Processos da criação: Leandro Vieira – Da ideia de Brasil ao ‘desprojeto’ de carnaval

Por Redação Carnavalize

A menos de quarenta dias do início dos
desfiles das escolas de samba, o Carnavalize prepara uma série de entrevistas
com profissionais da maior folia do mundo!
O “Processos da criação” é movido pela
curiosidade em compreender como se dão as maneiras de conceber a arte do
carnaval pelos trabalhadores do maior espetáculo do mundo! Para isso,
conversaremos com os profissionais sobre suas identidades, o cotidiano de
suas funções, as suas perspectivas acerca de seus ofícios e o que mais
envolve o processo criativo!
Para começar, apresentamos a vocês o
bate-papo do Carnavalize com Leandro Vieira, o talentoso carnavalesco da
Estação Primeira de Mangueira. Simbora!
Carnavalize: Começando pela escolha do
enredo, de que maneira a decisão da história escolhida dá o tom visual do
desfile? Ela é um ponto de partida da maneira que você ajustará a estética para
o desfile? De onde você tira as referências?
Leandro: Ele é fundamental. Eu tiro as referências da minha
memória afetiva e dos livros de História, das imagens que ilustraram os livros
que eu estudei
; dos contornos mais populares que existem em torno dos
contornos feitos pelo Victor Meirelles, pelo Pedro Américo, estátuas do Museu Nacional
de Belas Artes, das pinturas épicas, da Batalha do Avaí, o grito do Ipiranga,
um índio tamoio, a estátua equestre de Dom Pedro, que tem aqueles índios lindos
na Praça Tiradentes…. É uma seleção afetiva.
C: O enredo é pautado sobre outros
personagens; você tira esses atores da História oficial e coloca no centro
outros subalternizados. De que maneira você consegue retratá-los esteticamente?
L: Eu utilizo da estética épica para
dar contorno épico a esses personagens que não tiveram isso. É uma tradução
simbólica dotada de heroísmo. Algo importante de se falar é que os que são
apresentados com contorno épico na narrativa oficial vêm de forma chargista,
mais ligada à caricatura e à anedótica. Os que não são exaltados ganham o
contorno épico.

Fantasias divulgadas para o carnaval 2019.

C: Sobre as referências das quais
estamos falando, sabemos que você retira muitas ideias das pinturas das artes
canônica, erudita e popular. Mas o cotidiano da cidade também é uma presença
sua, certo?
L: Eu sempre digo isso: eu tenho uma
seleção afetiva, ela é da minha memória. Tudo que eu escolho é o que me
emociona, é o que de alguma forma fica cristalizado na minha memória. Eu sou um
artista que valoriza a questão estética indígena, eu gosto de artistas
plásticos, populares ou não, que se debruçaram na construção de signos da cultura
afro. Então é a minha seleção, é o meu repertório.

 “Só que hoje em dia existe uma necessidade absurda do rótulo, e estou muito longe de ser o artista que posso vir ou não a ser, sou apenas o rascunho do que posso me tornar.”



C: Já que estamos falando mais uma vez
de Brasil, você está indo para o quarto enredo na Mangueira. De que forma você
acha que eles dialogam entre si? É por ter o país e a cultura brasileira como guia?
Você acha que eles podem ser entendidos como um conjunto narrativo?
L: O grande conjunto narrativo disso é
o fato de ser desenvolvido por mim porque todos eles são baseados no meu
repertório de Brasil e isso já dá uma unidade. Mas de alguma forma, também, eu
acho que tem muito do meu pensamento crítico. Então desde 2016, para falar
sobre a Mangueira – mas posso afirmar que desde 2015, na Caprichosos -, eu sigo
falando do Brasil que eu acredito. Em alguns momentos exaltando. E a escolha do
tema que o exalta reflete, para mim, um pensamento crítico
. Em outros momentos,
me colocando, colocando a minha arte, meu trabalho e meu carnaval em defesa
desse conteúdo artístico popular do Brasil, que é o que eu acho que fica mais
evidente nos últimos dois anos (2018 e 2019). Isso no sentido de colocar o meu
trabalho em defesa do Brasil e da cultura popular
, mas que também já estavam
presentes em 2016 e 2017, já eram impregnados disso.

