Após os desfiles de 2010 e a consagração da Unidos da Tijuca, no histórico “É Segredo!”, tendências, apostas, inovações, quedas e ascensões deram a tônica de uma década muito badalada, com direito ao rebrotar do gênero samba-enredo e do surgimento de uma geração criativa de novos artistas.
É por isso que, a partir de hoje e durante as próximas semanas, para animar a sua quarentena, todas as segundas, quartas e sextas-feiras serão destinadas a lembrar os acontecimentos e causos fundamentais do Sambódromo, com vários #TOP10 que relembram fortes momentos!
Como é impossível fazer uma seleção que agrade não só às leitoras e aos leitores, como também aos integrantes do Carnavalize de forma unânime, cada categoria também contará com menções honrosas que por pouquíssimo não entraram no ranking principal. Confira abaixo o cronograma da série:
Para começar nosso passeio pelos últimos anos 10 anos de folia, decidimos sair logo da missão mais difícil: as apresentações mais marcantes desse período. Algumas podem não ter sido as campeãs de seu ano, ou a escola que defendeu de forma mais técnica quesito a quesito. Todas as apresentações escolhidas, porém, não ficaram devendo em emoção e simbolismo, além de registrarem conjunturas importantes para cada agremiação e para a história da festa como um todo. São apresentações que reúnem grandes sambas, o talento criativo de seus carnavalescos e a atuação de grandes profissionais, entre compositores, intérpretes, mestres de baterias, casais de mestre-sala e porta-bandeira e coreógrafos de comissão de frente.
Então chega de papo e vamos conferir o primeiro (e mais polêmico) TOP10 da #SérieDécada: os desfiles mais marcantes do Grupo Especial carioca. (A gente lembra sempre que a lista é escrita SEM ordem hierárquica, disposta de forma livre, e não em forma de ranking.)
O Oscar sempre vai para a Academia, mas o título, não! Apesar da apresentação estética monumental preparada por Renato e Márcia Lage, em um dos shows visuais típicos das melhores apresentações da dupla, embalada por um samba que se destacava no CD do ano e um enredo divertido, repleto de identidade, concebido em parceria entre os carnavalescos e o Departamento Cultural da escola, sob a figura de João Gustavo Melo… os salgueirenses saíram desapontados daquele carnaval.
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O tão famoso “King Kong no relógio da Central” / Foto: AF Rodrigues/Riotur |
O Salgueiro cantou as principais obras do cinema que tiveram a cidade do Rio de Janeiro sob pano de fundo: Carlota Joaquina, Central do Brasil, Orfeu, Madama Satã, Tropa de Elite, dentre outros filmes. Ao fazer figurinos mais leves, a escola apostou no gigantismo dos belíssimos carros alegóricos. Ao menos três deles tiveram dificuldades para se locomover da pista e entrar no joelho da Avenida, como a icônica alegoria que trazia a impressionante escultura do “King-Kong no relógio da Central”, com a funkeira Valesca Popozuda vestida de banana como destaque. As dificuldades fizeram com que a agremiação ultrapasse o tempo máximo de desfile em 10 minutos, além de gerar correrias e buracos na Avenida. O desfile se tornou exemplo de problemas de evolução, quesito tão caro ao Salgueiro em sua história recente, e novamente tirou o favoritismo da branca e encarnada. A apresentação ainda faturou o 5º lugar e se tornou inesquecível: vale a vaga no TOP10!
Unidos de Vila Isabel 2012
(Você Semba Lá…. Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola)
Nos seus tambores, o sonho viveu em Vila Isabel no segundo ano da década. Se muitos dos olhos estavam voltados à simbologia do inovador samba da Portela de 2012, na Marquês de Sapucaí o sucesso da obra composta para a coirmã – também azul e branca da Zona Norte – por André Diniz, Arlindo Cruz, Artur das Ferragens, Evandro Bocão e Leonel (
in memoriam) confirmou sua força e deu o tom à última apresentação da noite de domingo de carnaval em homenagem a Angola. A forte parceria de compositores contagiou com força a comunidade do Morro dos Macacos em diversos versos. Na sua segunda parte, a canção propunha um contracanto, entoado por Tinga a plenos pulmões, e respondido com vibração pelos componentes, que incorporaram Kizomba.
