#GiroAncestral: 8 vezes que ousadia e tradição bailaram juntas na Avenida

Texto: Beatriz Freire e Juliana Yamamoto
Revisão: Leonardo Antan e Felipe Tinoco
Arte: Vítor Melo

Com nossa devida reverência, desfraldamos o pavilhão do Carnavalize para trazer hoje o terceiro e penúltimo texto da Série #GiroAncestral, depois de fazermos um breve introdução à arte de mestre-sala e porta-bandeira e de apresentarmos as parcerias mais longínquas dos casais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Se há um quesito rigorosamente atribuído à tradicionalidade pelo júri, ele é o de mestre-sala e porta-bandeira. É certo que a coreografia, as fantasias, os movimentos e até a posição no desfile foram atualizados ao longo dos anos; de certa forma, podemos dizer que essas mudanças tiveram sucesso, já que substituíram antigos protocolos e costumes. 
Porém, a ousadia dos casais, muitas vezes atendidas por esses defensores a partir dos pedidos de suas diretorias ou carnavalescos, nem sempre é recebida com bons olhos por quem os avalia. Assim, entoando Martinho Vila e também Unidos de Vila Isabel em 2018, rememoramos apresentações que tentaram aliar “o moderno e o tradicional”. Algumas, vale ressaltar, foram muito bem recebidas pelo público, mas nem tanto na aprovação do júri.
Para ver as apresentações citadas, basta clicar no link que colocamos nos subtítulos. 
Girar… o sonho de uma bailarina”… e, também, de uma porta-bandeira! Já pensou na mistura das duas em uma só? O enredo sobre o corpo humano, desenvolvido por Renato Lage, na Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1997, deu à Lucinha Nobre a chance de reunir melhor do que ninguém o combo “dois em um”, já que por anos dedicou-se ao ballet clássico, quando já dava passos na carreira de porta-bandeira. Ao lado do parceiro Rogério Dornelles, em um pas-de-deux do samba, Lucinha veio trajada como Odete, de O Lago dos Cisnes, com direito a tutu bandeja todo branco, contrastando com o verde de seu pavilhão. Nos pés, ficaram de lado os saltos ou botas para entrarem as ponteiras por baixo das sapatilhas de ponta. Suas guardiãs formavam o corpo de baile que compunha a apresentação. 

A fantasia da bailaria de Lucinha no desfile da Estrela da Zona Oeste em 1997. Foto: O Globo.

Apesar de diversos movimentos comuns, são distintas as duas danças, principalmente por uma ser erudita e a outra popular. Assim, o esforço de Lucinha, de ofício porta-bandeira, mas defensora nata da classe das bailarinas, não poderia deixar a desejar a nenhum dos dois lados. O desafio de manter o equilíbrio das pontas dos pés, sem titubear, para seguir a todo instante elegante ao portar seu pavilhão e executar o bailado ao lado do mestre-sala não foi o único ponto que impressionou. Se saias mais curtas são até hoje motivos de debate entre os jurados e os conservadores do quesito, imagine uma saia de bailarina, em que as pernas ficam inteiramente descobertas?! Só uma profissional tão segura e destemida como Lucinha poderia ter protagonizado tal feito. Na quarta-feira de cinzas, no momento de abertura dos envelopes, o casal ganhou três notas máximas, despontuado apenas pelo jurado Tito Canha, que atribuiu à apresentação uma nota 9. Apesar dos comentários controversos, Lucinha tem orgulho da primeira que foi uma série de grandes novidades em suas passagens pela Sapucaí. Será que outras ainda passarão nesse texto? A conferir!
Onde tem invenção com mestre-sala e porta-bandeira, tem Paulo Barros! O carnavalesco das alegorias humanas e invencionices também não pode ver um casal quietinho que já arruma motivo para dar o que falar. Em 2007, na Viradouro, o artista comandou o desfile “A Viradouro vira o jogo!” e não deixou os defensores do pavilhão alvirrubro escaparem de suas ideias. Vestido de crupiê, Julinho cortejava Simone, que representava uma roleta. A fantasia do mestre-sala era bastante simples; já a porta-bandeira usava uma saia quase tão curta quanto a de Lucinha Nobre como bailarina. Ao girar, a roleta soltava faíscas, em um show pirotécnico bem característico do artista responsável pela escola. 
A pirotecnia do porta-bandeira vestida como uma roleta de Cassino na Viradouro em 2007. Foto: Francisco Guimarães.
Um casal tão elegante quanto aquele se viu prejudicado no momento da apuração das notas, já que ganharam apenas uma nota dez e viram correr pelo chão sete décimos perdidos nas demais cabines. Beatriz Badejo, experiente julgadora do quesito, atribuiu a menor nota a Julinho e Simone, um 9,7, com a seguinte justificativa: “A escolha da saia curta (semelhante à de uma bailarina clássica) para a porta-bandeira causou uma impressão visual ruim e inadequada, deixando suas pernas à mostra e comprometendo o seu bailado”. Superado o descarte, Simone pareceu não se deixar abalar pelo desconto. No ano seguinte, ainda na Viradouro, em entrevista ao jornal Extra, revelou estar ansiosa por uma fantasia que seria ainda mais ousada que a do último carnaval. O que acabou não se realizando, apesar da empolgação da dançarina. 

