Por Redação Carnavalize
Ano a ano cotada à briga pela permanência no Grupo Especial, após o ótimo carnaval de 2020, a São Clemente passou por uma reestruturação quase completa de sua equipe, dentre elas a saída do carnavalesco Jorge Silveira e a promoção de Tiago Martins, veterano da casa, ao cargo de carnavalesco da agremiação. Apesar de uma dança das cadeiras tumultuada até que se chegasse ao time atual, incluindo também troca de enredo, a São Clemente comoveu durante o pré-carnaval em razão da homenagem a Paulo Gustavo, ator e humorista que faleceu vítima de Covid-19.
A comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Júnior Scapin, trouxe um elemento alegórico rotacionável representando um camarim, com três andares. Em cada pavimento, ocorria alguma performance. Dona Hermínia, personagem icônica de Paulo Gustavo, foi retratada. O ponto alto da apresentação residiu no surgimento, em certo momento, de Dona Déa, mãe do homenageado, presença que emocionou o público. A comissão teve problemas ao longo do cortejo com a falha na iluminação do tripé, que já não era muito interessante em termos estéticos. Estreando como primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira no Grupo Especial, os irmãos Vinicius e Jack Pessanha, foram atrapalhados, no primeiro módulo, pelos guardiões ao redor. Eles fizeram uma coreografia com suas hastes que ofuscou a dupla, afetando a evolução de Vinicius e Jack, que chegaram a ficar um tempo parados, sem dançar. Já diante da última cabine de jurados, a bandeira dela, infelizmente, enrolou duas vezes.
Detalhes do figurino da Comissão de Frente (Foto: Pedro Umberto) |
O pertinente enredo acabou não saindo do lugar comum, tendo um desenvolvimento extremamente básico. Não se viu a tentativa de gerar imagens interessantes. As fantasias, apesar de serem de fácil leitura, de acordo com a falta de aprofundamento da proposta, sinalizaram a inexistência de um trabalho cromático. Muitos figurinos foram se desintegrando ao longo do desfile. Alguns eram de gosto duvidoso. O conjunto alegórico sofreu com problemas de acabamento, com peças, inclusive, despencando. Todavia, o último carro se destacou positivamente pela beleza. No geral, a escola não acertou plasticamente.
Uma das alegorias da São Clemente (Foto: Pedro Umberto) |
A Fiel Bateria, regida por mestre Caliquinho, foi o destaque positivo do cortejo, em que pese o recuo ter sido caótico, com abertura de buraco. Apesar de animado, o samba-enredo não levantou o público. Apontada por muitos como um problema antigo da São Clemente, a harmonia ficou devendo bastante.
No que diz respeito à evolução, a agremiação enfrentou problemas para fazer a curva com duas alegorias, o que se refletiu no andamento do desfile, que sofreu com a oscilação de ritmo. Em alguns momentos, a escola chegou a ficar parada na avenida.
Comprometida na maioria dos quesitos, a São Clemente deve, infelizmente, figurar nas últimas colocações, correndo sério risco de rebaixamento.