C: Partindo para a estética, seu
trabalho ficou muito marcado pelo uso de certos materiais e cores com as
famosas plumas de acetato. Por mais que haja discordância, as pessoas
reproduzem esse tipo de discurso a seu respeito. Em uma formatação estética de
desfile de carnaval que já é tão consolidada, era sua intenção criar o tipo de
uma linguagem própria ou isso se deu naturalmente?
L: Eu discordo totalmente disso porque
eu tenho quatro carnavais – sem contar o próximo – e com quatro carnavais você
não é nada, você não é ninguém. Não é o suficiente para você desenvolver uma
linha estética, para tomar conhecimento do artista que você é. Não é nada.
“Quatro carnavais” é uma condição numérica que só me permite fazer
experiências, nada mais que isso. Só que hoje em dia existe uma necessidade absurda do rótulo, e estou
muito longe de ser o artista que posso vir ou não a ser, sou apenas o rascunho
do que posso me tornar.
“Ficou marcado pelo uso das penas de acetato” é
reduzir demais. Ano passado eu não usei as tais penas de acetato em nenhum
esplendor. Mas será que porque em 2016 e em 2017 eu usei esse recurso, que
dialogava para mim com aquele universo que eu estava trabalhando, é uma
previsão de que daqui a dois anos estarei usando? A única coisa que eu sei a
respeito do artista que eu sou agora, e eu gostaria de seguir com algumas coisas
dele, é que eu tenho interesse de continuar falando daquilo que eu acredito. O
“verde-água e rosa-bebê” fazia sentido para mim no ano passado, mas esse ano
não faz.
C: Mas esses rótulos chegam ao seu
conhecimento? Eles te influenciam de alguma maneira?
L: Chegam, as pessoas escrevem nas minhas
redes sociais. Eu acho que é uma opinião. Vou dar um exemplo: em 2016, meu
carnaval não tinha tons ditos “bebês”. Eu não acho que meu desfile daquele ano
foi um desfile em tons pastéis; tinha tons metálicos, terrosos e ficava
colorido no final. Claro que algumas combinações com rosa-bebê tinham. Em 2017,
o ano do santo, eu acho que tinha um setor rosa, com nuances de rosa. Os outros
eram brancos, o último era muito colorido, vermelho com amarelo, azul royal…. O
meu carnaval mais bebê foi o último e de alguma forma as pessoas padronizaram
meu trabalho assim. Elas tomam uma coisa pelo todo. Mas quando eu fiz 2016 e
2017 eu ouvi que eu era um carnavalesco que só fazia carnavais religiosos. Eu
só fiz dois carnavais, mas disseram: “ele só faz carnavais religiosos”. Agora,
por 2018 e 2019, eu sou o que só faz enredos críticos (risos) e no fim das
contas eu sou o mesmo. É igual o cara que diz que a Rosa é barroca e o Renato é
high tech.

“Quem faz o meu trabalho nunca viu um desenho, só no primeiro ano porque eu tinha que apresentar.”

C: Falando sobre cor assim, ela parece
um elemento fundamental para o seu o processo criativo.
L: Eu sou pintor!
C: Você parte da cor para pensar o
todo? Você tem essa noção da primeira ala até a última ala, você faz um desenho
de cores ou é de cada momento?
L: Cara, isso é um negócio muito
doido, porque a minha construção artística é muito doida. Primeiro, ela não
resulta da cartela cromática, não resulta mesmo. Eu fui assistente de
carnavalesco durante muito tempo, então eu fiz. Alguns carnavalescos fazem isso;
pegam azul, azul escuro, verde água, amarelo…. E desenvolvem tipo a escala cromática
da escola e decidem a partir disso o que vão realizar. Eu não consigo fazer
isso porque nas minhas escolhas eu estou muito mais preocupado em me agradar do
que atender recursos estéticos. E aí, para eu me agradar, eu tenho algumas
ferramentas. Uma ferramenta é a forma, outra ferramenta é a cor e outra
ferramenta é a escolha dos signos do desfile. E as minhas escolhas todas são em
cima disso: a forma, a cor e os signos.

