Processos da criação: Jack Vasconcelos – Do traço à mensagem, um carnaval com conceito

Por Redação Carnavalize

A contagem regressiva para a folia vai nos deixando mais ansiosos e, então, é tempo de desvendar barracões, descobrir os segredos e saber um pouco do que as escolas preparam. Por isso, mas também por pura curiosidade nossa (confessamos), preparamos uma série de entrevistas com carnavalescos focada em seus processos de criação. Queremos saber de tudo, desde os primeiros riscos até a materialização do projeto. 
Após passarmos pelo barracão da São Clemente para conversar com Jorge Silveira e na Acadêmicos da Rocinha, sob a companhia de Marcus Ferreira, chegamos a mais um galpão, o da Paraíso do Tuiuti. Jack Vasconcelos é o nosso alvo de hoje, venha conferir um pouco mais da trajetória do carnavalesco, que tem passagens por União da Ilha, Império Serrano e Estácio de Sá. Vem com a gente!
CARNAVALIZE: Você é formado pela EBA, teve um início trabalhando com outros carnavalescos como Chico Spinoza e Cahê Rodrigues, e a Escola de Belas Artes tem uma atuação muito forte no carnaval. Como você enxerga a formação da Escola com a festa e o seu trabalho dentro desse trânsito?
JACK: “Eu me interessei em estudar na EBA justamente por conta de profissionais que vieram dela e foram fazer carnaval…”

CARNAVALIZE: Então já era um desejo seu fazer carnaval, né?
JACK: “Era. Eu queria muito fazer e a primeira que me chamou a atenção quando eu decidi estudar pra isso, na época, foi a Rosa e ela era a professora das Belas Artes. Então pensei: ‘nossa! Belas Artes… preciso saber como é, onde fica, o que comem…’ (risos). Fiz Artes Cênicas, que inclui Cenografia e Indumentária, e aí a partir da figura da Rosa, na verdade, é que eu fui perceber outros profissionais. Eu conheci o Fernando Pinto, que é a primeira referência que eu tenho de carnavalesco porque o primeiro carnaval que me chamou atenção foi o do Fernando mas eu não sabia que era o Fernando porque eu era pequeno. E aí veio o João, que tinha aquela máquina de mídia em cima dele, então era natural que eu soubesse quem era Joãosinho Trinta e o quê ele fazia, e fui ver o que era essa EBA. Veio a figura do Pamplona e da Maria Augusta, a Lícia, e veio a confirmação de que era pra lá mesmo que eu tinha que ir. Antes de prestar vestibular, depois de um papo que eu tive com o Joãosinho Trinta, na Viradouro, eu me matriculei no curso de Desenho Artístico, no Liceu de Artes e Ofícios, e fiquei lá por aproximadamente três anos; só saí do Liceu pra Belas Artes.
Só de eu comentar como os profissionais da EBA me influenciaram a dar esse passo, olha como isso é significativo pra instituição. O pessoal fala muito da contribuição lá na década de 60 e 70, mas ela continua. Existe muita gente que quer trazer o acadêmico pra cá. O diamante nasce e a gente quer uma lapidação feita da forma correta; é o que diferencia o desenho da criança pro desenho do Miró. Uma coisa é você desconstruir sabendo o que você tá fazendo, você precisa construir para desconstruir. Se você já fizer desconstruído, então é porque você não sabe edificar. Olha como ela influencia no geral, sabe? E eu percebo isso ainda hoje, isso é atuante, as pessoas ainda vão atrás disso e procuram a EBA e ela continua amamentando a gente, porque a gente se forma mas os laços continuam lá.”
CARNAVALIZE: Você é um carnavalesco muito preocupado com o conceito e isso envolve um longo e cuidadoso processo de pesquisa. Como você monta este panorama de referências e ajusta o molde do seu desfile?

