Figura onipresente no cenário artístico do Rio, Satã imortalizou-se como figura indispensável na construção identitária da cidade e, por conseguinte, dos desfiles das escolas de samba. Foi no carnaval que ele vestiu a fantasia inspirado no filme Madame Satã que o rebatizaria para sempre. Por isso, teve representação garantida em diversos apresentações que abordam desde a cidade do Rio de Janeiro até causas que evocam sua importantíssima representatividade no movimento LGBTQIA+. Em 1990, foi enredo da Lins Imperial e, em 2002, inspirou o filme de Karim Aïnouz, protagonizado por Lázaro Ramos.
com apenas 24 anos que Fernando Pinto deixou o Recife para vir ao Rio
de Janeiro tentar seguir carreira no teatro. Em meio à efervescência
cultural carioca dos anos 70, viveu o auge do desbunde e da
marginalidade daquela época como poucos. Quando se apaixonou pela folia,
ofereceu-se para ser carnavalesco do Império Serrano e na escola de
Madureira fez sucesso com enredos ligados à cultura de massa. Livre no
amor e subversivo, participou do grupo andrógino Dzi Croquetes, um
marco revolucionário pela diversidade diante da ditadura.
Foi diretor,
cenógrafo, coreógrafo, roteirista e figurinista das libertárias As
Frenéticas. E nos anos 80, criou seus desfiles mais emblemáticos na
Mocidade Independente de Padre Miguel, consolidando-se como um dos
maiores artistas do carnaval, com enredos delirantes e que bebiam
referências do movimento tropicalista.
Politicamente ativa, é um importante nome do Partido Comunista do Brasil, eleita por três vezes deputada estadual de São Paulo com mais de 60 mil votos. Em suas carreiras pública e artística, é voz forte na luta pela diversidade racial e sexual e contra a desigualdade social. No carnaval, ainda foi importante comentarista dos desfiles cariocas e paulistas em várias ocasiões. No samba-enredo campeão da Mangueira de 2019, foi homenageada nos versos “dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões”.
Como muitas trans da época, Eloina fez carreira na Europa e voltava ao Rio para desfilar. Foi inspirada na noite estrangeira que, na década de 80, criou o lendário Show dos Leopardos, recheado de strip-tease masculino. Contra as expectativas caretas da época, o show tinha apenas duas sessões programadas, mas ficou mais de 10 anos em cartaz, atraindo as mais diferentes personalidades brasileiras e internacionais, tornando-se um marco da liberdade artística e afetiva.
Cunha é referência absoluta quando se pensa em carnaval. Sua forma
alegre e divertida de comentar os desfiles das escolas de samba na TV
Globo conquistou o grande público nacional, de Norte a Sul do país.
Antes disso, o menino nascido em Belém rompia com os rótulos da
heteronormatividade desde a infância, enquanto crescia fascinado pelas
cores da folia na televisão. Contra a sua família, pegou um “Ita no
norte” rumo ao Rio de Janeiro e desembarcou no centro da cidade, com
pouco dinheiro no bolso para tentar a vida.
Em 1994, foi convidado pela
família Abraão David para assinar o desfile da Beija-Flor, por onde
ficou por 4 anos. Depois, passou por diversas escolas e deixou sua marca
com enredos de forte cunho cultural e criativas narrativas. Dentre suas
variadas facetas, também está a do intelectual e acadêmico. Milton é
mestre e doutor em Letras pela UFRJ e pós-doutor em História da Arte
pela Escola de Belas Artes da mesma instituição.
em berço de samba, Mart’nália é percussionista de mão cheia,
compositora e cantora com swing único. Do seu nome nome artístico,
junção de Martinho + Anália, nome de seus pais, reconhecemos a genuína
sonoridade que sempre a caracterizou como artista.
Filha de um dos
orixás da MPB, Martinho da Vila, foi com ele que começou a frequentar o
terreiro do povo de Noel, local em que aprenderia a tocar quase todos os
instrumentos de ritmo. Sendo integrante ativa da ala de compositores da
Vila Isabel, já venceu disputas e é figurinha carimbada dos desfiles da
azul e branco do boêmio bairro carioca.
da Gomeia foi atuante pai de santo, disseminador da cultura e dos ritos
do Candomblé entre o cotidiano e as artes do Brasil. Nascido em
Inhambupe, na Bahia, João se mudou para Salvador antes de consolidar seu
terreiro em Duque de Caxias. A liderança gay ficou conhecida por
atender famosos e personalidades políticas e também por ter uma forte
veia artística e performática, trazendo todo o glamour e brilho para as
suas roupas de santo.
Folião entusiasta, confeccionava suas próprias
fantasias e impactava os bailes mais famosos do Rio de Janeiro ao se
vestir de Vedete e Faraó. Ele foi o grande homenageado da vice-campeã do
carnaval de 2020, a Acadêmicos do Grande Rio. A escola exaltou sua
figura em diversas facetas para entoar um grito de respeito à
diversidade e às variadas formas de demonstração da fé.
No carnaval, desfilou em inúmeras escolas do Rio e de São Paulo, além de ter sido rainha de bateria da Unidos de Lucas em 2003. Em 1990, na Beija-Flor, marcou época desfilando pelado em “Todo mundo nasceu nu”, de Joãosinho Trinta. O ícone também já deu nome a um prêmio aos melhores do carnaval entregue pela Acadêmicos do Cubango.
Todo dia é dia de se orgulhar de ser quem é! De repensar, de agir!