Tudo é particular, mas os signos
ganham um contorno mais particular. Por exemplo, em 2016, eu usei o rosto da
minha ex-mulher como referência para construção das orixás do carro. Em 2017,
eu usei como referência para construção do cristo-oxalá a obra de um artista
que eu ganhei de presente no dia em que uma mãe de santo disse qual era o meu
orixá de cabeça. Então as escolhas partem de eu olhar e me identificar. Aquilo
registra quando eu quero fazer, por exemplo, o setor da umbanda de 2017, que são
as escolhas das cores que eu vi e são cores muito longe das imagens que todo
mundo tem a respeito de umbanda e candomblé. A cor é importante porque ela tem
a capacidade de dar um simbolismo muito grande
. O carnavalesco dos tons pastéis
de 2018 era o carnavalesco, a pessoa, o humano que tem um entendimento
romântico a respeito do carnaval.  E a
escolha daquela cartela traduzia a minha interpretação de um carnaval
nostálgico.
C: E como uma foto, ela era meio
desbotada. De onde vieram esses tons?
L: Isso, que é como eu enxergo o
carnaval. E eu sou uma pessoa que se emociona com o carnaval. O de escola de
samba me emociona menos, mas o de rua me emociona muito e eu sou folião do
carnaval de rua. Uma coisa engraçada a respeito disso é que ano passado eu
queria fazer um encerramento apoteótico no desfile de 2018. Todo mundo quer
encerrar de forma apoteótica e eu queria. Fiz o que eu achava que era
apoteótico a partir das minhas escolhas. Aí eu encontrei, meses depois do
carnaval, o Ricardo Lourenço e ele falou para mim: “olha, seu carnaval foi
incrível, eu fiquei extasiado com o desfile da Mangueira, mas o final foi
triste. Aquilo foi a coisa mais linda que passou naquela noite, mas era de uma
melancolia… Era uma melancolia linda mas faltou o arrebatamento”. Eu fiquei com
isso na cabeça. Fiquei pensando como a ideia de arrebatamento é diferente. Àquele final, eu fui buscar
dentro de mim o que era a apoteose de um carnaval quanto à minha experiência, e
a apoteose do meu carnaval sempre foi a Banda de Ipanema na porta da Igreja Nossa
Senhora da Paz.
Quando ela interrompe a sequência de marchas animadas e
toca a sequência de marcha-rancho, porque o Pixinguinha morreu dentro da igreja,
eles tocam “Carinhoso”. A partir de “Carinhoso” eles engrenam na sequência de
marcha-rancho, como “Máscara negra”, “Bandeira branca”…. Aquilo para mim é
apoteótico por causa da ideia da dualidade do próprio carnaval. Isso é
inevitavelmente melancólico, mas em mim nunca soou como a melancolia da
tristeza, sim como a apoteose da grandeza dos sentimentos. Eu acabei fazendo um
encerramento com sabor de marcha-rancho, que era lindo, mas algumas pessoas não
entenderam da forma que eu entendo. Se eu errei, eu não sei, mas é a minha
verdade e eu prefiro prevalecer com a minha verdade.

