Estamos de volta pra seguir com nossos pitacos sobre os enredos da série A. No sábado, as homenagens continuam sem fim. E nossa Bethânia vai aparecer para contabilizar todas elas. Mas apesar do efeito “Mangueira”, muitas delas falam de nomes super relevantes pra nossa cultura. Além das biografias, temos muitos outros enredos que prometem arrasar. A Série A não deixará barato em 2017, venha conferir:
Resumão:
Depois de mergulhar (pescaram a referência?) na missão de auxiliar Paulo Barros em 2016, o novato João Vitor Araújo voltará a assinar um carnaval sozinho. E surpreendeu positivamente na escolha do enredo. Uma homenagem ao grandioso, mas quase nunca lembrado, carnavalesco Viriato Ferreira, um daqueles nomes que têm grande contribuição na história do carnaval, mas não está no imaginário dos foliões. Viriato foi figurinista durantes muitos anos e assinou poucos – mas belíssimos – carnavais… Que a Rocinha se inspire no “seu eterno freguês” e faça, de fato, um enorme saçarico na Marquês.
O que esperamos:
Em seu dois trabalhos na Viradouro, João mostrou um gosto requintado nas criações de fantasias, nada mais justo, considerando quem se está homenageando. A Rocinha que escapou por pouco do rebaixamento esse ano, por tese, terá de suar a camisa (ou fantasia) para mostra que, na prática, a teoria será diferente. A homenagem, em si, é super pertinente e a sinopse bem trabalhada. Então, não há nada mais para se esperar que não um lacre da Borboleta Encantada!
De 1 a 3 Rosa Magalhães, o quanto esperamos cair no saçarico da Rocinha:
2 – Cubango – “Versando Nogueira nos 100 anos do ritmo que é nó na madeira”
Resumão:
Depois de uma reedição sem grife de “Chué chuá“, Cid Carvalho segue na Cubango para tentar tirar a virgindade da maior escola verde e branca de Niterói que nunca passou pelo Especial. “Grande Rio curtiu isso”. O desfile desse ano foi bem “marromenos” e Cid, apesar de experiente, dá umas bobeadas às vezes. Resta saber se será um ano sim do grande Cid, ou mais um ano não.
O que esperamos:
A sinopse foi escrita pela muso Fábio Fabato e faz uma viagem que promete fugir de um simples biografia, Bethânia emocionada. A história do samba e de João serão entrelaçadas por quatro temáticas características do ritmo e do compositor que se cruzam. Uma proposta bacanérrima. Torcemos para que Cid vá “Além do espelho” nessa e use de todo seu “Poder da criação”!
3 – Inocentes – “Vilões – O verso do reverso”
Resumão:
É o terceiro ano seguido da Inocentes desfilando na mesma posição, reparam nisso também? A representante de Belford Roxo vem se acostumando a desfilar só por desfilar, satisfazendo-se apenas em permanecer lá na meiuca do Acesso. A escola aposta no retorno de Wagner Gonçalves que foi o carnavalesco da escola quando ela fez sua “graça” no Especial. A aposta é num diferente: Os Vilões, num sentido bem amplo e fora desse senso comum que esperamos.
O que esperamos:
A sinopse começa pagando de cult ao citar o grande poeta tropicalista Torquato Netto, mas derrapa em muitos sentidos. Primeiro no bom português mesmo, depois num amontoado de coisas que parecem não se encaixar nesse grande quebra-cabeças que é o enredo. A proposta é bastante interessante, os vilões da cultura pop exercem muito fascínio sobre o público. A coisa boa é que surgiu da obviedade de só citar um vilão atrás do outro, mas não apresentou um sarapatel bem temperado ao público. Uma pena.
De 1 a 3 vilãs icônicas o quanto queremos ver muita maldade na Inocentes:
Resumão:
Amargando uma temporada interminável (por sinal, quesito jejum acirrado lá por Madureira) na Série A, o glorioso Império causou certo “disse me disse” na escolha do enredo desse ano. Primeiro com o fato da escola comemorar 70 anos em 2017, Severo Luzardo tinha prometido uma trilogia de enredos que terminaria justamente com a comemoração da data, mas o carnavalesco saiu deixando a dúvida no ar. A Serrinha então foi atrás de Marcus Ferreira, que de jovem promessa não tem nada. O carnavalesco dá expediente na folia desde 2011 e apresentou trabalhos bem irregulares diga-se de passagem. A segunda polêmica veio então com o tema em homenagem ao poeta Manoel de Barros, que foi enredo este ano da campeã Sossego, numa apresentação impecável da dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad (chutados depois de subirem com a escola).