Em 2012, a Mangueira levou para à Marquês de Sapucaí um enredo em homenagem ao bloco Cacique de Ramos, que naquela época completava 50 anos. Para o desfile, a escola contou com várias inovações, como a “paradona” da bateria e a apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Marcella Alves. Os dois vieram no terceiro setor, intitulado “Grande Carnaval”, e suas indumentárias representavam os blocos Cacique de Ramos e Bafo da Onça, rivais históricos do carnaval de rua. Para se apresentar em cada módulo, os ritmistas da bateria abriam passagem para o casal passar e, assim, começarem a sua apresentação. Além do início diferente, a fantasia da dupla também era muito fiel aos personagens que representavam. Marcella vinha como Bafo da Onça, com direito a todo o rosto pintado e a indumentária com as cores e a textura do animal. Já Raphael Rodrigues, que representava o Cacique de Ramos, tinha presente em seu figurino referências indígenas em um estilo estadunidense, tal qual o símbolo da organização homenageada. 
Marcella Alves e Raphael Rodrigues em desfile oficial da Mangueira em 2012. Foto: Valeria del Cueto.
Após o desfile, a apresentação da dupla teve uma grande repercussão, muito por conta de sua inovação e ousadia. Entretanto, na apuração, os jurados não viram o mesmo e tiraram décimos importantes do casal. Neste ano, a dupla recebeu as seguintes notas: 9,6/9,7/9,9 e apenas um 10. Em uma das justificativas, o jurado Tito Canha afirma: “Demandado alguns esforços deste julgador para entender o ‘modo’ como a escola apresentou o quesito, digo que não entendo como adequado o tratamento que a Mangueira dedicou a tão nobre e tradicional quesito. Falo de indumentária e espaço físico oferecido para a apresentação. O casal foi tratado como acessório da bateria, em uma performance de natureza duvidosa […]” 
Assim como Tito, outros avaliadores enfatizaram como problemas aspectos como a fantasia, principalmente a saia curta da porta-bandeira, a representação excessivamente teatralizada dos personagens e a interação junto com a bateria, influenciando diretamente na tradicionalidade da arte e no bailado. Outro fator levado em conta foi a demonstração de uma rivalidade, quando o simbolismo dos defensores do pavilhão envolve romantismo e parceria. Apesar do resultado negativo, quando perguntada sobre o desfile, Marcella diz que não se arrepende e que adorou a experiência, mas que não faria novamente. De fato, embora não terem alcançado o resultado desejado, a apresentação do primeiro casal na Estação Primeira em 2012 foi significativa. 
O casal com a parceria mais longínqua do carnaval, detentores de vários prêmios e presentes em vários títulos da Beija-Flor; Selminha e Claudinho levaram para a avenida em 2014 uma apresentação inovadora e que deu o que falar. Naquele ano, a Deusa da Passarela fez uma homenagem a José Bonifácio de Oliveira – o Boni – ao contar a história da evolução da comunicação. O primeiro casal vinha logo no primeiro setor representando o rei e rainha de um jogo de xadrez, demonstrando o fator da estratégia, tão presente na seara comunicacional. Em uma apresentação simultânea junto à comissão de frente, eles se tornaram parte do segmento. Além de serem julgados individualmente na defesa do quesito mestre-sala e porta-bandeira, também foram avaliados junto ao grupo de abertura. Em um espaço delimitado, os dançarinos realizavam o seu bailado com os movimentos obrigatórios. Concomitantemente, os componentes da comissão faziam suas coreografias em torno do casal. Houve também o uso de fumaça durante a encenação. 
Claudinho e Selminha em desfile oficial da Beija-Flor em 2014. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
A azul e branco apostava em uma apresentação ousada e vibrante, esperando um bom resultado por parte dos jurados, ainda que existissem os riscos. Na quarta-feira de cinzas, entretanto, as notas mostraram que os donos da caneta ficaram divididos. Enquanto dois deram a nota máxima, outros dois jurados deram 9,7 e 9,9 respectivamente. Em suas justificativas, argumentaram a interação com a comissão de frente e o espaço limitado para o bailado, prejudiciais à apresentação. Tito Canha não poupou críticas. Elencando vários pontos, o jurado enfatizou: “Não ficou claro o início da apresentação, sobretudo pelo fato do casal estar postado à frente da CF. O espaço cênico criado pela escola limitou o campo de dança do casal, impedindo a plena evolução do bailado. O julgador, em dado momento, teve sua visão obstruída por um elemento da comissão de frente. Este fato repetiu-se durante a utilização de efeito especial (fumaça) que escondeu o casal […]” 
Já nas notas de comissão de frente, a escola nilopolitana recebeu apenas um 10, com direito a um 9,9, um 9,7 e um 9,5. Em suas justificativas, os julgadores destacaram que toda ousadia e inovação trazem riscos e que a apresentação simultânea de dois quesitos prejudicou seu  entendimento e a principal função de uma comissão. Selminha Sorriso, em entrevista para o Ouro de Tolo, em 2015, perguntada sobre o desfile, afirma que era um sonho que poderia dar certo e, mesmo com o resultado, a tentativa foi válida. Apesar das críticas feitas por parte dos jurados, a inovação proposta pela agremiação de Nilópolis deixou sua marca. 

