#PonteAérea: estrelas do carnaval de São Paulo no carnaval do Rio de Janeiro.

Por Alisson Valério

Não é de hoje que vemos grandes estrelas do Carnaval de São Paulo ganhando espaço na folia carioca, mas o impacto nunca foi tão grande como no momento. Vamos mostrar um pouco mais de algumas dessas grandes estrelas do Anhembi para os fãs do Carnaval do Rio de Janeiro que irão, a partir de agora, começar a acompanhar de perto esses talentosos artistas.
Vem com a gente que tem muita coisa legal sobre a história dessas estrelas do nosso Carnaval.

Grazzi Brasil

Grazzi fará parte do time de canto do Paraíso do Tuiuti em 2018. Foto: Pcsouza/Divulgação
Grazzi Brasil é a maior revelação do carnaval paulistano na década, principalmente no quesito canto. Uma ascensão meteórica que foi iniciada no ano passado. Apesar de ter feito carreira como apoio em muitos sambas concorrentes, Grazzi se tornou referência na função de intérprete em 2016. na disputa de samba-enredo do Vai-Vai para o último carnaval. Dona de uma voz potente e melodiosa, a cantora se destacou bastante durante a disputa, sendo convidada pelo presidente da escola do povo, Neguitão, para integrar o carro de som da escola no Anhembi. Além disso, Grazzi dividiu a faixa oficial do CD do Grupo Especial com Wander Pires, à época intérprete oficial da agremiação. Após o desfile, a cantora passou a ser cobiçada para defender sambas concorrentes de diferentes parcerias, inclusive no Rio de Janeiro. Em uma dessas apresentações, Grazzi chamou tanta atenção que foi convidada pelo presidente da São Clemente a estar no carro de som da escola da Zona Sul. Mas já era tarde: a cantora já estava apalavrada com a diretoria do Paraíso do Tuiuti. Depois de tanto sucesso, Grazzi estreará na Marquês de Sapucaí, compondo um trio com Nino do Milênio e Celsinho Mody. No CD dos sambas-enredo da elite carioca, ela gravou a introdução e fez algumas participações ao longo da faixa. A cantora terá jornada dupla, pois será a condutora do carro de som do Vai-Vai, fazendo dupla com o pagodeiro Belo.

Celsinho Mody

Celsinho estreará na Sapucaí em 2018. Foto: Carnavalesco/Reprodução
Celson Mody, o Celsinho, foi revelado pela Unidos do Peruche no início dos anos 2000. Ainda jovem, no desfile de 2003, o cantor fez parte do time de canto de Eliana de Lima no Peruche. De ascensão meteórica, Celsinho ganhou notoriedade quando se transferiu para o Camisa Verde e Branco. Com 16 anos, em 2004, ele já fazia parte do carro de som da escola. Um ano depois, o jovem foi alçado ao posto de intérprete oficial da escola, fazendo dupla com Juscelino. Em 2006 e 2007 defendeu, respectivamente, os microfones de Tatuapé e Mancha Verde. Para 2008, Celsinho foi recontratado pelo Camisa e, embora não tenha conseguido manter o Trevo da Barra Funda no Grupo Especial, recebeu o Prêmio SASP de melhor intérprete daquela edição dos desfiles. Após permanecer na escola em 2009, ele começou uma peregrinação por diversos pavilhões. Voltou à Mancha, retornou pela segunda vez ao Camisa e ficou por duas temporadas na Nenê de Vila Matilde. Em 2014, ao lado do falecido Mydras, puxou a Pérola Negra. Após ficar fora do carnaval em 2015, Celsinho estreou no Tatuapé em 2016. Na “Tatu”, o intérprete ajudou a escola a conquistar o vice-campeonato no ano de
2016 e o título inédito em 2017. Além dos feitos coletivos, Celsinho foi mais uma vez considerado
 o melhor intérprete do Carnaval Paulistano pela SASP. Para 2018, além de seguir firme no Tatuapé, a “pegada de africano” de Celsinho se fará presente no Paraíso do Tuiuti.