C: Seu cotidiano influencia
diretamente seu processo criativo… De que maneira você tem esse entendimento?
L: Total. A primeira coisa que eu resolvi foi
abolir o projeto. Eu tenho um esboço do que eu vou fazer, mas nenhum
funcionário meu trabalha com projeto. Hoje, cada vez mais, isso existe menos.
Primeiro porque durante muito tempo eu fui refém do desenho e isso é horrível. Quem faz o meu trabalho nunca
viu um desenho, só no primeiro ano porque eu tinha que apresentar.
Todos
os anos eu faço, mas eles não veem porque eu não dou a eles a oportunidade de
interpretar porque quando você entrega um projeto – e o figurino é um projeto
–, o modelista, o aderecista, o chapeleiro, o ferreiro…. Eles têm uma
experiência vivida e eles costumam interpretar isso a partir dessas suas
experiências. Quando eles não sabem o que é, eles estão reféns de mim,
entendeu? Eles estão reféns da minha proporção, da minha escolha de material,
de onde eu acho que a calça tem que apertar ou não, do tamanho da manga e da
gola de arame que eu acho que tem que ter, da minha colocação de plumas…. Eles
são reféns. Agora, a alegoria é na base do vai fazer. “Forra isso de verde,
agora pinta”. A pessoa não sabe o que vai ter.
C: É uma forma de controlar todo esse
processo…
L: Sim, é. Talvez seja por conta disso
que se diga que eu consegui desenvolver uma assinatura em quatro anos, porque é
meu mesmo, porque literalmente não passa na mão de ninguém.
C: Você consegue ter esse controle até
sobre as fantasias que são feitas fora daqui?
L: Todas são feitas a partir do meu
protótipo, como casal. Destaque menos, eu não sou chegado a destaque, embora eu
ache que os meus são excelentes. Talvez eu não goste de destaque porque eles
têm a condição de interpretar. Mas casal não, inclusive em 2017, a duas semanas
do desfile, mandei tingir as penas todas de novo porque eu queria que a roupa
fosse rosa bebê e ela estava fotografando salmão.
C: Qual é a importância disso? É
centralizar? O que tem por baixo desse processo?
L: É me descobrir, eu preciso saber o
artista que sou, o que sou capaz de fazer, o que é que eu sei fazer….
C: Isso tem a ver com o fato de você
ter passado quase dez anos desenhando, porque de certa forma você não tinha
controle sobre aquilo….
L: Nenhum controle, meu desenho estava
submetido à interpretação do carnavalesco e aí não tinha a minha cara. Uma ou
outra tem mais: Zico, Pará.
C: Falando agora sobre outro assunto
que talvez more no seu processo. Você é um carnavalesco dito “da escassez”.
Muita gente gosta de falar que você é um carnavalesco “barato”.
L: É, sou. Primeiro porque enxergo a
atividade do carnavalesco como isso. Se for diferente disso é cinema, vai fazer
cenografia de filme. Eu não faço isso, eu busco sempre olhar para o meu
carnaval da maneira que eu fazia e faço ainda a roupa para ir brincar no Bola
Preta. É a mesma coisa, para mim não tem diferença nenhuma. Se eu me distanciar
muito disso, eu tô fazendo outra coisa. Essa interpretação, essa característica
mambembe, do mal-ajambrado…. Eu acho meu carnaval de 2018 o meu melhor
carnaval, mal-ajambrado, tudo remendado, eu acho lindo. Esse último carnaval
que passou é o carnaval onde eu estou mais presente e que eu mais me diverti.
Aquele último setor com fantasia de gorila, só com sobra de tecido do barracão,
usar toalha, cortina, sabe? Era o que eu fazia para arrumar minhas roupas para
brincar carnaval. Só que, claro, eu não peguei toalha; eu escolhi o tecido
toalha, eu escolhi o tecido toalha de banho, o tecido toalha de mesa, escolhi
caneca…
C: Falando dessa questão financeira,
sempre temos essa frase: “não consegui fazer 80% do meu projeto inicial”.
L: Eu acho que essa é a pior frase que
um carnavalesco pode falar. Eu lamento um carnavalesco falar isso porque eu
sempre atinjo a totalidade do meu projeto pelo fato de que meu projeto não
existe. Se eu tivesse um figurino com duzentas plumas e eu conseguisse fazer
dez, eu talvez ficasse um pouco frustrado com isso, mas se eu não tiver pluma,
também não tinha no projeto.

