#SérieCarnavalescos: O requinte e arte dos carnavais de Alex de Souza

Por Redação Carnavalize

Um dos principais carnavalescos a se destacar na última década, construindo uma forte personalidade em seus desfiles é Alex de Souza. O artista, que teve passagens marcantes em escolas como Rocinha, União da Ilha e Vila Isabel, vem traçando um estilo marcado pelo bom gosto e pelo requinte de suas criações. Pra encerrar nossa #SérieCarnavalescos, relembramos a trajetória desse grande profissional e seus casamentos mais marcantes.

A formação de Alex deu o tom a algumas de suas principais características. De um lado, o diploma de Técnico em Mecânica, lhe deu um olhar prático e tecnicista sobre a criação. Do outro, o carnavalesco também atuou no mundo da Moda, trabalhando em fábricas têxteis e como assistente de estilo, adquirindo experiência em aliar cores e texturas, como faria em seus carnavais.

Já a carreira nos bastidores da festa começou em 1991, quando foi auxiliar do carnavalesco Renato Lage, na Mocidade Independente, desenhando os figurinos de luxo e composições de alegorias por anos. Estreou como carnavalesco em 1996, atuando na União de Jacarepaguá, pelo Grupo D. Dois anos depois já estava na Série A assinando carnavais na Em Cima de Hora, onde conquistou um expressivo terceiro lugar.

Conceituado nas áreas técnica e artística, teve tais qualidades a seu favor ao definir um estilo mais clean e elegante, sendo reconhecido por suas fantasias grandiosas que abusam de enormes volumes, para aumentar o componente e ocupar toda a avenida. Nas alegorias, desenvolveu um estilo arrojado e limpo, como do seu mestre Renato Lage, mas acrescentando garbo e sinuosidade, típica dos traços curvilíneos dos movimentos “art nouveau” e “art deco”, do início do século XX. Já nos quesitos narrativas, Alex de Souza sempre se mostrou competente em desenvolver enredos com narrativas simples e históricas, mas bem amarradas e com início, meio e fim bem definidos.

Oscilando entre resultados mais altos e medianos, Alex sempre se destacou em seus quesitos. Relembre com a gente suas passagens por agremiações dos últimos doze anos. 

Rocinha 2004-2006

O abre-alas de 2004 já trazia o estilo de cores leves e estética “art nouveau” de Alex.

Depois de três anos fazendo expediente na Leão de Nova Iguaçu, à época pela Série A, em 2004,  Alex assumiu a criação na Acadêmicos da Rocinha, então comandada pelo empresário Maurício Mattos. Estreando pela escola de São Conrado, o carnavalesco assinou um desfile que homenageou  Joãosinho Trinta, com o enredo “O Mago do Novo, João do Povo”, na ocasião dos 70 anos do artista. O desfile viajou pela valorização do Brasil no repertório de João, seus desfiles mais antológicos, a vida de bailarino e até mesmo sua participação no nascimento da própria Rocinha – onde comandou os três primeiros carnavais da escola. O homenageado veio no último carro, trazendo os bons ares de um desfile bem recebido pelo público, que teve fantasias e alegorias luxuosas, como pedia o carnavalesco-tema do enredo. O resultado foi um terceiro lugar que brindou a união de Alex com a escola, o melhor resultado de seus sete carnavais até ali.

A belíssima abertura de 2005 da Rocinha (Foto: Carlos Magno)
No ano seguinte, o artista comandou uma mensagem de esperança com o enredo “Um Mundo Sem Fronteiras”, numa época em que a comunidade-sede da agremiação passava por um período muito violento. O desfile mostrou a união de um mundo em que não existissem barreiras raciais, físicas, que fosse auxiliado pela tecnologia para estreitar e dinamizar relações com a globalização, unindo os povos de forma fraterna. A escola passou deslumbrante na Avenida, apostando em fantasias grandiosas e bem acabadas. O abre-alas foi um dos destaques, em formatos arrojados, com belíssima iluminação e uso de efeitos especiais. Surpreendendo com uma grande apresentação, a Rocinha consagrou-se campeã da Série A.

A integração da primeira ala com o abre-alas é recorrente na trajetória de Alex.

