#GiroAncestral: a cumplicidade do casal faz desabrochar uma longa parceria

Texto: Beatriz Freire e Juliana Yamamoto.
Revisão e edição: Felipe Tinoco e Leonardo Antan.
Arte: Vítor Melo.
No segundo texto da série #GiroAncestral, depois de
destrincharmos o quesito em sua história, movimentos, vestimentas e itens no
texto de estreia, é
chegada a hora de conhecermos mais sobre os homens e as mulheres que assumem os
papéis de defensores e condutoras dos pavilhões das escolas de samba.
Como foi relatado na introdução à arte de mestre-sala e
porta-bandeira, a cumplicidade é fundamental para o bom entrosamento de um
casal. A troca enamorada de olhares e o notório laço de parceria são dois dos
maiores aliados para o bailado sincronizado. Se antigamente apenas a beleza do
pavilhão estava subordinada ao julgamento, hoje, apesar dele ainda ser o
elemento principal, o casal importa e muito para a avaliação do quesito no
desempenho de suas funções. Podemos dizer, assim, que um casal é a base
fundamental que auxilia a percepção do protagonismo e da soberania de um
pavilhão perante ao júri.
Ao longo dos anos, as escolas de samba contaram com inesquecíveis
representantes de seus símbolos e cores; alguns tiveram a experiência de
trabalhar com diversos parceiros, outros firmaram verdadeiros casamentos de
sucesso que se estenderam e duraram até onde seus braços, pernas e ombros
aguentaram servir a estes nobres cargos. Reverenciando a incrível capacidade do
encontro de corpos educados de maneiras tão distintas, mas que se juntaram com
maestria e complementaram um ao outro em verdadeiras duplas de sucesso da
folia.
Vem conferir nossa homenagem os casais de mestre-sala e
porta-bandeira que por mais tempo se mantiveram juntos no posto principal das
escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Começaremos pelas praias carioca antes de pousar no Anhembi!
Delegado e Neide (21 carnavais juntos)
Os antigos carnavais também têm
espaço garantido na nossa lista e trazem a nostalgia de um casal inigualável na
história da folia. Delegado, carinhosamente chamado de “mestre dos
mestre-salas” e Neide, uma porta-bandeira que fez história na verde e
rosa, carregaram juntos os pavilhão mangueirense por vinte e um carnavais,
dezoito deles consecutivos, a partir do ano de 1954.
Delegado já era mestre-sala da
escola há dez anos e fazia dupla com Nininha, quando, no referido carnaval,
Neide passou a ocupar o posto de porta-bandeira ao seu lado. A entrega e paixão
dos dois pela dança, traduzidos em tanta elegância, criaram um bailado único e
muito enamorado. Os rodopios e o V da vitória são marcas inconfundíveis da
porta-bandeira; Delegado nunca tirou nota menor que dez e assumiu também cargos
como diretor de bateria, harmonia e ritmista na escola. Os dois ficaram
separados por seis carnavais, depois da saída de Delegado, enquanto Neide
seguiu no cargo e teve como companheiros mestre-salas também históricos: Élcio
PV, Rogerinho e Roxinho. No carnaval de 1978, Delegado retornou ao posto para
dar continuidade ao casamento de sucesso com Neide, que à época já lutava
contra um câncer que tentou esconder até quando foi possível, para não ser
cortada do desfile.
Delegado e Neide dançam juntos. Foto: Reprodução Sonhos de Carnavais.
O último ano dos dois como casal
de mestre-sala e porta-bandeira foi no carnaval de 1980. Como dissemos da
introdução, muitos casais só encerraram suas parcerias quando se viram
impedidos pelos próprios corpos, depois que já tinham ultrapassado seus limites
em nome do compromisso e do amor pela escola. Foi uma preparação para contarmos
o final desta vitoriosa dupla. Neide estava cada vez mais magra com a
progressão da doença e fato chegou a motivar um pedido para que suas fantasias
fossem menos pesadas. Ela vestiu o verde e o rosa, como cria do morro e
apaixonada pelas cores, como ela mesma disse em entrevista ao Jornal do Brasil,
até quando seu corpo não conseguiu mais sustentar. Em 1981, Cosme e Damião
perderam uma grande devota; a Mangueira perdeu uma das suas maiores e mais
fiéis profissionais de todos os tempos e o carnaval, por fim, chorou com a
partida de uma grande porta-bandeira. Neide deixou sua trajetória marcada nas
páginas da festa ao lado de Delegado, que após a morte de sua parceira de mais
de duas décadas seguiu como mestre-sala da Mangueira por mais oito carnavais.
Em 1998, Delegado foi condecorado com a Medalha Pedro Ernesto, concedida pela
Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ele marcou presença na escola até a
velhice e, em 2012, o mestre faleceu. Certamente, foi bailar com Neide no
infinito.

