Ame ou odeie: 10 vezes que Paulo Barros foi o mais controverso dos carnavalescos

por Leonardo Antan

Quando o assunto é Paulo Barros é bom pegar a fila, seja para falar bem ou mal. O carnavalesco divide opiniões na folia carioca, sejam fãs calorosos ou críticos ferozes. Afinal, um gênio ou apenas uma fraude? Nunca saberemos! Fato é que desde que estreou no grupo especial em 2004, ele vem mexendo com a estrutura dos desfiles para o bem para o mal. Virou o queridinho da mídia e é uma das principais figuras da folia. Gênio revolucionário? Herdeiro de Joãosinho Trinta? Fraude? Repetidor de fórmulas? Seria ele o Romero Britto da folia? Afinal, qual seu veredito sobre Paulo Barros? Antes de decidir, confira algumas características que marcaram o estilo do artista e tire suas próprias conclusões.  

1 – Alegorias Humanas

Quando foi contratado pela Unidos da Tijuca em 2004, Paulo Barros já dava expediente no grupo de acesso por alguns anos e a escola do Borel amargava posições regulares. Mas o carnavalesco já chegou dizendo a que veio num desfile surpreendente que faturou um impressionante segundo lugar. No imaginário carnavalesco, ficou o inesquecível DNA no enredo sobre a ciência. Surgia então as chamadas “alegorias humanas” que viraram marca de Barros. É sempre uma grande massa de corpos coreografada formando a imagem a ser representada, o DNA, um pavão, uma barca. Com o sucesso, logo outros carnavalescos copiaram a fórmula. Mas é bem verdade, que Paulo não foi o primeiro a fazer alegorias nesse estilo (Vila 93 e Beija-Flor 88 tinham carros com estilo parecido), mas foi o carnavalesco da Tijuca que fez dessas alegorias uma das suas assinaturas. 

2  – A primeira impressão é a que fica 

Logo depois das alegorias humanas, outra parte do desfile que sempre tem a assinatura POP e hollywoodiana de Barros são inegavelmente as comissões de frente. Não foi sempre assim, nos primeiros anos elas não tinham tanto destaque, mas após a inesquecível troca de roupas de 2010, no emblemático desfile “É Segredo!”, os truques e as surpresas de deixar o queixo caído viraram obrigação. Entretanto desde que saiu da Tijuca em 2014, Paulo vem sofrendo para executar suas ideias surpreendentes, sem o casal Priscilla Mota e Rodrigo Negri, ele ainda não achou um coreógrafo que saiba executar seus truques com excelência e samba no pé necessárias. Será que em 2017 vai?

3 –  Fica, vai ter bolo!

Não foi só pelas coreografias e elementos surpresas que ficaram conhecidas os carros do eterno carnavalesco tijucano, mas os formatos também. Uma das acusações mais frequentes ao trabalho do artista é o uso da forma de “bolo” em suas criações. Seja louvando Gonzagão ou falando da Corrida Maluca ou o Drácula, o desenho alegórico em camadas é recorrente na trajetória de Barros. Falta de criatividade ou estilo? 

4 –  Virou Hollywood isso aqui

Há quem use e abuse dos anjos barrocos, outros de signos tropicalistas, já Barros tem em seu estilo uma assinatura escancaradamente pop. Os ícones e personagens usados pelo artista em seus desfiles são sempre tirados da cultura de massa e pop, principalmente do cinema. O enredo pode ser Ayrton Senna ou Gonzagão, mas com um desenvolvimento de enredo diferente ele dá seu jeito de colocar na avenida figuras que todo o grande público conhece, criando diálogo rápido e direto para além da folia e com quem não acompanha o carnaval o ano todo. Gostando ou não, preferindo anjos ou abacaxis, esse é um dos grandes méritos de Barros e motivo do seu sucesso junto a um público amplo.

5 – O rei do Pop

Um desses símbolos pop foi tão usado e reusado que virou uma das principais piadas envolvendo as repetições do carnavalesco. Em diferentes situações, com as mais inusitadas justificativas, o rei do pop Michael Jackson virou figurinha registrada do carnavalesco. Sua primeira aparição foi indireta em 2005, na ala que fazia referência a famosa coreografia de Thriller. Depois vários sósias do cantor caíram no samba em 2010, 11 e 12. A polêmica foi tanta que o próprio Paulo decidiu brincar com ela em 2013, colocando uma escultura escondida em referência a seu ídolo em meios aos vários bonecos de Playmobill no carro do desfile sobre a Alemanha. 

