A pedra, para o ser humano, representa a permanência do tempo. A camada externa e dura da Terra, a rocha.
A beleza sólida desse material é a essência de nosso planeta. E foi essa
beleza sólida que nossos ancestrais usaram como caminho para registrar
suas passagens pelo mundo.
Descobriu-se a beleza dos diamantes, de tantas pedras preciosas ou
semipreciosas e do ouro. Foi esta uma das primeiras atividades de
exploração dos homens no Brasil, mais precisamente em Minas Gerais, no
século XVIII. A partir de 1771, criou-se a Real Extração, sob o controle
da Coroa portuguesa, decreto que durou até mesmo depois da Proclamação
da Independência. Foram as primeiras pedras que trilhamos no nosso
caminho.
E vamos seguir pela estrada de Minas, pedregosa…
O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu e cresceu em Itabira, em
Minas. Da janela de seu quarto, costumava observar o perfil montanhoso
cujo destaque era o pico do Cauê.
‘’Chego à sacada e vejo minha serra, a serra de meu pai e meu avô, a
serra que não passa … Essa manhã acordo e não a encontro britada em
bilhões de lascas…”
Fora-se a Pedra, engolida pelo enorme trem, fora-se a pedra do poeta.
Outro escritor mineiro, Guimarães Rosa, enfocou “a biodiversidade do
cerrado e o relevo constituído pelo calcário, rocha maleável e moldável
pela ação das águas. O Morro da Garça só emite recados porque é uma
pirâmide no meio de Minas e de uma história imemorial do garimpo, da
pecuária, dos boiadeiros viajantes e da surda vidência sertaneja.”
Outra pedra que faz parte do nosso caminho é a Serra dos Carajás.
Recebeu o nome de seus antigos moradores – os índios Carajás. Segundo
suas crenças, eles nasciam do interior do solo – solo rico e pedregoso,
repleto de grutas. Quando nasciam, saíam desse mundo subterrâneo para ir
habitar a superfície.
A região é uma pedra enorme toda feita de ferro, e em seu entorno nascem
pequenas cidades. Segundo uma artesã do Centro Mulheres de Barro, na
cidade de Parauapebas, surgiram muitos conflitos por aquele rico pedaço
de chão.
A própria cidade é um amálgama de pessoas vindas de todos os cantos do
Brasil. Vêm do norte e do nordeste, do sul e do sudeste, vêm do centro e
vêm do leste. Todas sonhando em extrair daquela terra as muitas
riquezas que ela guarda. E acabam também formando uma amostra da
variedade do povo brasileiro.
A rocha mais antiga que conhecemos uma lasca com pouco mais de dois
centímetros, foi coletada na Lua pelos astronautas da nave Apollo. Tem
quatro bilhões de anos.
A nossa Terra, vista da Lua, ainda é linda, azulzinha… Até quando?
Rosa Magalhães
Bibliografia consultada:
Cosmologia e Sociedade Karaja – André Amaral de Toral – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Museu Nacional – 1992 – pags 145 a 162.
Pedra – O Universo Escondido – Denise Milan – S. Paulo – Bei Comunicação – 2018.
Maquinação do Mundo – Drummond e a mineração – Wisnik, José Miguel – 1a. edição-S. Paulo
– Companhia das Letras- 2018
Mitos e Lendas Karajás – Peret , João Américo – Rio de Janeiro 1979.
A margem do projeto ferro carajas – uma pequena contribuição a história social e cultural de Parauopebas Rocha, Avon Jose Araujo – 1980 – 2009
A história de Parauopebas Força e Trabalho em Carajá – Miguel Angelo Braga Reis – 2016