Marquinhos e Giovanna (22 carnavais juntos)
Ocupar um cargo na Estação
Primeira é uma verdadeira herança. Para Giovanna, esse presente, ou essa,
missão poderia ter chegado mais cedo, mas foi frustrado pelas negativas que a
moça tinha dado a seu pai, dirigente da escola, e a Ivo Meirelles, que
reforçava o coro de insistência para que ela assumisse o cargo de primeira
porta-bandeira, confiando em seu talento. Na Mangueira do Amanhã, a
escola-mirim da Estação Primeira, ela já fazia dupla com Marquinhos. Se
pudéssemos fazer os cálculos fora do posto de casal oficial, certamente os dois
beliscariam uma posição ainda mais alta nesta crescente de anos acumulados em
parceria. Em 1995, os dois estrearam como defensores de uma das mais
tradicionais agremiações cariocas, com a mesma responsabilidade que tiveram
Neide e Delegado. Eles não decepcionaram. Por vinte e dois carnavais ostentaram
com maestria a linda bandeira de cetim em verde e rosa, faturando pela escola
dois dos quatro títulos que conquistaram juntos, em 1998 e 2002.

Os lindos sorrisos dos dançarinos ao empunhar e defenderem o pavilhão mangueirense. Foto: André Coelho.

Em 2010, pela primeira vez à
frente de outra escola, vestiram amarelo e azul para ostentar o pavilhão da
Unidos da Tijuca. Tanta experiência e entrosamento renderam quatro notas dez e
um nove vírgula nove descartado da quinta cabine, contribuição fundamental para
o título que a escola conquistou depois de setenta e quatro carnavais. Pelo
Borel, repetiram o feito em 2012 e integraram mais uma vez o time campeão com a
pontuação máxima do quesito, quatro notas dez. A parceria duraria mais um ano
na Tijuca, até fazerem a troca com um casal já citado, Julinho e Rute, que
ocuparam a vaga por eles deixada na Tijuca quando partiram para a vizinha Vila
Isabel, onde só dançaram por um único carnaval, em 2014.

Em 2016, depois de um ano
sabático, foram contratados pela Viradouro e no ano seguinte defenderam as
cores do Paraíso do Tuiuti. Logo em seguida, foi anunciada a separação do
casal, que garantiu ter mantido a amizade e o respeito de sempre. Giovanna
segue atuante até hoje, ao lado de Fabrício Pires, com seus inconfundíveis
giros e mastro alto, heranças dos tempos de aprendiz em Mangueira. 

Chiquinho e Maria Helena (24 carnavais
juntos)
Quando ouvimos alguém dizer que o
amor pelo samba está no sangue, não faltam exemplos para ilustrar. Um dos
maiores deles é o desta dupla que está presente no imaginário de muitas
gerações de apaixonados pelo carnaval carioca. A relação geracional, aliás, é
justamente o que identifica nosso casal: Chiquinho e Maria Helena são
mestre-sala e porta-bandeira, cavalheiro e dama e também filho e mãe.
Mãe e filho participam da comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense em 2018. Foto: Gabriel Nascimento/Riotur.
A mineira Maria Helena chegou
ainda menina ao Rio de Janeiro, aos 15 anos de idade, para trabalhar como
empregada doméstica e costureira. Sua carreira teve início em blocos e passou
por escolas como a Unidos da Ponte, União da Ilha e Unidos da Tijuca, até se
reencontrar novamente com a Imperatriz Leopoldinense em 1982, agremiação pela
qual teve uma ligeira passagem no carnaval de 1977. Maria Helena é dona de um
giro solto e ao mesmo tempo saltado inconfundível. Acostumado a ver a mãe ensaiar
em casa e  frequentar as quadras,
Chiquinho desenvolveu rapidamente o talento de um jovem mestre-sala. Sua boa
desenvoltura garantiu sua estreia como primeiro mestre-sala no ano de 1984, na
Imperatriz, já com a nota dez. Era apenas o início de uma vitoriosa, premiada e
memorável parceria que transcende a Avenida.
Como um rei e uma rainha,
seguiram coroados em Ramos por vinte e dois carnavais. As raízes familiares da
dupla ainda se estenderam para Elizangela, segunda porta-bandeira da escola,
nome que Maria Helena por anos preparou para passar o seu bastão de primeira
porta-bandeira, como uma verdadeira herança. Foram campeões pela primeira vez
em 1989, com o famoso “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós”,
de Max Lopes. Fica aqui o registro que o casal não desfilou no ano de 1993 por
terem sido cortados por Luizinho Drumond antes do desfile, tendo sido
substituídos por Jerônimo e Neide. A partir de 1994, com Rosa Magalhães
assinando sozinha os desfiles da escola, foram campeões mais cinco vezes. Em
2005, em uma discussão conturbada, Chiquinho e Maria Helena sofreram com a
pressão do título que escapou das mãos da Imperatriz e se despediram da escola.
Já com sessenta anos, ela dançou por mais dois carnavais junto do filho pela
Alegria da Zona Sul, onde encerraram suas carreiras. Há alguns anos voltaram a
frequentar a Imperatriz Leopoldinense e são constantemente homenageados pela
escola que teve a felicidade de ver defender suas cores com grande maestria de
dois dos maiores nomes do quesito, donos da parceria duradoura que consagrou o
talento familiar.
 