Após uma fase complicada, a estrela-guia de Padre Miguel buscava se reerguer e alçar novamente voos maiores no Grupo Especial em 2015. Para isso, contratou o carnavalesco Paulo Barros que faria a sua estreia na agremiação com o enredo “Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só te restasse esse dia?”. Em seu tom sempre polêmico, o artista levou para avenida um desfile recheado de surpresas, principalmente para o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira: Diogo Jesus e Lucinha Nobre.
Com a fantasia dos dois batizada de “O fim do mundo, de onde viria?”, a dama representava um corpo celeste em colisão com a Terra e, seu parceiro, a cauda de luz que acompanha sua trajetória, em uma alusão aos asteroides e cometas. Assim como no caso da Beija-Flor um ano antes, a apresentação da dupla aconteceu junto à comissão de frente. Após os componentes realizarem a sua primeira encenação, abriam passagem para o defensores do pavilhão iniciar o bailado em frente ao módulo de jurados. Em determinado momento, ocorria a integração do casal com a comissão, na qual se apresentavam simultaneamente. O ápice daquela situação ocorria quando Lucinha Nobre literalmente pegava fogo na avenida por meio de um efeito especial em seu figurino. O público presente na Sapucaí quase não conseguiu presenciar a ação, já que aquele domingo de carnaval foi castigado com uma forte chuva. Por sorte, na hora do desfile da Estrela Guia, São Pedro deu uma aliviada, ainda que o recurso visual não tenha demonstrado resistência e durabilidade.
Lucinha Nobre pegando fogo na avenida no carnaval de 2015. Foto: Claudio Andrade/Rio News.
Assim como aconteceu em 2014, com Claudinho e Selminha na Beija-Flor, os jurados também não viram com bons olhos a tentativa de inovação por parte da escola no quesito. Nas notas, Diogo e Lucinha receberam: 9,9/9,8/9,7 e 9,8. Luiz Carlos Correa comentou sobre a interação entre o casal e a comissão em sua justificativa: “[…] O casal precisa cuidar mais na incorporação e confiança nos movimentos da dança com o entrosamento da comissão de frente. A preocupação com efeitos especiais atrapalhou a dança.” Beatriz Badejo, outra avaliadora do quesito, também criticou a inovação proposta. Ela afirma que “[…] tal escolha comprometeu, ao meu ver, a posição de destaque que MS e PB ocupam tradicionalmente, dentro de suas agremiações, por sua importante função de proteger e conduzir o pavilhão respectivamente…”. A comissão de frente da Estrela Guia também recebeu notas baixas dos jurados: três 9.9 e um 9,8. 
Para o júri não ficou nítido o sentido da interação entre os dois quesitos, além dos efeitos especiais. Em entrevista para o jornal O Globo em 2019, Lucinha Nobre comenta que faria tudo de novo; não só quando pegou fogo, mas também quando veio de bailarina na primeira apresentação dessa lista. Mesmo com as notas, o casal surpreendeu a Sapucaí com sua coragem. 
A gente avisou que Paulo Barros foi um grande contribuinte para a formação deste texto, não é? Pela terceira vez nessa seleção, o carnavalesco designou ao casal uma indumentária que seguiu a proposta de seus conhecidos LEDs. Algumas primaveras anteriores, em 2013, o ex-comissário de bordo já havia produzido uma fantasia inteiramente preta com show de luzes para Marquinhos e Giovanna na Unidos da Tijuca. Mas com Raphael e Denadir ele foi além. No enredo “Corra que o futuro vem aí!”, em 2018, na Vila Isabel, o artista prometeu muitos efeitos especiais e os incorporou em todos os segmentos da agremiação. Vestido com a elegância que pede um mestre-sala, Raphael veio devidamente trajado em uma fantasia preta e dourada. Denadir acompanhava a identidade visual do parceiro apenas na parte superior da indumentária. Da cintura para baixo, em toda a extensão da saia, a porta-bandeira não tinha qualquer decoração que lembrasse uma fantasia de carnaval, mas somente uma tela de led que pesava 40 kg e reproduzia, ao acionar um botão, as imagens de fogo, elemento reproduzido pelo casal.