JACK: “É interessante como as pessoas veem a gente de fora, né?! Como eu venho de uma formação acadêmica é natural que eu tenha um conceito pra arrumar o meu processo criativo, então estou acostumado, não consigo mais desvincular uma coisa da outra. Tenho uma história pra contar e eu preciso escolher um caminho para aquela história…”
CARNAVALIZE: Mas você vai pela Literatura primeiro, opta pelo visual ou é algo muito híbrido?

JACK: “Depende muito, tem coisas coisas que começam de um jeito, tem coisas que começam de outro. Eu sempre monto uma trilha sonora (esse ano não montei) pra cada enredo e eu vou ouvindo aquela trilha e vou desenhando, vou lendo e aquilo vai nascendo com aquela música. Eu tenho playlist pra todos os meus enredos. Tinha um exercício que eu adorava fazer no Liceu, que era pra soltar a mão, e aí era um cavalete e pegávamos um carvão, nos vendávamos e colocavam uma música. E aí, a gente deixa a mão fazer o movimento do que a gente tá sentindo; você não sabe o que vai sair daquilo e você não pode tirar a mão do papel. A vibração do traço acompanha a vibração que chega pelo ouvido e o ritmo da música vai influenciando o teu punho. É muito legal! Eu adorava aquele exercício! Pensar com harmonia, pensar musicalmente — e eu sou um cara que sou muito influenciado por música — é natural ser uma influência no meu trabalho de carnaval. Então, trouxe isso pros meus desenhos, pras minhas criações. Eu consigo visualizar meus enredos como um filme, como uma história que tem início, tem o meio dramático com conflito e tem o fim.”
CARNAVALIZE: Já falando sobre suas referências, parece que a cor é, depois da música que você revelou agora, tão importante quanto. Já ouvimos algumas vezes você teve dificuldade, no início, de materializar todo esse trabalho de cores, que não tinha material suficiente. Como você olha pra esse tapete cromático da escola?
JACK: “Teve uma palestra que assisti na EBA, num evento anual em que os alunos produzem, e levaram o Roberto Szaniecki. Ele estava com o enredo dos sete pecados capitais e tinha levado os desenhos. Alguém perguntou sobre cor, e lá na EBA a gente tem uma liberdade enorme, produz cores inimagináveis… só que pro carnaval a gente precisa pensar nisso pra uma produção em larga escala porque eu não compro um metro de tecido, eu compro mil metros. Então, eu preciso produzir essa cor, dentro de fornecedores que por vezes têm opções limitadas, e no papel é maravilhoso; ele aceita tudo, vai qualquer coisa. A realidade é um pouco diferente.
O carnavalesco Roberto Szaniecki conhecido por sua passagem pela Grande Rio.
Mas fato é que perguntaram sobre cores e ele pegou uma maletinha e abriu. Quando ele abriu, era cheia de hidrocor que de um lado é um pincel e do outro a ponta é seca; ele também é aquarelável. E aí ele explicou pra gente: todas as cores que encontramos em hidrocor dá pra achar em qualquer fábrica, porque são cores industriais, o que é mais fácil do que bolar uma cor ou um degradê em determinado tecido. E aquilo resolveu os meus problemas (risos), era incrível.
CARNAVALIZE: Ainda sobre esse assunto, você acabou de comentar que viu os desenhos do Szaniecki numa época em que nada era digitalizado. Como é sua relação com o papel? Você faz tudo do seu processo de fantasias e alegorias nele ou se vale do artifício da tecnologia pra te auxiliar?
JACK: “No processo das fantasias eu uso só o papel, meus livros, algo que eu tenha visto na internet. Já as alegorias, como fazem parte de um processo mais elaborado, eu conto com a ajuda do computador por ser algo mais técnico, cálculos mais exatos… mas o projeto, a ideia, o esboço da alegoria nasce também no papel.”
CARNAVALIZE: Falando sobre sua trajetória, você construiu uma carreira longa e bem reconhecida no Acesso. Como foi ter que moldar seu processo de criação aos improvisos dentro das limitações orçamentárias do grupo e como isso foi, de certa forma, uma escola que te alavancou para ser mais “consciente” no trabalho no Grupo Especial?