Ana Paula e Robson (26 carnavais juntos)
Alguns casais levam o “namoro” da
dança e a troca de olhares mais à risca do que outros. Robson Sensação e Ana
Paula são um bom exemplo. Há impressionantes trinta anos juntos, eles se
conheceram em 1990, quando a paquera não tinha a internet como facilitador.
Robson, que já era o primeiro mestre-sala da Viradouro, começou a lançar suas
investidas sobre Ana Paula, que tinha acabado de chegar à escola depois de um
concurso para a escolha de segunda porta-bandeira da agremiação. Uma semana
depois, veio da diretoria a notícia da promoção da moça ao cargo de primeira
porta-bandeira da escola; nasceu, assim, uma história de amor e companheirismo
dentro e fora da Avenida. A passagem dos dois enquanto casal pela alvirrubra de
Niterói durou pouco. Depois da estreia, em 1991, tomaram logo o caminho da Leão
de Nova Iguaçu, escola na qual também só permaneceram por um carnaval. Na
Caprichosos, foram contratados após uma vitória unânime de um concurso com mais
vinte e três casais, e lá permaneceram por quatro anos com notas máximas, como
revelaram em entrevista ao site Feras do Carnaval. Contaram ainda com muitas
escolas no currículo, passaram ainda pela Grande Rio – a convite de Alexandre
Louzada – e pela União da Ilha do Governador, todas com chuva de notas dez.
A felicidade do casal ao defender o pavilhão da Viradouro em 2009. Foto: Regina/ginasant.
O ano de 2001 marcou o carnaval de reencontro do
casal com a Caprichosos de Pilares. Sem qualquer dúvida do prestígio que
tinham, só deixaram a escola em 2005, quando não participaram do carnaval
daquele ano por questões políticas. A partir daí, novas descobertas e mais
reencontros cruzaram o caminho dos dois, sempre muito valorizados. De volta à
folia em 2006, permaneceram por dois anos no Império Serrano e por um breve
carnaval na Porto da Pedra. Foi defendendo as cores do tigre de São Gonçalo,
aliás, que Ana Paula conquistou seu primeiro Estandarte de Ouro, no ano de
2008. Sondados pela vizinha, o casal sensação aceitou o convite da Viradouro
para retornar à escola em que tudo começou; a segunda passagem durou três anos.
Em mais um reencontro, dançaram pela Mocidade, em 2012, onde Alexandre Louzada,
o mesmo carnavalesco que os levou para a Grande Rio no final dos anos 90,
assinaria o carnaval. Por fim, encerraram a passagem pelo Grupo Especial em
2013, empunhando o majestoso pavilhão portelense. Incontestavelmente
entrosados, admiradores da tradição da dança do casal de mestre-sala e
porta-bandeira mas atentos às exigências de inovação do júri, Robson e Ana
Paula são donos de cumplicidade e leveza raras. Em 2014, desfilaram pela Santa
Cruz e também defenderam as cores da Guerreiros de Jacarepaguá em 2018. Na
apuração do carnaval de 2020, conquistaram junto com a Em Cima da Hora a vaga
de retorno à Sapucaí pela Série A. Mais do que um prazer testemunhar a
trajetória de vinte e cinco carnavais em atividade, é uma alegria tê-los de
volta à Marquês de Sapucaí.
 