Jorge Silveira

Enredo sobre a Escola de Belas Artes será executado por Jorge na São Clemente. Foto: Rafael Arantes
Jorge Silveira vive em barracão de escola de samba desde muito cedo em função do pai que foi carnavalesco nos anos 80, como ele mesmo diz cresceu no meio de fibra, ferro, isopor e madeira. Dizem que o talento as vezes vem de berço e Jorge sempre teve a certeza que o caminho não poderia ser outro. Formado em Educação Artística na Escola de Belas Artes da UFRJ ele começou a sua vida no Carnaval desenhando para várias agremiações. A primeira oportunidade foi dada por Jaime Cezário quando trabalhava na Cubango. Ali se iniciava a história de sucesso de Jorge Silveira no Carnaval. Ele desenhou carnavais de grandes escolas tanto no Rio como em São Paulo, escolas como: Gaviões da Fiel, X-9 Paulistana, Dragões da Real, Colorado do Brás, Porto da Pedra, Cubango, Vila Isabel, Unidos da Tijuca, Mangueira e Imperatriz. O seu primeiro carnaval assinado como carnavalesco foi em 2015 na Dragões da Real, escola onde ele ficou até o ano de 2017. No ano de 2017 ele assumiu um desafio de além de assinar um Carnaval na Dragões da Real, assinar outro Carnaval no Rio de Janeiro na Viradouro. O convite surgiu após ele projetar e trabalhar na execução do Carnaval de 2016 da escola e ele prontamente assumiu a missão dupla. Os dois trabalhos renderam dois vice-campeonatos e chamaram a atenção do mundo do Carnaval. Em 2017 veio o maior desafio: assinar um carnaval sozinho no Grupo Especial do Rio de Janeiro. Mas quem conhece o Jorge sabe da qualidade do seu trabalho e o quanto isso é fruto do seu incontestável talento. Ele levará um enredo Academicamente Popular para a Sapucaí em 2018 em busca de levar a São Clemente rumo a voos mais altos. Afinal, a mais bela arte o samba lhe deu e ele fez da São Clemente o retrato fiel.

Camila Silva

Carismática e atenciosa, Camila é muito querida pela comunidade de Padre Miguel. Foto: Marcos Serra Lima/EGO
Camila Silva iniciou a sua trajetória no carnaval aos 7 anos de idade e teve passagens pela Combinados de Sapopemba, Flor de Vila Dalila, Leandro de Itaquera, Camisa Verde e Branco e Nenê de Vila Matilde. Desde 2009, Camila é a dona do posto de Rainha de Bateria do Vai-Vai. A morena é conhecida pelo seu poderoso samba no pé, pela sua simpatia e também pela sua assiduidade nos ensaios, coisa que ela faz questão de frisar ser importantíssimo no posto de rainha de bateria. Tem que ser presente e ela é mesmo, não só vai sempre como também dá o seu show particular. Camila é unanimidade no Vai-Vai e foi isso que a levou ao carnaval do Rio em 2013, como rainha  da Mocidade Independente de Padre Miguel, a convite do carnavalesco Alexandre Louzada, que se encantou por ela ao longo de sua passagem pela Saracura, A escolha dividiu opiniões, mas não foi a única passagem da rainha pela Mocidade Camila voltou a escola em 2016 como musa e neste ano reassumiu o posto de rainha de bateria, função que também exercerá no próximo desfile da Estrela-Guia. Camila conquistou o seu lugar na Sapucaí por todas as qualidades que a levaram a ser uma unanimidade na Terra da Garoa.

Marlon Lamar

Marlon Lamar terá a responsabilidade de ostentar o pavilhão portelense em 2018. Foto: Leo Cordeiro
Após estrear como principal mestre-sala do Império de Casa Verde em 2014, Marlon Lamar teve uma ascensão meteórica. Logo em seu primeiro ano, ele atingiu a nota máxima, feito cada vez mais raro. Marlon permaneceu na escola até 2016, levantando um título do Grupo Especial e sendo aclamado pela crítica. Lucinha Nobre, histórica porta-bandeira da folia carioca, conheceu Marlon enquanto dava aulas ao primeiro casal da X-9 Paulistana. Quando resolveu voltar a dançar, Lucinha convidou o rapaz para ser seu par. Marlon, que sempre teve o sonho de desfilar na Marquês de Sapucaí, dançou ao lado de Lucinha no desfile deste ano da Porto da Pedra. Apesar de não ter recebido nota máxima, o casal foi agraciado com premiações diversas. O bom desempenho da dupla rendeu um chamado da Portela, que precisava de novos integrantes após as saídas de Alex Marcelino e Danielle Nascimento. Em 2018, na maior campeã da história do samba carioca, Marlon estreará no Grupo Especial tendo como companheira a sua fiel amiga Lucinha.