“Comissão de frente não é um quesito ligado a mim, eu faço questão de me distanciar porque eu acho que à frente dele tem um artista como eu, que tem liberdade e identidade.”

C: O interessante dessa inexistência
de projeto é poder sobrepor ideias ao longo do tempo, como daqui até o carnaval
transformar algo….
L: Isso para mim é fundamental, se eu
fechar o projeto perde a graça rápido. Eu mantenho meu projeto aberto.
C: Teve algum elemento de suas
criações que só pensou às vésperas dos desfiles e que fez a diferença no seu
carnaval?
L: O judas, no último desfile. Para
esse carnaval agora, de 2019, eu mudei e mexi em muitas coisas. Passei por
algumas situações pessoais e quis impregnar meu carnaval nessas situações.
Pensei: “se eu olhar, vou lembrar, isso aqui foi por causa disso”.
C: Você diria que sua relação no
barracão com os profissionais é o que define seu trabalho?
L: Eu tenho que estar (no barracão).
Eles brincam que se eu não estiver aqui não tem trabalho. Falo “vamos resolver
isso, agora faça dez desse aqui, agora esse…”.

C: Pensando no seu carnaval, a
comissão de frente pode estar ou não ligada ao carnavalesco e ela foi o
calcanhar de Aquiles dos últimos carnavais da Mangueira. Com a chegada do
Rodrigo e da Priscilla, que são o grande gabarito desde 2010, cria-se a
expectativa de “como será?”, por eles terem vindo de projetos espetaculosos.
Como você acha que seus trabalhos se encaixarão?
L: No meu carnaval a comissão de
frente não está ligada ao carnavalesco. Eu acho que a Priscilla e o Rodrigo são
artistas contemporâneos, e o meu trabalho é todo em cima do universo
contemporâneo também, eu não vejo essa distância. Talvez o processo seja diferente;
eles estão acostumados com projetos juntos a outros artistas, não só o Paulo
Barros. Comissão de frente
não é um quesito ligado a mim, eu faço questão de me distanciar porque eu acho
que à frente dele tem um artista como eu, que tem liberdade e identidade
.

Mas claro que sempre é feito em acordo comigo, tanto é que as comissões
dialogam com meu trabalho, existe uma pertinência estética. Em alguns anos eu
me meti mais, noutros menos…. Acho que esse ano estaremos bem.
C: Mudando de assunto, de que maneira
você acha que o sucesso de seu trabalho está relacionado a uma crise
identitária das escolas de samba?
L: Eu só sou o carnavalesco da
Mangueira porque as escolas passam por uma crise de identidade. Ninguém nunca
vai conseguir me enganar dizendo que eu só me tornei o carnavalesco da escola
em 2016 porque meu trabalho era maravilhoso. Eu me tornei porque o carnaval
passa por uma crise, os profissionais estão caros e eu era o carnavalesco mais
barato disponível naquele momento. Foi a crise que me revelou e continua me
revelando. A dificuldade que as pessoas dizem ter de fazer carnaval sem
dinheiro existe para quem experimentou um dia fazer carnaval com dinheiro.
C: Você acha então que seus enredos
são um tipo de resposta a esse momento em que as escolas estão esvaziadas
simbolicamente?
L: É uma preocupação minha não para as
escolas de samba, mas para o que elas são e o que devem permanecer sendo.  Eu acho que a escola de samba deve fazer
escolhas para assumir a identidade popular mesmo, falar do Brasil. Não o Brasil
genérico, mas daquele que acredito; regional, original.

C: O que é o Brasil para você a partir
de uma imagem?
L: O Brasil é o povo do Morro da
Mangueira. O Brasil é o funk, o samba, a mulher negra, o homem negro, a
criança, o idoso, o evangélico. É o umbandista e o candomblecista de lá, é o
povo da Mangueira.

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