#NATRAVE! Grandes desfiles que ficaram no quase

Por Alisson Valério e Bruno Malta
Ganhar o título de campeã de um carnaval não é fácil e no final das contas só uma vai vencer, mas isso não impede que nós tenhamos outros desfiles inesquecíveis naquele mesmo ano. Esse texto tem o propósito de exaltar desfiles que não venceram, muito pelo mérito das escolas que conquistaram os seus campeonatos merecidamente, mas que merecem ser lembrados e exaltados.

Preparados? Então partiu viajar por esses grandes desfiles que deixaram a sua marca no Carnaval de São Paulo.
Império de Casa Verde 2007 
Foto: Mastrangelo Reino/Folha
Imagem

Vindo de dois títulos
consecutivos o Império de Casa Verde entrou no Anhembi em busca do
tricampeonato e levou para o sambódromo paulistano o enredo “Glórias e Conquistas
– A Força do Império está no salto do Tigre”, da comissão de carnaval liderada
por Renato e Márcia Lage. O enredo falava e contava a história dos grandes
Impérios da história da humanidade e terminava no Império do Samba para
celebrar uma era de conquistas. O desfile já começou de forma arrebatadora com
a comissão de frente, que virou uma marca da escola nos carnavais dessa época,
com uma fantasia luxuosa, impactante e com uma coreografia de muito bom gosto
que foi executada perfeitamente. Isso se estendeu a toda parte plástica da
escola, que contou com fantasias com requintes de luxo, sendo muito bem-acabadas,
além dos carros gigantes, um show à parte. O samba, que tinha a cara
da escola e do enredo, funcionou perfeitamente. Claro que isso se deve também a
garra da comunidade da escola, da sua bateria fora de série e do interprete
Carlos Junior, que deu um show com o seu time de canto. O título e o
tricampeonato não vieram, por todos os méritos do desfile campeão da Mocidade
Alegre naquele ano, mas a escola fez um desfile inesquecível para muitos e
conquistou a quinta posição no Carnaval daquele ano.

Vai-Vai 2009
Foto: Sebastião Moreira/Efe
O Vai-Vai foi de corpo, alma e
mente pura para o carnaval de 2009 em busca do bicampeonato. A escola levou
para o Anhembi o enredo “Mente sã e corpo são”, assinado pelo carnavalesco Chico
Spinoza, que contava a história da saúde mundial, mas que também criticava a
falta de saúde no nosso país: “Acorda, meu Brasil, a coisa por aqui já vai pra
lá de mal…” como dizia o samba daquele ano. Samba que causou um verdadeiro
sacode no Anhembi, de ponta a ponta, com o auxílio da pegada forte da
bateria do Bixiga e do seu time de canto liderado por Carlos Junior. A comunidade
não ficou atrás e deu o seu show característico, foi um banho de harmonia do
Vai-Vai, como já é costumeiro.

O desfile chamou muita atenção pelo enredo
crítico e pela mensagem forte, muito bem apresentada na avenida. Chico
Spinoza esteve muito inspirado na parte plástica também, dando um toque
especial ao desfile da escola. O título quase veio na última nota, mas a escola
acabou ficando com o segundo lugar. A Mocidade Alegre foi a campeã dando aquele
show particular que ela sabe fazer como ninguém. Antes mesmo do desfile, Spinoza
já tinha dito que havia vencido o carnaval só de ter conseguido levar o enredo
para a comunidade e passado várias informações sobre saúde. E o fato de ter
feito isso com louvor no desfile também, apesar de não ter vencido, tornam esse
desfile inesquecível na história do Carnaval de São Paulo. 

Acadêmicos do Tucuruvi 2013
Foto: Flávio Moraes/G1
Desde a chegada de Wagner
Santos para a função de carnavalesco, o Acadêmicos do Tucuruvi vinha numa
evolução gradativa em busca do sonho de ser campeão. Em 2013, a azul e branca
encantou o Anhembi com seu belíssimo desfile sobre Mazarropi. O enredo que falava
do eterno caipira era muito delicado na abordagem e deixou o público boquiaberto pela sensibilidade. Com lindas alegorias e fantasias, a escola da Zona Norte
emocionava quem assistia. Além do bom enredo e do ótimo conjunto visual, o
samba conduzido pela primeira – e única vez na escola – por Igor Sorriso era
brilhante. Com versos doces e divertidos, a obra ainda fazia referência a Dona
Edna, esposa do presidente da escola, que faleceu na preparação do Carnaval
daquele ano. Era de arrepiar! A Mocidade Alegre, com todos os seus méritos e
sua competência habitual nos quesitos, venceu o campeonato de maneira justa,
mas a lembrança eterna do Carnaval 2013 é do Zaca! A escola encontrou o seu
final feliz.

