7-1 Carnavalize: sete vezes que o Anhembi explodiu com as Organizadas

Por Alisson Valério
Capa: Alan Morici/G1 | Arte: Carnavalize
Alô, amigos da rede Carnavalize! Se engana quem pensa que é só pelas arquibancadas dos estádios de futebol do estado de São Paulo que as torcidas organizadas fazem a festa, as Escolas de Samba de torcida organizada já sacudiram – e sacodem – muito as arquibancadas do Anhembi desde a sua inauguração em 1991. Todos os principais times paulistanos possuem sua representante no samba. São elas: Gaviões da Fiel (Corinthians), Mancha Verde (Palmeiras), Dragões da Real e Independente Tricolor (São Paulo). Mostrando que essas agremiações também já brilharam no chão sagrado do samba da terra da garoa, muito além de qualquer polêmica, selecionamos 7 grandes desfiles dessas agremiações. E aí, tá pronto? Simbora que o juiz já apitou e a bola vai rolar!

1- Gaviões da Fiel 1995 – Coisa boa é para sempre
“Me dê a mão, me abraça
Viaja comigo pro céu
Sou Gavião, levanto a taça
Com muito orgulho, pra delírio da Fiel”

(foto: SRZD)
Frustrados por um vice-campeonato no ano anterior, os Gaviões da Fiel vieram mordidos em busca do título inédito do grupo especial no ano seguinte. O enredo “Coisa boa é para sempre”, assinado pelo carnavalesco Raul Diniz, falava sobre as lembranças desde os tempos de criança e que ainda ajudava a celebrar os 25 anos de fundação da escola. O tema bem desenvolvido deu origem a um samba empolgante, que foi cantado pelas arquibancadas a pleno pulmões, antes mesmo do desfile começar. Com tanta empolgação, a agremiação fez um desfile de calar a boca dos famosos rivais de dentro das quatro linhas, levantando a torcida e, como sugeria o samba-enredo daquele ano, lavando a alma com o som da bateria. Título inédito conquistado com um samba-enredo que é lembrado por muitos até hoje.

2- Gaviões da Fiel 2002 – Xeque-mate
É hora da virada (vem amor)
Tenho fé e esperança (no coração)
O meu país menino vai mudar
E a felicidade há de brilhar! 

(foto: Ouro de Tolo/pedromigao.com.br)
Transformando a passarela do Anhembi em um tabuleiro de xadrez, os Gaviões da Fiel vieram em busca do seu terceiro título do Grupo Especial dando um xeque-mate nas guerras, impunidades e corrupções em uma grande jogada de mestre ao transformar o nosso país em um lugar de paz, com mais educação, mais moradia e segurança. Tão atual, não é mesmo!? Com a parte artística e estética assinada pelo grande carnavalesco Jorge Freitas, a escola foi com tudo tentando virar esse jogo. O resultado foi um desfile impecável, com a bateria sacudindo a multidão. Xeque-mate na avenida e nos adversário, resultado? Mais um caneco, o terceiro título do grupo especial conquistado com louvor.

3- Mancha Verde 2006 – Bem-aventurados sejam os perseguidos por causa da justiça dos homens…. Porque deles é o reino dos céus
O mundo não vai me calar
Injustiças não vão me deter
Das cinzas se renasce para a vitória
Na adversidade se aprende a crescer
São fatos que descrevem nossa história
O verde é a razão do meu viver

(foto: SRZD)
Um desfile que foi embalado pelo samba-enredo dito por muitos como o melhor samba da história da escola. O enredo que falava sobre os injustiçados e perseguidos na humanidade em geral e que culminava no momento vivido pela escola (e pelos Gaviões da Fiel também) no carnaval por ser uma escola de samba oriunda de uma torcida organizada de futebol e que foi assinado pelo carnavalesco Cebola. A escola não foi julgada por fazer parte de um grupo de escolas de samba desportivas, desfilando assim já com o título desse grupo pois os Gaviões da Fiel que também faziam parte desse grupo conquistaram o direito na justiça de ser julgada no grupo especial, fazendo com que a Mancha desfilasse sozinha nesse grupo, entretanto se fosse julgada entre as demais escolas do grupo especial terminaria na sétima posição. Superando várias adversidades durante o pré-carnaval como um incêndio em dois carros da escola na concentração apenas três dias antes do desfile, a Mancha Verde entrou na avenida no amanhecer do dia e emocionando a todos com o seu desfile. A Mancha renasceu das cinzas e fez um desfile inesquecível.

Desfile que foi reeditado em 2014 no Acesso depois um rebaixamento tido como polêmico pela comunidade sambista. A reedição desse desfile deu a escola o segundo lugar e o retorno ao grupo especial, lugar que ela merece estar.