Estreando no grupo especial, Alex seguiu apostando num enredo com mensagem crítica. Assim, sendo a segunda escola a desfilar no domingo, a Rocinha apresentou “Felicidade não tem preço”, sobre a relação do homem com o dinheiro. A narrativa teria a simplicidade característica da assinatura das temáticas de Alex, com histórias simples mas bem amarradas. Num excelente trabalho plástico do artista, ele apostou numa abertura luxuosa, que trazia o lendário pote de ouro após o fim de arco-íris. Quase todas as alegorias tiveram acoplamentos e eram grandiosas, com traços cleans e fácil leitura. As fantasias já começavam a desenhar o estilo volumoso que seria uma das características de Alex. 
Infelizmente, apesar do sucesso nos quesitos ligados ao carnavalesco, a escola desfilou sob forte chuva, que fez com que as fantasias pesassem ainda mais e vários carros apresentaram problemas na parte mecânica, prejudicando o cortejo. Ademais, a escola estourou em seis minutos o tempo de desfile, e o prejuízo na quarta de cinzas custou a permanência da escola no Grupo Especial. A partir dali, Alex encerrava a parceria com a Rocinha e rumaria para a Mocidade.

Vila Isabel 2008-2010

Mais uma bela abertura de Alex em 2008 (Foto: Widger Frota)
Após uma rápida passagem na verde-e-branco da Zona Oeste, num enredo sobre o artesanato brasileiro, Alex desembarcou num dos redutos mais boêmios do Rio de Janeiro. Logo no ano em que pintou na terra de Noel, o carnavalesco assinou o enredo “Trabalhadores do Brasil”. O desfile da Vila Isabel contou com a assinatura histórica e objetiva das narrativas do carnavalesco ao falar da história brasileira desde antes da chegada dos colonizadores, do trabalho escravo, até os dias atuais.

Com uma abertura que apostou em tons leves, tendo como destaque uma grande ala de baianas num degradê que retrava o mar indo até o abre-alas grandioso. Do conjunto alegórico, se destacaram o carro que abordou o trabalho escravo e a resistência negra nos quilombos e o traço arrojado e tecnológico das últimas alegorias, uma lembrando o governo Vargas e outra a indústria automobilística contemporânea. Com o resultado plástico ofuscado pela má condução da escolha do samba, junção à época, ficou-se esperando mais da escola, que chegou apenas em nono lugar.

Para o ano seguinte, uma chegada surpresa mudaria os rumos do povo de Noel e o trabalho de Alex. Com os preparativos para o desfile de 2009 já em andamento, Paulo Barros, após uma saída conturbada da Viradouro, se uniu ao time da Vila. A combinação inusitada do artista das alegorias humanas e do profissional de traços mais elegantes mudaria a trajetória de ambos para sempre. Num belo desfile sobre o centenário do Teatro Municipal, batizado de “Neste palco da folia, é minha Vila que anuncia: Theatro Municipal – A centenária maravilha”, Alex trouxe acabamento e requinte para as alegorias coreografadas de Barros, num ótimo casamento que mostrou ainda indumentárias bem desenvolvidas, inseridas ao enredo sendo, sem dúvidas, um dos pontos altos do desfile.

O abre-alas representou bem essa inusitada junção: em dois módulos acoplados, a primeira parte trazia uma representação do famoso “bota-abaixo” que marcou a construção da Avenida Rio Branco, obra clara de Paulo. Já o segundo chassi, com uma bela coroa, trazia o estilo “art nouveau” de Alex, típico do período retratado, com formas vazadas e tons claros. Pensando alegoricamente, o carro “A Construção de um Sonho: Theatro Municipal do Rio de Janeiro” trazia a cara do artista, por ser impecavelmente concebido, luxuoso e opulento.

A parceria que surgiu de maneira inusitada marcaria tanto a trajetória de ambos que as influências seriam vistas nos desfiles solo deles. Barros voltou à Tijuca, contando com acabamento e cuidado maior com as alegorias, aprendido ano antes. Isso foi crucial para o campeonato do Borel no antológico “É Segredo”. Já Alex permaneceu na azul e branco, prestando uma aguardada homenagem ao maior poeta da agremiação azul celeste e branco.