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Comissão de frente e cabeça de um desfile inesquecível. / Foto: Rafael Moraes/Riotur |
Se musicalmente a apresentação foi extremamente bem servida, a estética e o visual do desfile não ficaram para trás. As alegorias e fantasias criadas por Rosa Magalhães ousaram nas formas das fantasias e no uso de diversos tecidos com estampas referentes à região do país celebrado, criando imagens marcantes para o desfile. Marcelo Misailidis, coreógrafo da comissão de frente, apresentou um dos melhores trabalhos de sua carreira e a melhor comissão do ano, com uma savana que escondia a fauna angolana. Mentor do enredo e considerado como Embaixador Cultural do Brasil na Angola, Martinho da Vila encerrou a apresentação no sétimo carro sob a luz do sol e o céu azul, dando a certeza de um desfile que combinou diversos ingredientes necessários para se considerar postulante ao título e memorável aos torcedores da Vila e aos amantes do carnaval. Terminou em 3º, mas marcou a década!
Unidos de Vila Isabel 2013
(A Vila canta Brasil, celeiro do mundo – Água no feijão que chegou mais um)
Festa no Arraiá! Depois de gerar ótimos frutos no ano anterior, a parceria entre a Vila Isabel e Rosa Magalhães voltou a encantar o público em 2013. Novamente genial, após um enredo com a cara de Vila Isabel, a artista soube desenvolver uma narrativa leve para um tema espinhoso patrocinado pelo agronegócio. A saída foi passear pela vida do homem do campo, com sua prosódia, seus costumes, sua forma de alimentar e viver. Dando ainda mais lirismo ao que foi contado, um daqueles sambas-enredos raros e antológicos surgiu na inspiração de uma super parceira que repetiu a maioria dos nomes do ano precedente: Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz, Tonico da Vila e Leonel.
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Detalhes de um carnaval primoroso de Rosa Magalhães e da Vila Isabel. / Foto: Marco Antonio Cavalcanti/Riotur |
A obra musical explodiu dentro e fora da bolha do carnaval nos meses que antecederam a folia, com milhares de visualizações no YouTube. A azul e branco de Noel encerrou os desfiles naquela segunda-feira já aclamada, brindando a continuação do excelente trabalho de uma equipe coesa da agremiação que ainda contava com intérprete Tinga, o casal Rute Alves e Julinho Nascimento, os diretores Júnior Schall e Wilsinho, além dos coreógrafos Marcelo Misailidis, na comissão de frente, e Carlinhos de Jesus, responsável pelas movimentações visuais na bateria e em alegorias. Um verdadeiro arraial na Avenida coroou o protagonismo do samba-enredo, de uma forma que há muito tempo não se via, e deu o título incontestável à escola.
União da Ilha 2014
(É brinquedo, é brincadeira: a Ilha vai levantar poeira)
Hoje a Ilha vem brincar, amor… Depois de quatro desfiles no Grupo Especial, a União da Ilha marcou de vez sua permanência na elite do samba em um grande reencontro com suas características mais famosas. A escola da simpatia e da alegria encantou o público com muita criatividade e leveza no delicioso e nostálgico enredo desenvolvido por Alex de Souza com brilhantismo.
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O belíssimo abre-alas da Ilha: a fábrica de brinquedos insulana. Foto: Riotur / Marco Antonio Cavalcante |
Relembrando os brinquedos e brincadeiras que marcaram época, a tricolor fez todo mundo voltar a ser criança no seu desfile repleto de elementos visuais de fácil leitura, muita riqueza de detalhes e bom gosto. O samba-enredo traduzia com beleza e encantamento o tema proposto e foi muito bem interpretado por Ito Melodia, acompanhado pela bateria do Mestre Thiago Diago e a animação dos componentes da escola e do público da Avenida. Na comissão de frente de Jaime Arôxa, uma estrutura fazia uma bailarina e um soldadinho de chumbo rodopiarem e, em frente ao júri, distribuir presentes à frisa. A escola terminou em 4º lugar naquele ano, com o gosto de que poderia ter sido mais, mas com a certeza e muito orgulho de sua melhor apresentação em muitos carnavais.
São Clemente 2015
(A incrível história
do homem que só tinha medo da Matinta Perera, da Tocandira e da Onça Pé de Boi)
É o mestre… Veio mais uma vez do talento e bom gosto inegáveis da professora Rosa Magalhães um outro desfile que marcou a década: seu terceiro na lista. Depois de uma passagem nada harmoniosa na Estação Primeira de Mangueira, a artista surpreendeu a todos dando expediente na agremiação de Botafogo e escolheu para a estreia um enredo para nenhum sambista colocar defeito: uma homenagem a Fernando Pamplona.