Alemão do Cavaco

O cavaquinista é um dos maiores nomes da história dos Gaviões da Fiel. Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Alemão do Cavaco é um compositor e músico consagrado no meio do carnaval. Isso se deve aos muitos feitos realizados em sua carreira. Apaixonado pelo Corinthians e pelo samba, Alemão entrou para carnaval e, consequentemente, para os Gaviões da Fiel, no começo da década de 90. Em 1993, graças ao talento no instrumento que virou parte de seu nome, fez parte do carro de som da escola alvinegra pela primeira vez, ocupando o posto de segundo cavaquinista. Em 94, graças ao sucesso na função, já era o primeiro cavaco da escola e assim foi até 2007. Além do destaque no carro de som, o músico se tornou um compositor de muito sucesso. Ao lado de seus parceiros, venceu a disputa na alvinegra em oito oportunidades (1996, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2005 e 2006). Além disso, duas obras suas foram as trilhas sonoras de desfiles campeões na Torcida que Samba. Apesar disso, Alemão – seja como cavaquinista ou como compositor  – esteve presente em todos os quatro campeonatos da Fiel. Em 2007, após 14 anos fazendo parte do time musical da escola do Bom Retiro, Alemão assumiu a direção musical da Caprichosos de Pilares, abrindo sua trajetória no carnaval carioca. Em 2011, venceu a disputa de samba-enredo na X9 Paulistana e foi convidado para se tornar o diretor musical da escola. No mesmo ano, realizou um sonho: cencer a disputa de samba-enredo de sua escola do coração, a Mangueira. Após uma disputa recheada de polêmica, Alemão e seus parceiros venceram a concorrência e conseguiram o sucesso com o samba sobre Nelson Cavaquinho. A obra acabou sendo aclamada por público e crítica. Em 2013, foi convidado pelo então presidente Ivo Meireles para ser o diretor musical da verde e rosa, ficando até 2016. Ao mesmo tempo, continuava compondo para a escola e venceu as disputas de 2015 e 2016. No ano de 2016, no enredo em homenagem a Maria Bethânia, Alemão viu sua obra ser trilha sonora do desfile campeão do Grupo Especial. Para 2018, o compositor, mais uma vez, disputou e venceu o concurso da Estação Primeira. Ao lado de seu antigo rival nas disputas e companheiro no carro de som, Lequinho, Alemão compôs uma obra que é considerada um sucesso mesmo antes do desfile pelo belíssimo conjunto de letra e melodia. Por tudo isso e pela carreira consagrada, é impossível não citar Alemão do Cavaco como um sucesso na ponte-aérea carnavalesca.

Bom, não dá para falar apenas de um lado da ponta área, não é mesmo? Vamos dar uma passada rápida em São Paulo e falar um pouco sobre os cariocas na folia paulistana.
Além da ponte aérea de São Paulo para o Rio de Janeiro, existe também a do Rio de Janeiro para São Paulo. Essa porta foi aberta de vez após o desfile da Nenê de Vila Matilde na Marquês de Sapucaí, em 1985, onde começamos a ver o intercâmbio entre os estados. Muitos nomes cariocas estiveram em Sampa: Laíla, Joãozinho 30, Alexandre Louzada, Jamelão, Quinho, Mestre Jorjão, Jorge Silveira, Cebola, Flávio Campello e muitos outros. Mas nenhum deles tem o sucesso e a importância para o carnaval do Anhembi que possui Jorge Freitas.

Jorge Freitas

Jorge Freitas: uma vida dedicada à arte carnavalesca. Foto: SRZD – Claudio L. Costa
Jorge Freitas era um carnavalesco pouco conhecido no Rio de Janeiro na década de 90. Apesar de assinar três Carnavais no Grupo Especial pela Unidos de Vila Isabel, foi em São Paulo que ele viu a sua vida mudar. Convencido a rumar para a capital paulistana pelo intérprete Ernesto Teixeira, Jorge estreou nos Gaviões da Fiel em 2000. Na alvinegra mostrou seus diferenciais: o acabamento perfeito e o gigantismo. Os títulos vieram em 2002 e 2003 e criaram uma marca: Jorge Freitas é garantia de alto nível. Em 2004, Jorge teve uma breve ausência da folia paulistana para ser carnavalesco da Portela. Em 2005, já de volta aos Gaviões, ajudou a escola a retornar ao Grupo Especial após os incidentes ocorridos no ano anterior. Em 2006, num desfile cheio de polêmicas, o artista novamente foi o destaque positivo, apesar do rebaixamento da Torcida que Samba. Em 2007, a convite da Liga/SP se dividiu entre Pérola Negra no Especial e Gaviões no Acesso, ajudando as escolas a cumprirem seus objetivos de estarem no Grupo Especial de 2008, quando Jorge iniciou uma trajetória marcante no Rosas de Ouro. Na escola da freguesia do Ó conquistou um título, três vices e vários desfiles inesquecíveis. Após oito Carnavais, o carnavalesco se mudou para a Império de Casa Verde. Na Caçula do Samba, conquistou o campeonato de 2016 com um enredo sobre os mistérios. Em 2017, num enredo sobre a paz, a azul e branca terminou em quarto lugar, mas com um desfile bastante elogiado. A carreira de Jorge Freitas é recheada de prêmios e títulos, mas seu maior feito vai além das conquistas. Com um estilo único de comandar um desfile de escola de samba, o Carioca mudou a cara do carnaval paulistano e elevou o patamar da folia do Anhembi em geral. Por tudo isso, é um grande exemplo positivo de como o intercâmbio entre as cidades faz bem para a maior festa popular do mundo.

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