Com o enredo “Noel: a presença do poeta da Vila”, a escola fez uma apresentação aquém das expectativas, mas de altíssimo teor emocional. Não era pra menos! Embalada por um dos melhores sambas do ano, a escola tornou a apresentar irregularidades em suas fantasias, o que, aliado ao pouco impacto visual das alegorias daquele ano, não atingiu o ápice que se esperava. Favorita no pré-carnaval, a escola fez uma boa apresentação embalada por um samba de Martinho da Vila e conquistou um quarto lugar, encerrando de forma honesta a primeira passagem do carnavalesco por aquelas bandas.

União da Ilha 2011-15



Nos cinco anos em que esteve na União da Ilha, Alex fez sua passagem mais marcante e com identificação em uma escola do grupo especial. Com a missão de substituir Rosa Magalhães, que garantiu a permanência da agremiação na elite da folia, o carnavalesco foi um dos grandes responsáveis em colocar de novo a tricolor insulana como protagonista depois de tanto tempo afastada dos holofotes, trazendo de volta o espírito jovem e simpático da escola.
A união entre a escola e o artista já começou com um apresentação marcada por dificuldades. O desfile sobre a teoria das espécies do naturalista Charles Darwin foi prejudicado por um incêndio que atingiu o barracão da Cidade do Samba. Junto de Grande Rio e Portela, a Ilha perdeu grande parte de suas fantasias e alegorias há menos de um mês do carnaval.

Os tons leves, as transparências, as formas sinuosas e simples: marcas das alegorias de Alex.

Felizmente, a agremiação conseguiu superar as dificuldades e fez uma grande apresentação na segunda-feira de carnaval. As poucas alegorias que foram atingidas conseguiram ser reconstruídas a tempo e as fantasias sofreram grandes simplificações. No desfile, predominaram figurinos formados por macacões de malha colorida que cobriam os componentes, somados a volumes adquiridos por adereços como golas, chapéus e esplendores. A escola desfilou da maneira leve que lhe é característica e, apesar de não concorrer no julgamento oficial, faturou um Estandarte de Ouro de Melhor Escola.

Nos anos seguintes, Alex seguiu apostando no resgaste da identidade insulana e fez belas homenagens a momentos históricos da agremiação. Em 2012, ao contar a história da Inglaterra num link com os jogos olímpicos daquele ano, tornou a carnavalesca Maria Augusta, responsável pelos desfiles mais marcantes da tricolor, soberana maior da apresentação, presente na comissão de frente. No desfile, um pede-passagem com o nome da agremiação em bolas brancas lembrava os elementos usados nos desfiles da carnavalesca pela União da Ilha. Já em 2013, a abertura do desfile que homenageou Vinícius de Moraes trouxe uma grande barca em estilo “art nouveau” remetendo à que a agremiação já havia apresentado em 1982, no marcante desfile “É Hoje”.

A barca do abre-alas de 2013 lembrava a alegoria marcante de trinta anos antes.
Os dois desfiles apostaram numa linguagem mais simples, adequada ao estilo da escola. Apesar disso, as narrativas eram bem desenhadas, trazendo elementos da cultura pop num diálogo com o público. Também herança da parceria com Paulo Barros em 2009, as alegorias trouxeram o uso de coreografias e elementos vivos. Infelizmente, a escola falhou em outros quesitos, com samba medianos e problemas de harmonia, prejudicando a busca por melhores posições nestes dois desfiles.

O traço elegante não se perde em meia a tecnologia e iluminação das alegorias de Alex.

Em 2014, Alex realizaria a apresentação mais marcante de sua carreira e da trajetória recente da União da Ilha, num ápice do processo de resgaste da identidade da escola. Com “É Brinquedo, é brincadeira. A Ilha vai levantar poeira!”, o artista valorizou ainda mais seu estilo pop e contemporâneo. Diferente do estilo mais espetacular de Paulo Barros, que traz esses elementos da cultura de massa de maneira mais seca e simples, o estilo de Alex era mais bem acabado ao apresentar personagens de filmes e da cultura popular, apostando em requinte e acabamento.