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Belíssima homenagem da Rosa Magalhães ao seu professor, Fernando Pamplona. Foto: Gabriel Santos/Riotour |
Baseada na autobiografia do cenógrafo e carnavalesco, a artista, uma grande herdeira do mestre, provou mais uma vez a sua capacidade de se reinventar com uma apresentação bela e repleta de bom gosto, passeando pela infância de Pamplona e seu medo de assombrações até suas principais contribuições ao Salgueiro, ao carnaval e à arte brasileira. O emocionante samba foi muito bem interpretado por Igor Sorriso, que deixou de ser promessa e se tornou uma realidade na festa e brilhou ao lado da bateria de mestres Gil e Caliquinho. Eles prepararam uma bossa no refrão do meio, em referência aos carnavais de homenagens às figuras negras do Salgueiro, que animou a Avenida. Outro destaque do time da preto e amarela foi o casal Fabrício Pires e Denadir Garcia, que também garantiu boas notas a escola. Pena que elas não foram o suficiente para uma melhor colocação da agremiação, que terminou em um inexplicável 8º lugar, longe do retorno ao Sábado das Campeãs.
Estação Primeira de Mangueira 2016
(Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá)
Uma escola com milionárias dívidas, vinda de um 10º lugar no carnaval precedente, um carnavalesco estreante no Grupo Especial após faturar o 7º lugar na Série A. A princípio, esse pode ser um cenário assustador para muitos torcedores, mas foi justamente nesse contexto que a Mangueira fez um dos melhores desfiles da década. O artista Leandro Vieira soube contornar a pressão dos mangueirenses apaixonados e fazer um desfile autoral, com conjunto de fantasias e alegorias lindíssimos como não se via na escola há pelo menos oito anos. O desenrolar inventivo do enredo, percorrendo a religião, a origem e a obra da história de Maria Bethânia, propôs um desenvolvimento que fugiu da obviedade das narrativas biográficas.
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A vocação verde e rosa à homenagem: escola e Maria Bethânia estavam sinergicamente conectados. Foto: Gabriel Nascimento/Riotour |
Além disso, após uma grande safra de sambas, a escola cantou uma obra marcante que relembrou sucessos da carreira da intérprete, com Ciganerey em uma segura apresentação solo no microfone, após o precoce falecimento do saudoso Luizito no pré-carnaval. A bateria, vestida de Fera Ferida, também conseguiu conquistar o júri e não repetir o decréscimo dos dois anos anteriores. Após perder pontos apenas no quesito comissão de frente, a Mangueira se sagrou campeã do carnaval depois de 14 anos de jejum. Daquele desfile, além da felicidade contagiante de Bethânia, do encanto da santamarense, da força dos seus orixás, e do despontar de Leandro como novo e determinante talento da década, uma figura não sai da cabeça de ninguém. Vestida de iaô, a belíssima porta-bandeira Squel desfilou careeeeca! Deslumbrante, Squel!
Portela 2017
(Quem nunca sentiu o
corpo arrepiar ao ver esse rio passar)
Após um ano disputado e de desfiles surpreendentes, o carnaval viveu um de seus momentos mais tristes em 2017. O ano marcado por acidentes e fatalidades, entretanto, também é lembrado pelo esperado fim do jejum portelense de vitórias, após mais de três décadas. Vivendo uma fase de reestruturação, a azul e branco vinha de três ótimas apresentações que garantiram seu retorno ao protagonismo na festa. Nos bastidores dessa mudança, estava a simbólica liderança de Marcos Falcon, que acabou falecendo precocemente naquele pré-carnaval, fazendo Luiz Carlos Magalhães assumir a presidência poucos meses do desfile.
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Detalhes de uma das alegorias assinadas por Paulo Barros no desfile da Portela em 2017. Foto: Fernando Maia/Riotour |
Além dessa fatalidade nos bastidores, a Portela não saía dos holofotes pela figura de seu carnavalesco. Ninguém menos que Paulo Barros foi para o seu segundo ano na escola. Depois de falar de viagens, uma inspiração na icônica música de Paulinho da Viola em homenagem a azul e branco rendeu um enredo que navegou pelos grandes rios da humanidade. Assim como no ano anterior, o artista soube dosar seu estilo mais inventivo com a pompa portelense – tendo dessa vez o auxílio de Paulo Menezes para esboçar figurinos luxuosos e criativos.