6 – Já vimos esse truque?

Além do recorrente formato de “bolo”, muito críticos do carnavalesco adoram dizer que nos últimos anos Paulo Barros perdeu a criatividade e só reproduz ideias e soluções já usadas em outros carnavais. Pistas de esqui, barcos que balançam, explosões, bate palminhas, coreografias e mais coreografias, são algumas cenas e elementos que se repetiram nos carnavais assinado por Barros nos últimos anos. Os truques são cansaram e não impressionam mais ninguém, ou ainda tem seus fãs cativos?

7 – Mas isso é fantasia? 

Em outro dos principais quesitos que é de responsabilidade do carnavalesco, mais polêmica em torno do trabalho de Paulo. As fantasias do artista são acusadas de serem muito simples, sem soluções criativas e o uso de elementos carnavalescos tradicionais como a pluma e bastante brilho. No estilo de Barros a simplicidade das formas impera numa leitura absolutamente simples, a fantasia representa o que de fato ela é, seja um personagem de desenho animado ou uma torta alemã, sem firulas. Gostando ou não, é uma interessante resposta ao luxo exagerado que tomam conta de algumas escolas. 

8 – É de enlouquecer amor…

A missão do artista pop parece ser realmente  mexer com todas as estruturas e elementos chaves que compõe um desfile de escola de samba, pelo menos na teoria. Paulo adoro inovar e mexer em algum setor e nos últimos anos vem chamando a atenção sua vontade de mexer um pouco nos pilares que constituem uma “porta-bandeira”. Seja literalmente incendiando a defensora do pavilhão ou jogando água na pista. Voltando um pouco nos carnavais assinados por ele, esse desejo parece não ser de hoje. Já em 2007, na Viradouro, ele causou polêmica com uma saia em forma de roleta no enredo sobre em jogos. Enquanto no ano anterior, na Tijuca, Lucinha Nobre fez as vezes de CD girando duplamente na avenida. 

9 – Gira baiana

É não foi só nas porta-bandeiras que Barros resolveu dá um sacode e juntar inovação e ousadia para tentar novas soluções para as fantasias, nem sempre acertando é verdade, mas tentando. Parece que alguém tem problemas com saias longas. Desde 2014, o carnavalesco que faz fez belas alas de baianas como 2010 e 2011, ousou demais nas fantasias das senhoras de onde passou criando roupas de gosto bem duvidoso e formas não convencionais. Mais uma das características dele para você colocar na sua balança.

10 – Uso de materiais alternativos

Uma característica que marcou a primeira fase do carnavalesco acabou se perdendo nos últimos anos e nos resolvemos abordá-la mesmo assim pois sentimos falta. Já antes no Acesso, no desfile da Paraíso do Tuiuti em 2003, Paulo procurava dar uma cara nova as suas alegorias com o uso de materiais poucos usuais na folia. Quando usou latas de tinta que formavam a coroa símbolo da escola de São Cristóvão no desfile sobre Portinari. No ano sobre as ciências, garrafinhas e canudos de plásticos fizeram as vezes de adereço. Em 2005, foram as panelas formando um enorme homem de lata do reino de Oz. Em 2006, as chupetas. Dois anos depois, bebês de plásticos que simbolizaram o arrepio do nascimento na Viradouro. E até mesmo plantas de verdade nos misteriosos Jardins Suspensos da Babilônia, em 2010. Entre outros. 
Amado ou odiado, a verdade é que Paulo Barros construiu uma carreira sólida e com o apoio da mídia, que abraçou como queridinho, ele se tornou um dos principais nomes da folia. Não só tornou seu nome grande e esperado, como mudou o patamar da Unidos da Tijuca, as levando para o topo da tabela. Se repetindo ou não, com erros e acertos como qualquer um, ele conseguiu criar um estilo próprio e que a gente reconhece fácil quando vê na avenida. O que sem dúvidas é um feito dos mais louváveis. 

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2 respostas

  1. Costumo dizer que o Paulo Barros é um gênio como carnavalesco e babaca demais nas atitudes. Bem ou mal, foi responsável pela última grande revolução nos desfiles do Rio.

    Sobre os bolos, o de 2012 é "carinhosamente" chamado de "bolo de p** duro"

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