Claudinho e Selminha Sorriso (29 carnavais juntos)
Um casal exemplar. Talento,
simpatia, dedicação e entrosamento foram componentes fundamentais e comuns a
Claudinho e Selminha Sorriso, que formam a dupla defensora do cargo principal
de mestre-sala e porta-bandeira mais duradoura. Coincidência ou não, o ano de
estreia como casal pela Estácio de Sá já deu aos dois o sabor do campeonato com
a pontuação máxima do quesito. Pela vermelho e branco continuaram até o
carnaval de 1995, quando se despediram da agremiação e embarcaram num voo sobre
as asas de um beija-flor que os conduziu até Nilópolis a convite de Laíla. 
A dança do histórico casal em mais um campeonato pela Beija-Flor, em 2015. Foto: Fábio Rosso/O Globo.
Na Deusa da Passarela, colecionam
notas máximas e nove campeonatos, recorde de conquistas entre os casais de
mestre-sala e porta-bandeira. Fazendo shows pelo exterior e reconhecidos pelos
carnavais de diversos estados do Brasil, os dois compartilham vinte e cinco
destes vinte e nove anos totais de trajetória como casal principal do
Acadêmicos do Campo do Galvão, escola de samba de Guaratinguetá, em São Paulo,
onde são presença confirmada após o desfile oficial do Rio de Janeiro.
Parceiros de uma vida inteira, não houve um ano sequer que não tenham defendido
juntos o mesmo pavilhão desde que dançaram pela primeira vez. Selminha, além de
dona do sorriso mais famoso do carnaval, é a maior campeã do Estandarte de Ouro
ao lado de Jamelão: foram seis prêmios que a elegeram a melhor do quesito a
cada ano. No que depender do amor, disposição física e vontade comum, Selminha
e Claudinho continuarão juntos por um bom tempo, já que mantêm a excelência de
seus trabalhos e são verdadeiras majestades na escola de Nilópolis. Vai ser
difícil superar a marca estabelecida por esses dois.

Mestre Gabi e Vivi (11 anos de parceria)

Pegando nossa tradicional ponte-aérea, chegamos ao Trevo da Barra Funda,
que possui em sua história um dos casais mais emblemáticos e marcantes do
carnaval de São Paulo: Mestre Gabi e Vivi Martins. Tudo iniciou no carnaval de
1983, quando o então passista recebeu o convite da porta-bandeira do Barroca
Zona Sul – na época, Alice dos Santos – para ser seu parceiro. No desfile,
ainda na Avenida Tiradentes, Mestre Gabi e Alice entraram como segundo casal,
posto que não recebia nota. Entretanto, naquele ano, o diretor de harmonia
informou aos jurados para que os avaliassem. O resultado foi a pontuação máxima
e o início de uma linda história no mundo do samba.
Mestre Gabi e Vivi escreveram sua história no Camisa Verde e Branco, sendo um dos casais mais importantes da escola. Foto: reprodução Facebook.

A partir daí, pulamos quase dez
primaveras no tempo. O ano era 1991 e marcava a estreia do Sambódromo do
Anhembi. A menos de um mês para o carnaval, a diretoria do Camisa descobriu que
a atual primeira porta-bandeira da escola estava grávida e impossibilitada de
desfilar. A responsável por treinar o casal oficial decidiu chamar Vivi, rainha
de bateria da Mocidade Alegre que sonhava em ser porta-bandeira do alviverde. O
atual mestre-sala na época recusou-se em desfilar, e, em razão disso, chamaram
seu marido, Mestre Gabi, para formarem o novo casal oficial. Logo no primeiro
ano foram nota máxima e campeões, iniciando uma parceria de muito sucesso e
vitórias. Além do título de 1991, o casal foi campeão também em 1993. A dança
tradicional e elegante tornou-se sua marca registrada e também referência e
inspiração para os novos casais que surgiram. Dançaram por 11 anos
ininterruptos, de 1991 a 2002, e conquistaram o título de casal do século e
soberano do carnaval, apresentando-se até hoje no Anhembi, ainda nos brindando
com sua elegância e parceria.

