixar a dança do casal terminar. A receita do sucesso, de acordo com Mestre, foi ter procurado informações preciosas com figuras do mais alto gabarito, todas pessoas amigas: Neide, Mocinha, Vilma Nascimento, Dodô da Portela – sua madrinha no samba -, Élcio PV, Maria Helena e Chiquinho. Nunca se acomodou com o conhecimento que adquiriu ao longo da vida e fez mais de quatro “reciclagens” para se atualizar sobre o bailado dos casais, buscando o aperfeiçoamento para se manter como referência. Frisa que busca ensinar exatamente do jeito que aprendeu, metodologia deixada por Mercedes em sua vida.

A dança do casal teve três pilares de difusão do conhecimento: Seu Mansur, percursor da Mangueira; Delegado, o mestre-sala que por 36 anos vestiu as cores verde e rosa; e, hoje, Mestre Dionísio, que deseja que todo seu conhecimento seja passado adiante: “É um legado”.

Os olhares aprendizes atentos aos ensinamentos do Mestre. Foto: Folia do Samba.

A apresentação de si mesmo tem uma riqueza (e modéstia característica de algumas das grandes personalidades de um ramo) resguardada sobre as palavras simples e tranquilas de quem já viveu grandes momentos e não tem medo de nada: “Um negro de 1,86m, 83 anos, que tem quatro netas, quatro netos e dois bisnetos. Uma pessoa justa, que gosta das coisas certas, e quem me ensinou isso foi Angélica Maria da Conceição, minha mãe. Depois que fui para a parte artística, dou o mesmo tratamento que Mercedes dava a todos os alunos; ensino com paciência mas não quero indisciplina”. Os 83 anos de vida, que ganham mais uma unidade no próximo dia 04 de agosto, não freiam seus sonhos, sempre protegidos por São Francisco de Assis, o santo de devoção: “O meu sonho é que Deus me dê vida e saúde para ser difusor do segmento, do samba e do carnaval. Quero agradecer o respeito e carinho que têm por mim. Foi muito difícil, mas nada tirou meu ânimo”.
A EMSPBPE Manoel Dionísio encontra-se com as atividades temporariamente paralisadas em virtude da pandemia do coronavírus. Para garantir o retorno das atividades em um momento seguro e oportuno, a escola lançou um financiamento coletivo. A contribuição é bem-vinda da forma que for possível para cada um, seja doando ou divulgando a campanha. Para mais informações, clique aqui.
Todas as preciosas informações foram recolhidas em um fluxo de muitas conversas, principalmente por telefone, em um contato pelo qual Mestre dividiu sua história em mais de 1h30min de ligação. No término da chamada inesquecível, agradeci. Fui gentilmente interrompida para dizer que não tinha pelo que agradecer, frase seguida dos mais doces e simpáticos elogios e palavras de afeto. Mestre Dionísio, o samba se curva à sua trajetória e o reverencia com aplausos incansáveis. Para encerrar, ele deixa um recado: “Se vocês não me entenderam, procurem me compreender”. Que venham mais 30 anos de compreensão dessa arte!

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