O que esperamos:
Muitos podem desconversar dizendo que uma mesma personalidade pode dá diferentes abordagens e pode mesmo. Mas coincidentemente o enredo da Coroa Imperial segue uma linha bem parecido com o último enredo campeão da série B, que também trabalhou em cima das paisagens e da fauna que a obra do poeta apresenta. Confusões a parte, esperamos que com essa grande oportunidade, o carnavalesco Marcus Ferreira finalmente diga a que veio na folia e leve de volta ao lugar que o Império merece.
De 1 a 3 compositores icônicos o quanto queremos o Império de volta ao especial
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Resumão:
Uma escola que já não cabe mais na Série A, a Unidos de Padre Miguel fez desfiles arrebatadores nos últimos anos, mas o título infelizmente não veio ainda. Pro ano que vem, resolveu colocar pra foder (by: Renato Lage) apostando suas fichas na força de um enredo afro. O carnavalesco continua o talentoso Edson Pereira que consegue driblar as dificuldades e apresentar uma plástica babado, sobretudo em alegorias. Muita macumba, ervas, folhas e “Fala, meus orixás” pra ver se finalmente a UPM consegue concretizar a vitória que já vem merecendo.
O que esperamos:
Tem orixá. Tem Àfrica. Tem batuque. Ou seja, o sambão já está garantido. O enredo não tem mistério, contará a história do orixá Ossain, ligado as matas e aos saberes curativos que só o sincretismo africano tem a capacidade de contar numa temática tão fascinante. Como carnaval e tambor é um casamento quase perfeito, não tem como esperar a não ser show do povo de Padre Miguel.
De 1 a 3 Laílas, o quanto esperamos que a UPM faça todo mundo girar no terreiro:
6 – Renascer – “O papel e o mar”
Resumão:
A Renascer que vem de apresentações agradáveis dos últimos anos com sambões encomendados segue apostando nessa linha. O enredo é de responsabilidade de uma comissão, liderada por Luiz Carlos Bruno, que estreou na Tijuca em 2007 fazendo uma bela passagem no Borel e depois divertiu o público com apresentações irreverentes na Rocinha. Nós adoramos o carnavalesco e ficamos felizes com sua volta ao cargo.
O enredo tem uma ideia pra lá de interessante juntar duas personalidades negras super importantes da nossa história, o marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, e a poetiza Maria Carolina de Jesus. Infelizmente, a sinopse não foi divulgada e sabemos pouco de como será o desenvolvimento. Mais a ideia é original e bem interessante. O samba segue na mão de Claudio Russo, Moacyr Luz e Teresa Cristina então só podemos esperar mais uma hino daqueles para riscarmos o chão da Marquês de tanto sambar e perder a voz até a quarta de cinzas.
De 1 a 3 selos o quanto curtimos:
Resumão:
Depois de uma apresentação surpreendente, a Porto da Pedra ao que parece não respira mais com a ajuda de aparelhos e muito menos continuar mergulhada em iogurte numa maré de azar. O carnavalesco Jayme Cezário responsável pelo belo desfile desse ano continua e promete uma apresentação tão leve e empolgante quanto a homenagem ao Carequinha. Numa posição nobre de desfile, a Porta tem tudo pra beliscar as primeiras posições – senão a taça.
O que esperamos:
O enredo vai fazer um passeio pelo universo musical das marchinhas carnavalescas, tema que já foi abordado em São Paulo há alguns anos pela simpática Acadêmicos do Tucuruvi. A divisão foi feita em quatro setores, dividindo as canções por tema, deixando a coisa bem interessante. Não poderia haver um universo, que pode gerar uma plástica leve e colorida melhor, e mais contextualizado para fechar os dias de desfiles do Acesso carioca. O Tigrão de São Gonçalo tem tudo para rugir alto pela Sapucaí.
De 1 a 3 selos o quanto queremos nos jogar com a Porto:
E isso é tudo pessoal! Esperamos que tenham curtido nossas análises super carnavalizadas. Lembrando que nossa missão é sempre trazer mais humor pro mundo carnavalesco, mas respeitando as escolas. Com a benção de Rosa Magalhães e a força dos orixás de Laíla, vamos ficando por aqui. Saravá, axé, amém, salamaleico, namastê.
Confira a parte 1 com as escolas de sexta, clicando aqui.