O enorme telão que Denadir vestiu no desfile de 2018 pesava em torno de 40kg. Foto: Alexandre Durão.
Impedida de desempenhar com a elegância e a técnica incontestáveis de seu bailado, Denadir foi mais um alvo das inovações que prejudicaram a arte do casal. Áurea Hämmerli, outra experiente jurada, descontou dois décimos do casal em seu módulo. Na justificativa, ela afirma: “Durante a apresentação, o casal não desenvolveu bem a coreografia, sendo prejudicado pelo peso e responsabilidade em fazer acontecer o efeito da saia do figurino. Durante a dança, senti os dois sem liberdade e seguindo roteiro, presos ao efeito. Também a figura da  PB foi prejudicada esteticamente. Saia curta onde botas não ajudaram na beleza da sua figura”. Discreta, Denadir não se pronunciou abertamente sobre a apresentação, mas sabemos que o desagrado passou longe de reproduzir o talento da veterana.
Em seguida, outro Paulo, dessa vez o Menezes, aplicou ao casal de mestre-sala e porta-bandeira no Império Serrano, uma instituição de raiz do carnaval carioca, uma ideia que, para muitos, era prenúncio de um problema. Ele propôs colocar os defensores do pavilhão para dançarem nas alturas. A apresentação foi realizada em cima do tripé da comissão de frente, que erguia o casal por um elevador até uma altura de dois metros do chão. Verônica, experiente porta-bandeira, revelou ao portal SRZD que um dos seus maiores desafios seria justamente estar tão distante do solo, já que tem fobia de altura. 
O palco onde o casal se apresentou no desfile do Império Serrano em 2019. Foto: Gabriel Nascimento/Riotur.
Abrindo os desfiles de domingo após a permanência em 2018, graças à virada de mesa da Grande Rio, a escola passava por um sério momento de dificuldades administrativas e financeiras. Para deixar a situação mais tensa, iniciou sua apresentação sob chuva na Sapucaí. Em cima da plataforma, apreensivos pela altura e atrapalhados pela chuva, o casal fez uma apresentação pra lá de insegura; Verônica enfrentou o contratempo do vento e chegou a enrolar o pavilhão em frente à cabine de jurados.
A apresentação da escola naquele ano é motivo de desgosto para os imperianos, que não ficaram nada satisfeitos com o rumo da agremiação. Nas notas, a julgadora Beatriz Badejo atribuiu um 9,7 à apresentação com a seguinte justificativa: “O G.R.E.S. Império Serrano procurou inovar, trazendo um novo espaço cênico para o casal de MS e PB, que foi erguido e conduzido, através de uma plataforma, ao elemento cenográfico da comissão de frente. Tal procedimento, por si só, não é penalizado […], mas nesse caso, além do piso molhado da chuva, gerou tensão ao bailado, sendo possível perceber uma certa dificuldade para dar início à exibição”. Apesar da apresentação falha, Diogo Jesus, em entrevista ao UOL, disse que o importante foi terem passado uma energia boa. 
Para encerrarmos a nossa lista, vamos a uma apresentação recente, ocorrida no carnaval de 2020. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, levaram para a avenida uma apresentação leal aos personagens que representavam e com uma “surpresa” ao final. Com o enredo “Guajupiá, Terra sem males”, os dançarinos possuíam uma fantasia intitulada “Irim-magé e purabore (mulher grávida) – os povoadores da terra”. A dupla realizou uma apresentação inspirada no mito de origem Tupinambá. Segundo a lenda, quando Monã castigou a humanidade, apenas Irim-magé foi poupado e levado aos céus. Vendo a sua solidão, Monã o ofereceu uma mulher para que pudessem povoar o mundo novamente. Baseado nessa lenda e nos seus personagens, o casal se apresentou diante dos módulos e, no final da coreografia, faziam uma encenação especial ao público, com o nascimento de uma criança. 
Marlon e Lucinha em apresentação oficial pela Portela no carnaval de 2020. Foto: Leo Cordeiro.
A Águia altaneira esperava boas notas no quesito, mesmo com os riscos tomados por parte da indumentária e a encenação final. Entretanto, os jurados não se envolveram a proposta da escola e o casal recebeu 9,9/9,8/9,9/9,9/9,8 em notas. A maioria dos jurados justificou a exagerada teatralização por parte do casal em representação aos personagens, a fantasia da porta-bandeira – uma saia muito grande – e a encenação do nascimento do bebê. O avaliador João Wlamir afirmou: “A pouca sutileza na terminação dos movimentos, provocada pelo excesso de teatralização, conduziu à uma perda de elegância do casal em alguns momentos, da sua dança. Obs: o nascimento da criança ficou gratuito e gerou um anticlímax na sua realização.”