Com fantasias grandiosas que cobriam os componentes por inteiro e os transformava em ursinhos, palhações, figuras de filmes e videogames, a União literalmente brincou na avenida com um samba que arrematou pelo estilo leve, numa grande interpretação de Ito Melodia. Surpreendendo a todos, a escola conquistou um quarto lugar e voltou no sábado das campeãs após vinte anos sem realizar o feito.

As asas das ninfas do abre-alas de 2015 lembra belos vitrais.
No ano seguinte, o profissional seguiu apostando na temática leve e resgatou os temas críticos, como os que fez na Rocinha. O enredo “Beleza Pura?” passeou de maneira bem humorado pelos padrões de beleza da história humana, brincando com os contos de fadas, o universo da moda, das academias e das celebridades. As alegorias trouxeram a assinatura clean e requintada do artista, mas as fantasias acabaram pesando ainda mais pelo estilo já volumoso de Alex. Apesar do bom trabalho em enredo e quesitos plásticos, a escola não fez uma apresentação tão empolgante quanto no ano anterior. Um decepcionante nono lugar acabou dando fim ao feliz casamento entre a União da Ilha e o carnavalesco.

Vila Isabel 2016-17

O seca sertaneja retratada com uma forte iluminação e tons leves.
Com o fim do casamento com a tricolor, Alex voltou a escola que lhe firmou com um dos grandes profissionais do grupo. Para 2016, ele contou com o luxuosíssimo auxílio de Martinho da Vila para a concepção do enredo “Memórias do ‘Pai Arraia’ – Um sonho pernambucano, um legado brasileiro”, em homenagem aos 100 anos de vida do político de esquerda Miguel Arraes, famoso por ser governador de Pernambuco. A narrativa trazia também referências evidentes ao estado do homenageado, como a literatura de cordel, na comissão de frente, e o carnaval nordestino, ao final do desfile.

O cortejo foi aberto com um plástica característica do carnavalesco, que com elementos visuais de tons terrosos e claro, a elegância e uma assinatura clássica ao tratar da seca nordestina, tema difícil de materializar de maneira bela. Nesse primeiro setor do enredo, se destacou ainda a representação de carcaças de animais, principalmente no abre-alas, para ilustrar o cenário da obra, no conhecido traço “art nouveau” de Alex, marcando pela limpeza e sinuosidade. A fim de retratar a população campesina, o carnavalesco utilizou palafitas e manguezais, representando o Acordo do Campo, promovido pelo homenageado enquanto governador, com a figura central do caranguejo na segunda alegoria. A bela fantasia das baianas, um destaque positivo do desfile, representou os canaviais. 

Ainda tratando da obra política de Miguel, a escola trouxe o Movimento de Cultura Popular, responsável por unir intelectuais para a promoção de uma educação de qualidade no estado, com objetivo de alfabetizar adultos. Na passagem da Vila, pode-se observar o terceiro setor com alas representando disciplinas escolares e a quarta alegoria, “Servindo de Lição”, fazendo jus à obra educacional do homenageado. Ainda se tratando do MCP, o projeto detinha o ideal de divulgação da cultura nordestina para os habitantes da região, sendo contado no desfile nas duas últimas alegorias.  

De modo objetivo, Alex soube driblar a narrativa clichê para construir a ideologia do político pernambucano nos carros. O chão da escola, vibrante com o belo enredo, esbarrou no excesso sobre as fantasias, que promoveu dificuldades para a evolução de alguns componentes e descontos na quarta-feira de cinzas. Ao final da apuração, a escola amargou a 8ª colocação, deixando a sensação para o grande público de que poderia ter voltado ao sábado das campeãs.

Invés dos tons terrosos normalmente ligados à África, Alex optou por uma abertura preta e prata para lembrar os “tumbeiros”.