JACK: “Olha, isso é uma realidade que acompanha a arte, quem faz teatro, quem faz cinema, quem faz TV, quem faz Grupo Especial… todo mundo passa pelo mesmo problema. A diferença está nos números, é a quantidade de coisas que você tem que resolver porque o projeto é maior, mas a demanda de problemas é quase equiparada. Uma festa se vende pela dificuldade e a outra pelo glamour, então as pessoas não diferenciam muito isso. Não estou desmerecendo o que eles passam lá, mas o que estou querendo dizer é que os problemas existem e são quase os mesmos praticamente, que é o fornecedor que não tem o material pra você, o orçamento que não chega ao que você precisa pra colocar o carnaval na rua e você tem que repensar o efeito…”
CARNAVALIZE: Muitas vezes, as pessoas entendem que a criação e a gerência de barracão são processos separados. Como isso funciona pra você, se são os mesmos processos?
JACK: “Isso depende do método de atuação de cada carnavalesco. Tem uma galera vindo de uma produção televisiva, ou de algo que tenha outro processo. Talvez o comportamento em relação ao projeto seja outro. E também tem a galera que vem do processo manual. O cara que é artista plástico, que tem mais a alma de barracão, tem o prazer de estar com o ferreiro, o carpinteiro… Essa proximidade depende de como cada um vai administrar isso. Eu gosto disso aqui, sei da minha responsabilidade em relação ao visual da escola e prezo muito por isso, não sou um carnavalesco de quadra. Aqui, por exemplo, só fui para lançar a sinopse esse ano. Os holofotes eu deixo pros outros.”
CARNAVALIZE: Ainda tratando sobre sua trajetória, você tem uma passagem muito marcante pela União da Ilha no Grupo de Acesso. Foi um ponto marcante da sua carreira, onde você começou a ganhar destaque. O que você comentaria sobre essa passagem?
JACK: “A Ilha foi primordial para a formação do Jack como carnavalesco. Eu era um carnavalesco a caminho antes da minha passagem, numa transição. Não que a gente ‘se forme’ e acabe, a gente tá sempre se transformando. Mas assim, em termos de estilo, de maturidade e segurança, compreensão do mercado… Eu não tinha esse preparo, era assistente. Nesses anos de Ilha, tive uma parceria muito grande com o diretor de carnaval, na época, Márcio André, ele me mostrou as coisas. Não fui jogado num ninho de cobras e ‘se vira’, isso até me prejudicou no futuro, em passagens por outras escolas, por achar que sempre seria assim. Era uma escola em que todo mundo se abraçava, e eu fui abraçado pela Ilha. Eu tinha mais frequência na quadra, porque tinha um ateliê funcionando lá. Fazíamos os protótipos lá, as costureiras e aderecistas eram todos da comunidade, baianas ou velha guarda. Chegava de noite, o pessoal responsável pelas alas da comunidade ia do trabalho para a quadra ajudar na reprodução das fantasias. Era um esquema muito familiar, sabe?! E eu achava que toda escola de samba era assim… eles brigavam para fazer o melhor pra escola. Era uma concorrência saudável.
Em 2008, Jack assinou a reedição do clássico “É hoje!”
Depois que eu saí da Ilha, caí numa realidade muito diferente: gente querendo tirar as coisas, e não colocar, isso foi um choque. O lado bom foi que a Ilha me mostrou uma consciência de comunidade, de um projeto amplo. Que não é só minha fantasia ou minha alegoria, eu era muito focado nisso, como tive contato com todos os segmentos, conhecia todos os passistas, toda a velha guarda… Isso ampliou minha consciência do meu papel dentro de uma escola de samba. A Ilha foi fundamental pra mim!”
CARNAVALIZE: Em 2007, você chega ao Império Serrano para assinar “Ser diferente é normal – O Império Serrano faz a diferença no carnaval”. De que maneira aquele carnaval é traumático pra você? Quais dificuldades você enfrentou no processo de condução e criação daquele projeto?
