10 grandes artistas da nossa música que regravaram sambas de enredo



Por Leonardo Antan

O samba-enredo é um dos gêneros mais importantes da história da música brasileira, mas por sua produção abundante a cada ano, ele acaba circulando apenas no universo carnavalesco das escolas. Entretanto, vez ou outra, uma grande composição rompe as barreiras do nicho e encanta todo o país. 
Foi na década de 1960, com a chegada da classe média à festa e o aumento do público dos desfiles, que o gênero começou a se popularizar. Na mesma época, surgiram as primeiras gravações pelas escolas e logo o álbum anual dedicado ao gênero que faz parte da vida do sambista até hoje.
Não só artistas tradicionalmente ligados propriamente ao samba, mas também grandes nomes da MPB já emprestaram suas vozes às composições que romperam os minutos de vida da Avenida e das quadras, ganhando as folias nas ruas e os bailes, sem esquecer também das gravações de versões mais intimistas dos clássicos das discografias de várias escolas. Por isso, separamos grandes artistas da nossa música e suas regravações mais famosas de pérolas das escolas de samba.
1 – Elza Soares
Ícone da força feminina negra, Elza Soares tem sua carreira ligada intimamente às escolas. Foi pioneira em puxar um samba na avenida pelo Salgueiro, em 1969, com o clássico “Bahia de todos os Deuses”. Depois, teve uma marcante passagem pela Mocidade, que se tornou sua escola de coração. A diva fez parceria com o intérprete Ney Vianna entre os anos de 1974 e 76. Como voz principal, ainda deu expediente na folia de Niterói, na Cubango, onde eternizou o clássico “Afoxé”. Em sua discografia, Elza regravou clássicos imortais do imaginário do sambista como o próprio “Bahia de todos os deuses”, além de “Lendas e Mistérios da Amazônia”, “Heróis da Liberdade”, “O Dono da Terra”, entre outros.
2 – Clara Nunes
A eterna guerreira tornou-se  um dos maiores símbolos da Portela, com uma história intimamente ligada ao samba e à Águia de Madureira. Por isso, a dona dos cabelos esvoaçantes emprestou sua inconfundível voz não só para clássicos da reportório portelense, como “Macunaíma” e “Ilu Ayê”, mas para o belíssimo “Seca no Nordeste”, clássico da Tupy de Braz de Pina. Confira:
3 – Alcione
Outra grande cantora ligada a uma escola de samba que inseriu em seu repertório grandes hinos que marcaram os desfiles de sua agremiação do coração foi Alcione. A mangueirense já teve como canções de seus álbuns desde clássicos antigos, como “Grande Presidente”, de 1956, sobre Getúlio Vargas, até composições mais recentes, como a obra vitoriosa de 2002 sobre o Nordeste e o do ano seguinte sobre os Dez Mandamentos. Ambos contaram com a participação da bateria da Estação Primeira e do eterno Jamelão.
4 – Maria Bethânia
Quem me chamou? Se falou de Mangueira, chamou a Menina de Oyá, que antes mesmo de ser enredo campeão da verde e rosa, já homenageou as escolas de samba. Da própria Estação Primeira, Bethânia regravou o samba clássico de 94 sobre os Doces Bárbaros, o eterno “Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”. Indo pra Madureira, a voz marcante da diva fez uma bela releitura de “Das maravilhas do mar se fez o esplendor da noite”, hino portelense de 1981, que integrou o álbum “Dentro do mar tem rio”.
5- Emílio Santigo
Continuando no morro dos famosos barracões de zinco, outro torcedor ilustre da verde e rosa e regravador de clássicos da reportório das agremiações foi Emílio Santiago. Além de clássicos como “Sublime Pergaminho”, entre os anos de 1988 e 1994, o músico fez questão de reservar uma faixa de sua série de discos batizada de “Aquarela Brasileira” para as obras que tiveram destaque no ano respectivo. A empreitada começou em 1988 com clássicos como “Kizomba” e “Cem anos de liberdade, realidade ou ilusão?” e seguiu até 1994, onde ele fazia um “pot-pourri” com as obras mais populares do ano. A exceção foi apenas 93, ano o qual ele dedicou ao hino salgueirense “Peguei um Ita no Norte”. Compreensível, não?!
6- Elis Regina
Tida como uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, a imortal Elis Regina também teve em seu reportório clássicos da escolas cariocas. Das versões mais famosas da Pimentinha estão duas obras do Império Serrano, como “Tiradentes” de 1949 e samba campeão de 1972, sobre Carmen Miranda. 
7- Roberto Ribeiro
Mais um sambista ligado a uma agremiação que emprestou seu timbre aos clássicos de sua escola do coração foi Roberto Ribeiro. Esse era desses imperianos de fé! Compositor de obras que embalaram alguns desfiles do Reizinho, o músico, que fez sucesso nas décadas de 70 e 80, inseriu em seus discos clássicos como “Nordeste, seu povo, seu canto, sua glória”, “Alô, alô, taí Carmen Miranda” e “Bumbum paticumbum prugurundun”. 
8- Martinho da Vila
Fazendo uma parada em Vila Isabel, não tinha como esquecer um ícone da música brasileira e das escolas cariocas. Um dos maiores compositores do gênero, é óbvio que o rei Martinho não só dedicou faixas esporádicas de suas gravações, mas também álbuns inteiros sobre o gênero. Na lista, estão clássicos do reportório da Vila Isabel, claramente, além de composições suas de várias décadas, desde “Yayá do Cais Dourado” a “Festa no Arraiá” aos que embalaram os títulos de 88 e 2006. 
9- Nara Leão
Saindo do universo carnavalesco, outra grande cantora que fez história na música brasileira e também teve em seu repertório sambas das escolas foi Nara Leão, surpreendendo a muitos. A eterna musa da Bossa Nova, que depois se enveredou pelo samba de protesto, emprestou sua suave voz aos clássicos “Sublime Pergaminho” e “Nordeste, seu povo, seu canto, sua glória”.
10- Dudu Nobre
Fechando a lista com chave de ouro, voltamos às figuras mais ligadas ao carnaval. Dudu começou ainda novo no universo carnavalesco e dedicou trabalhos inteiros aos sambas clássicos da nossa folia. Primeiro com o CD “Os mais belos sambas enredo de todos os tempos”, de votação popular, que anos mais tarde deu origem a um DVD de mesmo nome com clássicos do repertório das maiores agremiações brasileiras gravado na Cidade do Samba. 

A lista é enorme e, então, para não nos estender tanto, outros cantores tiveram pelo menos uma obra do samba em seu repertório. Desde os mais clássicos da nossa esfera musical, como Chico Buarque e Caetano Veloso, até nomes de diferentes gerações do samba como Jair Rodrigues, que cantou clássicos do Salgueiro, Agepê releu sambas da Portela, além da  inesquecível Jovelina Pérola Negra numa imortal versão do hino da Em Cima da Hora de 1984.

As mangueirenses Beth Carvalho e Leci Brandão também cantaram hinos de sua agremiação. Passando por nomes mais curiosos como Zélia Duncan, Simone, Lenine, Fernanda Abreu. Para encerrar, valem duas menções honrosas. A primeira para Marisa Monte, que popularizou uma versão linda de “Lendas das Sereias, Rainhas do Mar”. A segunda ao nordestino Fagner, quem imortalizou obras sobre sua região de origem, como “Os Sertões” e “Seca no nordeste”.

Com tantos clássicos, reunimos os principais deles numa playlist do Spotify com todos os cantores citados. Dê o play e curta:

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