Seguindo o padrão temático da Vila Isabel, Alex de Souza trouxe “O Som da Cor” para o carnaval 2017. O enredo era uma ponte entre os estilos musicais da América, partindo da negrura dos tambores africanos, representada na comissão de frente assinada por Patrick Carvalho. Problemática no pré-carnaval, a Vila enfrentou muitas dificuldades financeiras e de barracão para colocar seu carnaval na rua. O desfile tornou-se reflexo disso: muitos problemas de acabamento nas alegorias e reproduções aquém do esperado retiraram a escola do bairro de Noel da briga por uma melhor posição. 
Dessa forma, pode-se destacar do cortejo a concepção e idealização do enredo, que prometia fazer uma viagem por referências musicais na América Latina. Tal ideia foi clara no que tange à chegada dos tambores africanos pelos escravos, influenciando a formação de diversos ritmos. No desfile, a apresentação de ritmos como Tango, Pop (numa ideia de realização duvidosa) e da música afro-brasileira, que trouxe à tona o samba, evidenciou problemas de acabamento. A Vila amargou a briga pelo rebaixamento, terminando em 10ª, acima apenas de Unidos da Tijuca e Paraíso do Tuiuti.


Salgueiro 2018

A imponente abertura em tons quentes deste ano, com a cara do Salgueiro.  (Foto: O Globo)

De mudança, Alex chegou à rua Silva Teles após o fim do longínquo casamento do Salgueiro com Renato e Márcia Lage. Com a alta expectativa da escola retomar a temática negra, coube ao departamento cultural, junto ao carnavalesco, promover o enredo “Senhoras do Ventre do Mundo”, tema que fazia referência ao carnaval de 2007, “Candaces”, num desfile de resultado injusto aos olhos dos salgueirenses. Com a promessa de um carnaval competitivo apesar da crise, a presidente Regina Celi concedeu a Alex boas condições de trabalho, o que acarretou num belo desfile.
Trazendo o “Éden Africano” na abertura do cortejo, o carnavalesco soube trabalhar bem com as cores da escola, impactando pela grandiosidade do abre-alas da Academia. A primeira alegoria da escola trouxe a figura da Grande Mãe com o ventre que daria origem à Terra a partir da África. Num tema que demonstrou força ao representar a ancestralidade, a escola valeu-se de referências a deusas e rainhas africanas nos primeiros setores, inserindo referências históricas, como é possível observar no segundo setor setor: mulheres que, como diz o samba, foram ‘generais contra o invasor’, o colonizador europeu.

Uma das grandes imagens do carnaval de 2018. (Foto: O Globo)
A chegada da negritude feminina ao Brasil também é representada posteriormente, de modo que profissão e religiosidade daquelas vindas da África são pontos cruciais no enredo de Alex. Para finalizar o desfile, a Academia buscou na figura de literatas, como Carolina de Jesus, a ponte para homenagear as mulheres que fizeram e fazem história no Salgueiro. Dessa forma, a última alegoria trouxe uma das mais belas imagens do carnaval de 2018, em que a figura da Pietà, escultura de Michelangelo, é retratada com escritos do livro “Quarto de Despejo”.

Apesar da belíssima homenagem à figura feminina, que deu ao salgueirense o gosto do título, a escola terminou a apuração na terceira colocação, perdendo a primeira posição no último quesito. De todo modo, Alex de Souza demonstrou sua fibra ao vibrar com a Academia e teve seu contrato renovado. Para 2019, a escola levará “Xangô”, um tributo ao orixá que guia os caminhos na alvirrubra do Andaraí.

Vivendo um momento esperado de valorização do seu trabalho com o casamento com o Salgueiro, Alex só confirma porque é um dos grandes nomes revelados do carnaval da última década. Soube se adaptar a festa e apresentar uma assinatura pessoal, atualizando o estilo tecnológico e clean de seu mestre Renato Lage, com um toque sinuoso e particular inspirado nos movimentos “art nouveau” e “deco”. Atento a mudança, a parceria com o balado Paulo Barros trouxe o frescor contemporâneo e pop ao estilo de Alex, que ganhou ainda mais força ao dialogar com a cultura de massa e fazer bom uso de alegorias coreografadas.

Sabendo cumprir com competência todos as funções de um carnavalesco, Alex é um dos raros profissionais atuais que alia narrativas próprias e bem desenvolvidas com fantasias e alegorias com um traço só dele, dominando todas as áreas artísticas da linguagem de uma escola de samba. Um carnavalesco completo e fundamental dos dias atuais. 

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