JACK: “Não sei dizer o que fez e o que faz uma escola cair. As escolas trabalham pra fazer o melhor possível, não é só uma questão visual, é como um todo. Eu sou muito satisfeito com a parte visual, pois a perspectiva era tenebrosa. O enredo não era meu, mas a escola não me obrigou a seguir determinado desenvolvimento. Eu já cheguei sabendo que iria falar sobre aquele assunto. Havia uma promessa de patrocínio que não veio. Pegamos um barracão onde diziam que podíamos zerar os chassis das alegorias. Recém-chegado da União Ilha, eu achava que todo mundo dizia a verdade: zerei os carros. Hoje, o Jack mais experiente não faria isso em escola nenhuma até saber como se encontra o terreno.
Abre-alas do Império Serrano em 2007.
Nisso, as coisas começaram a se atropelar. O dinheiro prometido não veio e a escola sofreu muito, como um todo. Uma coisa é projetar um desfile lindo, o projeto era muito bacana, a escola gostava muito, estava contente em fazer, e de repente não ter nada. Minha sorte foi ter sobras de materiais de outros carnavais para conseguir concluir o projeto. Ali foi um grande choque, o primeiro choque de realidade. Tentamos fazer outra coisa, muita gente enxerga o Império como uma escola antiga, envelhecida… O Império é uma escola de vanguarda, enquanto muitas pessoas colocam a escola como se cheirasse a naftalina.”
CARNAVALIZE: Depois de 2017, como você vê o esgotamento do modelo atual dos desfiles, no sentido do fazer e pensar carnaval? Quais as soluções você vê?
JACK: “Eu acho que esteticamente a gente fica um pouco amarrado por conta do regulamento, eu sinto necessidade de quebrar esse bloco de cinco carros e cinco, seis alas entre eles. Gostaria que tivesse um outro tipo de conta nesse sentido, porque as vezes um carro grande não me ajuda muito. Ás vezes pra eu passar melhor uma mensagem, um carro menor ou uma composição de alguns mobiles, algumas coisas fazendo uma paisagem, pra mim já seria o suficiente e ficaria mais harmônico com as alas no entorno. Eu sinto falta de poder mexer nessa paisagem do desfile, sinto essa necessidade.”
CARNAVALIZE: Alguns enxergam que as questões da interação e do envolvimento do público são muito importantes. Como você avalia isso? Como é, pra você, o uso de carros coreografados?
JACK: “A interação do público é algo muito discutível, porque você colocar como depois da era do Paulo Barros que as coreografias se convencionaram, de ter algum carro coreografado pra chamar o público, isso às vezes funciona, às vezes não. Às vezes o público só olha e ‘ah, passou, ótimo’. Interação com o público se faz no momento anterior à festa, divulgando o samba e fazendo as pessoas se interessarem por aquele enredo e aquele samba. Então você vê uma escola que tem um carro coreografado e o resto livre, o público responder muito mais. Às vezes uma escola se apresenta e o publico senta pra olhar, encarar aquilo só como espetáculo e aí ele não se vê como parte integrante daquilo. Isso é relativo. Eu não busco necessariamente a interação com o público, mas passar melhor a mensagem do meu enredo para que o público se identifique com isso.”
CARNAVALIZE: E como isso funcionará no desfile de 2018?
JACK: “A gente vai criando esse diálogo assim, naturalmente. Esse ano especificamente, por ser um enredo que eu preciso que as pessoas entendam certas mensagens, estou lançando mão de uma dramatização maior. Então praticamente todos os carros têm algum núcleo que faz alguma coisa, mas não é uma coreografia, é uma representação em conjunto. Me ajuda esse ano pelo enredo ter a ver com trabalhadores, mas cada caso é um caso. Eu procuro não ter uma ideia fechada sobre nenhum tipo de recurso.”
CARNAVALIZE: Você vem de três carnavais marcantes pela Tuiuti, com enredos de forte conteúdo cultural e artístico. Você sente que aqui na escola há mais liberdade de propor seus enredos?