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Ala que se repetiu durante o desfile, dando bacana visual do rio que se deixou passar. Foto: Fernando Grilli/Riotour |
Em uma disputa acirrada, o samba-enredo eleito foi o da parceria de Samir Trindade, o qual embalou o desfile com a animação e a emoção necessárias ao entrelaçar a narrativa a uma homenagem a grandes baluartes portelenses. Outros trunfos foram a evolução e a harmonia da escola, que se provaram das mais competentes da década. Um senão, porém, foi a comissão de frente, feita às pressas pela dupla de coreógrafos que assumiu a função há poucas semanas do desfile. Jejum quebrado na quarta-feira de cinzas, o ano da Portela não acabou ali: com a divulgação das justificativas das notas, a revelação de uma anotação problemática de um julgador de enredo fez a Mocidade Independente de Padre Miguel abrir um recurso e reivindicar a divisão do título. Dessa forma, o ano terminou com duas campeãs, o que não acontecia desde 1998.
Paraíso do Tuiuti 2018
(Meu Deus, meu
Deus, está extinta a escravidão?)
Após fazer um desfile criativo mas marcado por um terrível acidente no ano anterior, quando a Paraíso do Tuiuti virou a curva da Sapucaí em 2018 ninguém imaginava o que estava por vir. Cotada para o rebaixamento diante do então modus-operandi da folia, a agremiação havia feito um pré-carnaval discreto e optado por encomendar seu samba-enredo a grandes compositores como Cláudio Russo, Moacyr Luz e outros nomes consagrados da escola, gerando uma obra que soube traduzir com criatividade e beleza as dores do tema abordado.
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Sem duvidas, a comissão de frente do Tuiuti em 2018 é a imagem desse marcante desfile. Foto: Gabriel Nascimento/Riotour |
Narrada pelo talentoso Jack Vasconcelos, que vinha se destacando em suas criações, a história da escravidão humana ao longo dos tempos começou já impactando com uma comissão de frente arrebatadora. Coreografado por Patrick Carvalho, o grupo mostrou a transformação de escravizados em Pretos Velhos e arrancou aplausos e lágrimas da plateia. A plástica bem amarrada do desfile entrou em sintonia com a vibração do belo samba e da grande atuação dos intérpretes, acompanhados pela bateria do Mestre Ricardinho. Não bastasse todas essas qualidades, o enredo perpassou a contemporaneidade, abordando o difícil momento político no qual o Brasil se encontrava – e encontra, sob outras figuras. Apontando que a escravidão estava longe de acabar, “manifestoches” e vampirões com faixas presidenciais foram os grandes destaque da alegoria “Neotumbeiro”, que rompeu a bolha do carnaval, conquistando as redes sociais e a imprensa internacional. A grande repercussão do desfile, que ecoou no seu momento histórico e social preciso, ajudou o Paraíso do Tuitui a conquistar um vice-campeonato inédito no maior desfile de sua trajetória.
Estação Primeira de Mangueira 2019
(História pra ninar gente grande)
Se o carnaval de 2016 revelou Leandro Vieira como um dos grandes artistas em ascensão e proporcionou uma nova roupagem à Mangueira, os anos seguintes coroaram a relação entre o carnavalesco e a escola. E essas considerações foram arrematadas após o carnaval de 2019. Inspirado em uma história alternativa à oficialidade dos livros didáticos, Leandro apresentou a versão anti-hegemônica do Brasil plural. No enredo, trouxe o olhar da população de diferentes etnias sobre os períodos de nossa história: a invasão que não foi descobrimento, o massacre indígena, a potência dos negros que resistiram à escravidão e formaram o país, a força de quem foi de aço nos anos de chumbo.
