#Carnaval2020 – União da Ilha: forte chão e crítica controversa dão o tom no desfile insulano

Por Redação Carnavalize
Sexta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí, a União da Ilha levou à Sapucaí um enredo realista, com os mesmos ares que apresentou a Beija-Flor, em 2018. Sem qualquer coincidência, Laíla, que fez o desfile campeão citado anteriormente, chegou à escola para reforçar a equipe insulana e afastar as chances de rebaixamento.
A comissão de frente trouxe uma mensagem sobre a importância da educação, amparada em um elemento cenográfico com uma escultura gigante de uma mulher grávida. A barriga se abria e uma criança saia de dentro para a inversão de ato; o segundo momento apresentava um grupo com diversos profissionais de diferentes ofícios, todos moradores da favela. A simples apresentação teve como ponto mais forte a traseira do elemento, que girava e trazia um livro com o rosto de Carolina Maria de Jesus e uma frase da escritora. Coreograficamente, não houve qualquer momento de maior empolgação. Representando Seu Zé e Maria Navalha, Phelipe e Dandara, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, foi o ponto de maior destaque do desfile. Apesar da indumentária exótica dos dois, o casal fez uma boa sequência de movimentos obrigatórios.
Segunda alegoria insulana trouxe cenas do cotidiano urbano. (Foto: Felipe de Souza)
Dentro do conjunto alegórico, o destaque vai para o carro abre-alas, sendo ele o melhor tradutor da proposta cênica, apesar de alguns equívocos, como as esculturas dos helicópteros que pediam paz e apresentaram narrativa confusa. A escola apostou em uma crítica concisa, aos moldes nilopolitanos, que não se desenhou nas fantasias e nas alegorias de maneira clara. A falta de um fio condutor e uma sequência lógica prejudicaram o desenvolvimento do enredo. As fantasias representavam profissões e seguiram uma sequência de imagens que não levavam a lugar nenhum, mas que tiveram algum êxito na tentativa de carnavalizar essas profissões. O conjunto deixou a desejar também na paleta de cores e no uso de materiais, além de não terem estabelecido um diálogo com as alegorias. Aliás, as próprias alegorias não estabeleciam uma comunicação interna do conjunto. A aposta cênica no carro que retratava um ônibus com imagens cotidianas, inclusive a de um assalto, se mostrou totalmente dispensável enquanto conteúdo a ser consumido na Avenida.
Alegoria que representou a justiça social e o desequilíbrio entre ricos e pobres. (Foto: Felipe de Souza)
A Baterilha foi um dos pontos altos do desfile. Apesar do samba de baixa qualidade, a harmonia da escola fez um ótimo trabalho e Ito Melodia conduziu brilhantemente o canto da escola. Com muitos problemas de evolução, a escola teve problemas com sua terceira alegoria e abriu um imenso clarão na pista, o que a fez correr para cruzar a pista. De toda forma, a escola estourou o tempo em um minuto.
Com um desfile repleto de equívocos narrativos, estéticos e erros de evolução, a Ilha deve brigar pelas últimas posições.

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