Mocidade Alegre
2015
Foto: Caio Kenji/G1
Tricampeã entre 2012 e 2014, a
Mocidade Alegre entra em 2015 diferente do que estava acostumada. Com muita
expectativa e o sonho do inédito tetra, a Morada apostou em Marília Pêra para
seu enredo, sendo uma aposta certeira. Com muita beleza, os carnavalescos Sidnei
França e Márcio Gonçalves apresentaram um dos mais brilhantes trabalhos
plásticos que o Anhembi já viu. O enredo foi brilhantemente contado não apenas
na plástica, mas também no ótimo samba da escola que foi defendido com a
competência habitual pelo intérprete Igor Sorriso e por toda comunidade do
bairro do Limão. O tetra escapou nos detalhes e a escola terminou em segundo, o
que reafirma o mérito da grande campeã Vai-Vai que levou uma belíssima
homenagem a Elis Regina para o sambódromo naquele ano, emocionando, inclusive,
Marília Pêra. Por tudo isso, temos que aplaudir essa mulher guerreira que fez a
Mocidade ser Marília Pêra.

https://www.youtube.com/watch?v=DiRljDoAox8

Dragões da Real
2017

Foto: Alan Morici/G1
A Dragões da Real é a escola mais jovem do Grupo Especial. Fundada em 2000 e integrante da elite desde 2012, a Tricolor só evolui desde então e sonha com o inédito título que bateu na trave em 2017. Com um enredo sobre a música “Asa Branca” de Luís Gonzaga, a escola da Vila Anastácio fez um verdadeiro espetáculo no Anhembi. A história proposta pela escola era bem elaborada e foi muito bem retratada pelos belos carros e fantasias que faziam parte do conjunto plástico da escola. Ademais, o samba da escola, defendido por Renê Sobral e seu carro de som, era lindíssimo e encantava o público que cantava junto dos componentes ao som da cadenciada bateria Ritmo que Incendeia, que deu um show na apresentação da escola. O resultado da apuração apontou um empate entre Tatuapé e Dragões, onde a primeira se sagrou campeã no quesito desempate samba-enredo. Por ter feito uma apresentação irretocável, os méritos da inédita campeã são enormes e merecem ser exaltados, mas o empate na pontuação mostra que a Dragões fez uma apresentação fantástica. 
Além das apresentações citadas
que marcaram a história do Anhembi, também temos as duas
“quase-campeãs” na era do sambódromo. Em 2002, a X-9 Paulistana,
falando sobre o papel, fez uma apresentação irretocável e conseguiu a pontuação
máxima do júri. Só que a escola da Parada Inglesa estourou o tempo e perdeu 6
pontos, terminando, apenas, em 9º lugar na classificação final. Sem o estouro, a
X-9 seria a campeã dividindo o título com os Gaviões da Fiel com 200 pontos. Em
2013, algo parecido aconteceu com o Águia de Ouro. A escola da Pompeia, que
levou João Nogueira para a pista. fez uma incrível apresentação e conseguiu uma
pontuação perto da perfeição para o júri (269,8 de 270 possíveis), mas o
estouro de 1 minuto e a punição em 1,1 fizeram a escola da Zona Oeste terminar
em terceiro lugar atrás da campeã Mocidade Alegre por dois décimos. Sem o
estouro, o Águia teria vencido o Carnaval com nove décimos de vantagem para a
segunda colocada.

Falar de outros desfiles que marcaram um Carnaval mesmo sem vencer só mostra e exalta o equilibro do Carnaval de São Paulo e não desmerece aquele desfile que venceu aquela disputa, mas sim reafirma a força e competência da apresentação do desfile campeão daquele ano. A coluna de hoje termina aqui, mas fique de olho no site para conhecer ainda mais do Carnaval do Anhembi nas próximas semanas!

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