Já a jurada Áurea Hämmerli também pontua isso em sua justificativa: “[…] o mesmo acontece para o figurino, nesse caso quando um não elemento esteve presente na roupa, indumentária da PB. O casal nesse momento precisa ter extremo cuidado, durante os ensaios e preparação“. Em uma de suas redes sociais, Lucinha desabafou após a quarta-feira de cinzas. A dama não esperava as notas baixas. Afirmou, porém, que qualquer observação de erro que fosse apontada nas justificativas seria corrigida com esmero. Independentemente do resultado, o primeiro casal da Portela levou à Sapucaí uma corajosa encenação. 

Campeã no quesito inovação, Lucinha Nobre tem uma lista grande de figurinos inusitados. Em 2006, ela se fantasiou de CD. Foto: Henrique Matos.
Haja inovação! Eles marcaram o carnaval com apresentações diferentes, um tanto quanto ousadas, mas sempre com o intuito de ajudar suas respectivas agremiações. Ao tentarem unir a tradição e as novidades no quesito, por meio de fantasias, interações com outros segmentos e efeitos especiais, estavam cientes dos riscos que tomariam. Tornou-se evidente que os jurados de mestre-sala e porta-bandeira sempre prezam pela tradicionalidade da nobre arte e nunca deixar o pavilhão como segundo plano durante uma apresentação. Apesar disso, é importante destacar estes profissionais por suas tentativas de inovações as quais, de alguma forma, marcaram suas épocas. 
E o que você achou da lista? Lembra das apresentações que citamos? Tem mais alguma que gostaria de ter visto aqui? Conte pra gente e sempre acompanhe a nossa série #GiroAncestral. Quarta que vem, o último texto dessa temporada!

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