Sambalizando | É brinquedo, é brincadeira… A Ilha levantou poeira!

Seguindo nesse último modelo que abordei, chegou a vez de relembrar um dos melhores – considerado por alguns o melhor – desfiles de 2014. Meus dois amigos de site, a Ju, nossa repórter e o brilhante Léo Antan escolheram o desfile da tricolor insulana de 2014. “É brinquedo, é brincadeira… A Ilha vai levantar poeira” contou e encantou a todos com uma temática leve, infantil e muito atual diga-se de passagem. O enredo buscava mostrar, de fato, como brinquedos (e brincadeiras) antigos(as) afloram aptidões nas crianças de hoje que estão, cada vez mais, sendo extintas com os novos meios de se divertir. Mostrava uma certa antítese entre a pessoalidade do passado e esse “umbiguismo” de hoje em dia. A interação pessoal, ou melhor, falta dessa que anda tão escassa nos dias de hoje.
Muito dizem que a Ilha se encontra atualmente numa eterna busca de suas raízes, sua identidade e, pelo que me parece e, de que me lembro, naqueles poucos mais de 80 minutos, conseguiu. Um desfile leve, alegre e, o mais importante, super contagiante. O enredo, vale lembrar, foi vencedor do Estandarte de Ouro no ano. Foi, de fato, um desfile lindíssimo. Para todos que estavam presente foi um rencontro da Ilha com ela mesma, um desfile “autofágico”, pode se dizer? A escola me fez voltar à infância, mesmo que tivesse deixado-a fazia pouco tempo, tinha 16… Risos. Lembro de já ter ficado encantado com aquela comissão de frente digna de Cirque du Soleil… E era mesmo, né!?. O baú dos dois velhinhos recheados de lembranças e recordações de suas infâncias era nostálgico, como todo o desfile tornar-se-ia. Quem consegue esquecer aquele gigante bebê engatinhando em plena Sapucaí e – convenhamos – que lugar maravilhoso para se aprender a andar.

Se a Ilha queria brincar com todos nós, a ala que vinha logo após o bebezão insulano, deslizava literalmente na Avenida com seus patins, eternos em todos os nossos imaginários de quando éramos crianças, pelo menos, eu já caí bastante, ou melhor, nunca consegui se quer andar. Com o seu abre-alas super iluminado e colorido, a Ilha começaria a apresentar um dos melhores conjuntos alegóricos do dia (junta da Academia do Samba e Majestade do Samba). Numa alegoria à la Disney, encantava demais, era realmente lindíssimo, nada mais acertado que em seu abre-alas, a fábrica de brinquedos. E não ficaria só nos carros, as fantasias eram impecáveis, criativas, coloridas… Era de emocionar aquele desfile, era lindo demais, a Ilha cumpria o que estava prometendo na sambaço entoado pelo Ito Melodia: “Hoje a Ilha vem brincar, amor!”. “Caramba, caramba, que show” não haveria caco melhor para demonstrar o que estava sendo aquele desfile.

O próximo carro também era bastante colorido e muito bonito, quem não lembrou das vezes que entrava naquelas gigantescas lojas de brinquedo? Era inevitável. Nesse setor, teve muitas fantasias interessantes, o cubo mágico, a “pega-vareta”. E a viagem só estava começando, incrível. Quem se esquece das baianas vestidas de “Paixão Nacional”. Se foi o que propuseram, o fizeram. Retratam grande parte de minha memória afetiva em uma fantasia, quem não teve uma bola quando criança? As baianas insulanas vestidas de bola de futebol prenunciava uma das alegorias mais “legais” de que me lembro ter visto na Sapucaí, talvez possa não ser muito lembrado, porém, acho aquele totó gigante fantástico! (Mas que atrapalhou bastante a escola, empacando lá pela dispersão). Assim como o desfile, o tempo ia passando, chegava a tecnologia. A fantástica ala do PacMan, o pinball, os Transformers. Embora estivesse, no Setor 1, vale lembrar o problema que teve a alegoria daquele setor com o telão de LED que caiu e quase “tombou” o destaque da alegoria.

E como esquecer da Cacau Protázio naquela carruagem como a princesa que é também marcou presença no desfilaço da tricolor insulana. E chegou a parte de  que mais gostei do desfile, as princesas da Disney, Woody e Buzz Lightyear e o lindíssimo carro das histórias, contos e afins. Pinóquio, Gepeto, fazia qualquer um mergulhar nas lembranças que todas aquelas histórias nos remetiam. Ninguém quer esquecer o Chuck também, né!? Tudo bem, cai entre nós, ele não estava tão assustador assim… Sem dúvidas, foi o melhor desfile dos últimos anos da Ilha. Uma aula do grande Alex de Souza. E o desfile fechava numa alegoria nem tão colorida assim, num tom alaranjado, que contava a essência da infância e que me fez encontrar-me e me identificar muito com os grande peões, amarelinha, era a essência latente do que é ser criança. A Ilha avisou que viria brincar e o fez. Com uma apresentação tão linda da escola, vale ressaltar também a apresentação maravilhosa do GIGANTE Ito, que monstro. Mas pudera né, se ele quase salvou o samba desse ano, imagina com esse samba gostoso de 2014.

E, de fato, a Ilha brincou com o que a vida nos dá. De barro, fazia-se ouro no chão. Reciclando a saudade, de Ioiô a Iaiá… As travessuras ao léu, nesse imenso país, coloriu não só o céu, mas como o fez na Marquês num bailado feliz. Fez do carnaval o eterno quintal do Amanhã, mostrando que amar é dar proteção ao maior tesouro da nação! Se a Ilha veio brincar, nos levou com ela… Sorriu, cirandou e nos encantou! Numa noite mágica, e, de rencontro da Ilha com ela mesmo, deu meia-volta, volta-meia em nossos corações e mostrou, ao mundo todo, que ser criança “né” mole não!

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