JACK: “Tenho sim, até agora estou tendo bastante. Houve um pedido especial esse ano para que eu falasse de alguma temática africana ou afrodescendente, foi então que sugeri a questão da Lei Áurea, mas falei ‘eu vou fazer a minha Lei Áurea‘. Assim nasceu o enredo. Aqui, desde que eu cheguei, tenho uma liberdade maior de sugerir os temas, não que eu não tivesse em outras escolas no desenvolvimento.” 
CARNAVALIZE: Como você trabalhou isso em escolas com um enredo já entregue, assinando apenas o desenvolvimento?
JACK: “Vou dar um exemplo, ‘Viajar é Preciso’, na Ilha, em 2009. A escola precisava falar sobre viagens, sobre turismo. Pouco depois que chegou esse pedido pra mim, o Cristo Redentor foi eleito uma das 7 maravilhas do mundo moderno, um dos colaboradores ativos daquela época na escola era o presidente do Trem do Corcovado. Nisso, a escola me pediu se eu poderia colocar o Cristo de alguma maneira no enredo. Então eu tinha essas coisas pra cumprir: viagem, turismo e Cristo. Tá, vamos lá! Eu fiquei na minha casa ouvindo músicas, vendo uns filmes, então eu lembrei de um enredo que eu vontade de desenvolver sobre o Júlio Verne. Daí eu podia ir pro Santos Dumont, que leu muito o Julio Verne e foi influenciado por ele, chegando a Dumont inventando o 14 Bis e chegando ao Cristo.”
Abre-alas da apresentação de 2009 da tricolor insulana.
CARNAVALIZE: Nessa parte da entrevista, gostaríamos de saber se você acha que nessa passagem pela Tuiuti você conseguiu atingir uma maturidade artística com o reconhecimento do meio carnavalesco. Esse reconhecimento já veio antes?
JACK: “Eu vou trabalhando e não percebo essas coisas, cada ano é um ano e eu vou fazendo. O resultado disso não está na minha mão. Como eu tive uma liberdade maior com os enredos, no intuito de sugerir o tema principal e a escola foi acatando, eu consegui mostrara cara do Jack por completo. Eu fiz muitas outras coisas que também são minhas, a minha cara tá lá, mas eu não vejo uma coisa 100% porque não era ideia minha fazer aquilo inicialmente. Era meio que uma encomenda, de certa maneira tudo é uma encomenda também… Esses enredos que chegam assim, sugeridos, me davam um calafrio porque eu tinha medo de me transformar nisso, de olhar aquele roteiro sugerido e pensar ‘que droga’, ter que fazer aquilo e ter que assumir aquilo pra mim. Quem manda a gente fazer não tem consciência do mal que nos faz ter que ficar dando entrevista durante meses como se aquilo fosse o máximo. Aqui na Tuiuti nesse últimos projetos, como eram projetos que eu tinha muita vontade de fazer, saíram com a minha identidade e aí as pessoas me viram melhor.”
CARNAVALIZE: Pra finalizar, a gente enxerga exatamente a continuação desse trabalho e pergunta sobre o enredo de 2018, que passeia por um momento histórico e chega na atualidade, com a critica politica. Qual mensagem final você quer deixar nesse desfile?
JACK: “Eu espero sinceramente que as pessoas tenham mais consciência do coletivo, isso seria muito bom. Porque nós fazemos parte de um coletivo, essa propaganda que a gente é bombardeado diariamente com o “personal” é uma grande mentira. Nós somos um corpo só, nós somos células de um corpo. A gente espera que com esse tema as pessoas pensem um pouquinho nisso, de ter essa consciência de que o próximo é tão importante quanto você, porque a minha ação provoca no próximo mesmo eu nem vendo. O enredo no fundo fala disso. A gente tá falando da exploração do próximo, então se existe esse olhar de que o próximo merece ser explorando. Existe uma ideia de superioridade, existe um ‘eu sou importante e o próximo não é’. A gente tá batendo nessa tecla de que isso tem que deixar as pessoas mais ligadas.”

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