4- Mancha Verde 2011 – Uma ideia de gênio!
É verde o sangue que corre na veia
Mancha, eterna guerreira
Uma ideia genial
Brilhando nesse carnaval

(foto: Daigo Oliva/G1)
Vindo de um Carnaval onde conquistou a sua melhor colocação no Grupo Especial (quarto lugar), a escola vinha empolgada em busca de algo a mais, para quem sabe buscar o título inédito na elite do carnaval de São Paulo. Para isso, a escola levou à avenida o enredo que falava sobre os gênios da humanidade, com a assinatura dos carnavalescos Pedro Alexandre “Magoo” e Fernando Dias. Fazendo um desfile tecnicamente perfeito, levantando a arquibancada com o seu ótimo samba, a agremiação alviverde acabou repetindo o quarto lugar do ano anterior e gerando uma certa polêmica no mundo do carnaval, já que se acreditava que a escola tinha feito um desfile merecedor de uma posição melhor. O grito de “É campeã” foi adiado, mas a Mancha Verde mostrou na avenida novamente a sua força no carnaval com uma belíssima apresentação.

5- Dragões da Real 2012 – Mãe, ventre da vida e essência do amor
Quem é que não te ama nessa passarela?
Que linda homenagem, Dragões!
Aplausos guerreira, brilhou sua estrela
Em nossos corações!

(foto: Flávio Morais/G1)
Criada em 2000, a Dragões da Real teve uma ascensão meteórica e estreou na elite do carnaval de São Paulo apenas doze anos depois da sua criação. O enredo escolhido foi assinado pelo carnavalesco Eduardo Caetano e falava sobre todos os tipos de mães existentes, como as mães da religião e as mães que integram a comunidade da escola. Que homenagem linda, não é mesmo? O desfile foi arrebatador do começo ao fim, assim como a história da escola no carnaval. A obra virou xodó de muitos sambistas, levantou a arquibancada, e o seu pedido de ser especial foi atendido. Estreou no grupo principal mostrando que não estava para brincadeira e pisou forte no Anhembi. O desfile conquistou a sétima posição, tornando-se a melhor colocação de uma escola que vinha do grupo de acesso no ano anterior e quase levando a escola para o desfile das campeãs no ano de sua estreia. Há seis anos no Grupo Especial, a escola só não voltou no desfile das Campeãs em apenas duas oportunidades (2012 e 2016), sendo a sétima posição em 2012 a sua pior posição conquistada no grupo especial, lugar que ela permanece até hoje com louvor e muito merecimento.

6- Dragões da Real 2017 – Dragões canta Asa Branca
Vem forrozear
Que o sanfoneiro vai tocar
Meu samba em forma de oração
Eu sou Dragões
É Asa Branca embalando gerações

(foto: Rodrigo Godoi/SASP)
Já estabilizada no grupo especial e sonhando com o dia em que o dragão alçará voos maiores, a escola resolveu cantar a história da música Asa Branca no sambódromo do Anhembi, com a assinatura de uma comissão de carnaval formada por Dione Leite, Jorge Silveira, Márcio Gonçalves e Rogério Félix. O resultado foi nada mais que o maior desfile da história da escola. Foi apontado por muitos especialistas e sambistas como a melhor apresentação do ano com sobras, emocionante do começo ao fim. Com um samba espetacular, que foi abraçado pela arquibancada do Anhembi desde o início e que, na opinião de muitos sambistas, é o melhor samba da história da escola, a escola acabou ficando no quase, o título escapou na última nota do último quesito (logo samba-enredo) e ficando na segunda colocação, sua melhor posição no grupo especial. Apesar de não ter sido campeã, a Dragões  deixou o seu recado e mostrou que o título no grupo especial é questão de tempo… Pode esperar!

7- Independente Tricolor 2017 – É mentira! 
Eu quero ver a esperança renascer
Chegou a hora de mudar
Um novo tempo vai florescer
E quem viver, verá

(foto: SASP)
A Independente Tricolor após diversos problemas que chegaram a levar a sua exclusão do carnaval paulistano ressurgiu, em 2009, com o nome de Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Malungos Independente, participando pela primeira vez do carnaval em 2010. A escola chegou ao Acesso em 2015 e já utilizava o nome de Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Independente Tricolor, nome que utiliza desde 2012 quando estava no Grupo 3 da UESP. Conquistou o acesso ao Grupo Especial em 2017 quando levou para a avenida um enredo que falava sobre as mentiras, enredo que foi assinado pelo carnavalesco Vinicius Freitas; O desfile chamou a atenção pela grandeza dos carros, pela técnica apresentada durante todo o desfile e pelo samba, que sendo muito divertido, conquistou a arquibancada e deu o tom, o qual precisava o desfile. O resultado não poderia ser outro e a tão sonhada vaga no grupo especial de 2018 veio com a segunda colocação conquistada no Grupo de Acesso. Um novo tempo floresceu e a Independente Tricolor fará parte do panteão das escolas de samba paulistas em 2018 com apenas oito anos de existência.  
O Grêmio Recreativo Esportivo Cultural Escola de Samba Torcida Jovem Santista estreou como escola de samba no carnaval paulistano em 2003 no grupo 3 da UESP, teve uma rápida passagem pelo acesso em 2011 e permanece até hoje no grupo 1 da UESP. Em 2018 levará para a avenida o enredo “O Corsário Elegante: O Terror dos Sete Mares”. O enredo será assinado pelo carnavalesco Pedro Pinotti.

Logo do enredo da agremiação para o carnaval 2018

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