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A incontestável vitória verde e rosa com um carnaval para a história. Foto: Dhavid Normando/Riotour |
Nesse desfile, o carnavalesco reafirmou sua qualidade em criar signos e símbolos de forte apelo. Se não foi o carnaval mais requintado e luxuoso da Mangueira nos anos de Leandro Vieira, a originalidade ao retratar os heróis clássicos e os heróis propostos pela escola nos elementos visuais se harmonizaram com a narrativa adotada pela agremiação e a defesa das pautas ali colocadas. A força estética do desfile passava do Monumento às Bandeiras manchado de sangue, do casal Squel Jorgea e Matheus Olivério em uma brilhante apresentação, até as bandeiras de grandes personalidades brasileiras que encerraram o desfile. Na comissão de frente dos excepcionais Priscilla Mota e Rodrigo Negri, mais uma imagem marcante: os novos protagonistas da história ganharam os lugares dos nanicos nos retratos do tripé – de onde surgia a estudante Cacá Nascimento para erguer a faixa de “PRESENTE”, em referência à Marielle Franco, citada no samba. Este, que estourou a bolha carnavalesca antes mesmo de ganhar a disputa, era o melhor do ano, com letra inspiradíssima e assinado por Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Danilo Firmino, Márcio Bola, Silvio Moreira Filho (Mama) e Ronie de Oliveira, além de contar com a autoria de Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo. A escola fechou a apuração com a nota máxima, em 270 pontos, e a certeza de que o país se orgulhava da história dos índios, negros e pobres.
Grande Rio 2020
(Tatalondirá: o canto
do caboclo no quilombo de Caxias)
Uma década de reencontros e da chegada de uma nova e brilhante geração ao carnaval foram determinantes para construir essa última década. No encerramento da lista, mais uma escola retorna ao seu brilho essencial e esses preceitos se renovam na apresentação da Grande Rio de 2020. Após altos e baixos, vinda de um 9º lugar e de uma virada de mesa, a tricolor resolveu apostar em uma dupla de talentos que havia brilhado na Série A e na Intendente Magalhães: Leonardo Bora e Gabriel Haddad.
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De volta às origens, a escola buscou na própria história a retomada de sua identidade. Foto: Fernando Grilli/Riotour |
Responsáveis por desfiles de forte apelo artístico e densidade cultural, os artistas escolheram um enredo poderoso para a estreia e homenagearam o babalorixá Joãosinho da Gomeia, famoso por seu terreiro no município natal da escola. O enredo de forte identificação com sua comunidade teve ainda uma disputada escolha de samba que terminou exaltando a força de duas palavras: Pedra Preta – o caboclo guia espiritual do homenageado, muito bem colocado na letra da parceria vencedora liderada por Derê. Para completar a formação do time da agremiação de Caxias, estavam os veteranos e premiados Beth e Hélio Bejani, na comissão de frente, o intérprete Evandro Malandro, o casal Taciana e Daniel e o mestre Fafá. Após um grande pré-carnaval, a escola viu o título escapar mais uma vez por um problema no abre-alas, quando complicações para colocar seus destaques ocorreram. Empatada com a campeã Viradouro e consagrada vice-campeã, detalhes de evolução não tiraram o brilho criativo do desfile que apostou em adereços artesanais e muitas referências artísticas em uma narrativa muito bem desenvolvida sobre a rica história do homenageado.
Haja desfile bom! Para conseguirmos chegar a esses dez, muitos ficaram de fora! Mas não tema: separamos algumas outras grandes apresentações que deixaram seu lugar no coração do sambista e ganham nossa menção honrosa.
Unidos da Tijuca 2012 (O dia em que toda realeza desembarcou na avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão)
Salgueiro 2014 (Gaia, a vida em nossas mãos)
Portela 2014 (Um Rio de mar a mar: do Valongo à glória de São Sebastião)
Beija-Flor 2015 (Um Griô conta a história: uma olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial… Caminhemos sobre a trilha da nossa felicidade)
Salgueiro 2015 (Do fundo do quintal, saberes e sabores na Sapucaí)
Portela 2016 (No voo da Águia, uma viagem sem fim)
Mocidade 2017 (As Mil e Uma Noites de uma Mocidade prá lá de Marrakesh)
Mangueira 2017 (Só com a ajuda do Santo)
Viradouro 2019 (VIRAVIRADOURO)
O Carnavalize, a partir de seus critérios, fez essa seleção, estimulando a pensarmos o que foram esses últimos 10 anos. Fique à vontade para fazer seu ranking e enviar para nós nas nossas redes sociais! Qual o seu #TOP10 dos seus desfiles marcantes do Grupo Especial?! Queremos saber!
Além dos textos com as listas, o #PodcastDoCarnavalize também retorna trazendo os bastidores de cada escolha, das decisões, do que discordamos e concordamos, um dia após a liberação de cada #TOP10! Os membros do Carnavalize, de quarentena, reviram vários desfiles e votaram pelos 10 destaques de sambas, desfiles, comissões de frente, personalidade… É óbvio que não faltou debate! É conteúdo pra ler e ouvir durante as próximas três semanas! Se liiiga e carnavalize conosco!