Ednei Mariano e Maria Gilsa (17 anos de parceria)

Após uma passagem na Barra Funda, desembarcamos
na Freguesia do Ó, que em sua grandiosa história presenteou os foliões com um
casal muito importante para o carnaval paulistano: Ednei Mariano e Maria Gilsa.
A parceria de muito sucesso, porém, foi iniciada antes, no carnaval de 1983 no
Acadêmicos do Tucuruvi. Nessa época, o Zaca estava no Grupo 2 (atual grupo de
Acesso) e procurava novos defensores pro pavilhão da agremiação. Ednei, que já
atuava como mestre-sala no Barroca Zona Sul, foi convidado. O responsável por
apresentar Maria Gilsa foi Seo Jammil, presidente da agremiação. Ao se
encontrarem, foi amor à primeira vista
pela dança um do outro e, desde então, não desgrudaram. Estiveram de 1983 a
1986 na azul e branco. No período de 1985 a 1987 também defenderam o pavilhão
da Renascença da Lapa.

 

Ednei e Gilsa com vibrante fantasia em desfile oficial do Rosas de Ouro. Foto: Carlos Ricon.

Maria Gilsa encantava todos com
seu doce sorriso, mas principalmente pelo bailado forte. Nascida em Ipiaú, na
Bahia, trocou a cidade por São Paulo aos 9 anos para trabalhar como empregada
doméstica. Em 1973,  defendeu o pavilhão
da extinta Primeira do Itaim Paulista pela primeira vez. A partir daí não parou
mais, tornando-se uma das porta-bandeiras mais consagradas da Terra da Garoa.
Após o carnaval de 1994, recebeu o convite para defender o pavilhão oficial da
Rosas de Ouro, junto de Ednei. Até então, os dois haviam dado uma pausa na
parceria em 1987, dançando com novos parceiros nos anos seguintes. Permaneceram
até 2001 na azul e rosa, onde criaram uma história inesquecível, com
apresentações impecáveis e notas máximas.

A arte de mestre-sala e porta-bandeira
corria na veia da dupla, que mesmo após encerrar suas carreiras, desfilaram em
2004 como casal de honra no Acadêmicos do Tucuruvi e 2006 a 2008 no Rosas de
Ouro, firmando 17 anos de cumplicidade. Gilsa faleceu no ano de 2008, deixando
como legado sua alegria e sua energia, seu forte bailado e a sua filha, também
porta-bandeira, Adriana Gomes. Ednei é atualmente o presidente da AMESPBEESP
(Associação de Mestres-salas, Porta-bandeiras e estandartes de São Paulo),
perpetuando seu conhecimento para outras pessoas
Michel e Ildely (17 anos de parceria)
Imaginem um casal que acompanhou
a sua agremiação no seu primeiro ano no Grupo Especial, que esteve ao seu lado
em vitórias e glórias, mas também em derrotas. A dupla que tem o sangue preto e
branco correndo em suas veias e que dedicaram 17 anos de sua carreira a uma
única agremiação: Gaviões da Fiel. Este dois artistas do samba são Michel e
Ildely. Ambos já frequentavam a alvinegra na época em que ainda era um bloco e
acompanharam toda sua ascensão. A trajetória dos dois começou em 1990 já como
defensores oficiais do pavilhão. A partir daí, iniciaram uma história de muito
amor e integridade à bandeira da preto e branco por 17 anos ininterruptos.
Como casal soberana, a dupla desfile em 2010 na Gaviões da Fiel. Foto: Lilian Romanelli.

Com a carreira dedicada à escola
da torcida corinthiana, a dupla esteve não só presente em todos os títulos da
preto e branco (1995, 1999, 2002 e 2003), mas também acompanhou-a nos seus
piores momentos, como em 2005 e 2007, quando bailaram no Grupo de Acesso. Os
dois enfrentaram alguns problemas em apresentações, como no ano de 2000, na
ocasião em que o costeiro da porta-bandeira caiu na segunda cabine de jurados e
prejudicou sua evolução. Ou em 2006, com a quebra do mastro da dama em plena Avenida.
Nenhuma circunstância, porém, apaga o brilho de uma história de lealdade, com
apresentações regulares e várias notas máximas. Após encerrarem suas carreiras,
receberam o título de casal soberano do Gaviões e até hoje são inspirações para
os novos casais da alvinegra. 

 Pingo e Paulinha (16 anos de parceria)
“Vem novamente à disputa, meu povo à luta, Vai-Vai”. Mais um casal
em nossa lista que possui sangue preto e branco e vem dedicando a sua carreira
na arte de mestre-sala e porta-bandeira à uma única escola. Reginaldo Pingo e
Paula Penteado, mais conhecidos como Pingo e Paulinha, possuem seus nomes
marcados na história da Saracura e sobretudo no carnaval de São Paulo, sendo
uma das parcerias mais longas e que se perpetua até hoje. Paulinha é da família
dos fundadores da escola. Seu bisavô, Frederico Penteado, foi um deles. Começou
a desfilar pela agremiação em 1986, na ala das crianças. Já Pingo chegou na
escola do povo em 2001, atuando como terceiro mestre-sala. A parceria dos dois
se iniciou no carnaval de 2006, quando tiveram a difícil missão de substituir
Renatinho e Fabíola, outro casal consagrado do carnaval paulistano. O resultado
foi tão positivo que a dupla dança junta até hoje.
Pingo e Paulinha em
ensaio técnico para o carnaval 2020. Foto: Felipe Araújo/LIGASP.

Antes do ano de estreia como
casal oficial, Paulinha era segunda porta-bandeira ao lado de Paulinho Santa
Cruz. Após a saída do primeiro casal, assumiram o posto. Porém, faltando 40
dias para o desfile, Paulinho precisou se desligar da agremiação por
compromissos profissionais e passou o pavilhão para Pingo assumir. Foram dias
intensos de ensaio, correndo contra o tempo. A dança dos dois fluiu
magnificamente e logo no primeiro ano já foram nota máxima. Em sua trajetória,
possuem três títulos do Grupo Especial (2008, 2011 e 2015) e um do Grupo de
Acesso (2020), além de vários prêmios e apresentações sempre impecáveis e
regulares. Para o carnaval de 2021, vão para o seu décimo sexto ano de
parceria.

Jairo e Simone (26 anos de parceria)
“E toda gente que é feliz, em breve saberá de cor…” O nosso último
casal da lista é o que possui a parceria mais longa do carnaval de São Paulo:
26 anos. Jairo Pereira e Simone Gomes formaram uma linda dupla não só dentro da
passarela, mas como fora dela. A maior parte de suas carreiras tem sido
defender o pavilhão da Tom Maior. Os dois se conheceram em um baile e, nessa
época, Simone já era segunda porta-bandeira do Pérola Negra. Começaram a
namorar e Jairo a fez escolher entre ele e o carnaval. A dama decidiu pelo
carnaval, pois era seu sonho ser primeira porta-bandeira. Entretanto, o
namorado não desistiu de sua parceira e, depois desse episódio, teve seu
interesse pela festa despertado, acompanhando a namorada no desfile do Pérola
na Avenida Tiradentes. Assim, ele começou a mergulhar de vez na folia,
participando de concurso de casais nos anos seguintes ao lado da irmã de Simone
e, desde então, não parou mais.

Jairo e Simone no desfile da Tom Maior em 2020. Foto: Felipe Araújo/LIGASP.
A história dos dois com a Tom
Maior começou no carnaval de 1994, quando bailaram pela primeira vez juntos ao
pavilhão oficial da agremiação. Permaneceram até o carnaval de 2004, quando também defenderam o pavilhão do Império da Casa Verde no Grupo Especial. Em 2006, retornaram
a Tom Maior e desde então nunca mais saíram da agremiação, permanecendo até os
dias de hoje com a parceria mais longínqua do carnaval de São Paulo, sendo 25 anos
apenas na vermelho e amarelo. Com uma dança tradicional e muito elegante, a
dupla marcou e vem marcando história na escola da Sumaré.
FIM! 
Eles encantaram e ainda encantam
por onde passam, seja na Marquês da Sapucaí ou no Sambódromo do Anhembi. Juntos
criaram um forte laço e uma parceria duradoura e que gerou bons frutos pelas
agremiações que defenderam. Escreveram histórias, participaram de desfiles
marcantes, fizeram apresentações impecáveis. Dedicaram parte de suas vidas em
prol desta nobre arte e em prol do pavilhão que defendiam. Tornaram-se
inspiração e exemplo para os novos casais que surgem, além de sempre
estarempresentes em nossa memória carnavalesca.

Qual é o seu casal favorito da
lista? Gostou de saber um pouco mais sobre as duplas? Acompanhe a nossa série
#GiroAncestral que acontece toda quarta-feira em nosso site! Carnavalize
conosco!

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