#SÉRIEDÉCADA: Os 10 sambas mais marcantes no carnaval paulistano na década


A #SérieDécada traça um panorama de tudo que aconteceu nestes últimos anos, com texto novo todas as segundas, quartas e sextas-feiras. A segunda década desse século, iniciada em 2011 e finalizada no carnaval que acabou de terminar em 2020, trouxe muitas reviravoltas e transformações para a folia!

Além disso, nos dias seguintes às divulgações dos textos – ou seja, terças, quintas e sábados – um podcast especial será lançado com nossos comentários em áudio sobre os desfiles, os bastidores das escolhas, e as nossas divergências de opiniões!

Como é impossível fazer uma seleção que agrade não só às leitoras e aos leitores, como também aos integrantes do Carnavalize de forma unânime, cada categoria também contará com menções honrosas que por pouquíssimo não entraram na listagem principal.
Texto de Juliana Yamamoto, com colaboração de Leonardo Antan.
Artes e visual: Vítor Melo.

Voltamos para a Terra da Garoa com o nosso panorama sobre a última década da folia para conhecer os sambas-enredos que marcaram história na trajetória das agremiações paulistanas. De 2011 a 2020, fomos presenteados com grandes e inesquecíveis obras musicais que ajudaram a refrescar o gênero e embalar grandes desfiles. 
Se no Rio de Janeiro os sambas passaram por um forte momento de transformação, como conferimos no texto sobre as grandes composições de lá, o período na festa do Anhembi foi mais instável, com altos e baixos. E é unanimidade que nos últimos anos as safras deixarem cada vez mais a desejar, sobretudo com um julgamento que caneta as obras bem menos do que deveria. Ainda assim, não se pode deixar de dizer que há compositores que brilham e produzem grandes obras para o carnaval de São Paulo no Grupo Especial. Então vem com a gente para relembrarmos esses grandes clássicos paulistanos!
Mais uma vez, registramos que a lista não tem ordem hierárquica. Ela está disposta de forma cronológica. 
Vai-Vai 2011
“A Música Venceu”
Compositores: Zeca do Cavaco, Afonsinho, Ronaldinho FDQ e Fábio Henrique.

A Saracura agora vem cantar! O Vai-Vai é uma das escolas mais tradicionais de São Paulo. Não à toa é comumente intitulada como “Escola do Povo”; a que mais interage com o público no Sambódromo e costumar contagiar as arquibancadas como poucas conseguem fazer país afora. Além de sua história e tradição, a força dos seus sambas-enredos contribui bastante para esses momentos catárticos na avenida. Com grandes obras em toda trajetória, em 2011 a preto e branco emocionou com um samba-enredo sobre a vida e a carreira do maestro João Carlos Martins.

A obra foi assinada pela parceria do Zeca do Cavaco, um dos compositores que mais tem história vitoriosa na escola, em que ganhou várias disputas. Fator fundamental na grande apresentação do Bixiga, o samba, considerado um dos melhores de 2011, conta com uma letra forte ao retratar com muita eficiência os principais pontos da vida do maestro. Um dos versos mais importantes e emocionantes diz que “Na sua fé, resistiu, e a dor da adversidade, suplantou, com muita garra e amor”, referindo-se ao acidente que João Carlos sofreu e tirou parte do movimento de suas mãos.  Esses versos que consistiam no refrão do meio da composição foram muito bem interpretados por Wander Pires, em sua estreia na folia paulistana. Acompanhado por seu carro de som, o artista fazia um interessante contra-canto com os outros intérpretes. A brilhante atuação de Wander ajudou a eternizar a canção, tornando-a uma das obras mais inesquecíveis e emocionantes que já passaram pelo Anhembi.
Mocidade Alegre 2012
“Ojuobá – No Céu, os Olhos o Rei… Na Terra, a Morada dos Milagres… No Coração, um Obá Muito Amado!”
Compositores: Fernando, Leandro Poeta, Renato Guerra, Rodrigo Minuetto, Thiago e Vitor Gabriel.
O rufar do tambor vai ecoar! Um dos maiores desfiles da década de São Paulo foi embalado por um grande e forte samba-enredo, à altura da apresentação que conquistou o primeiro título do tricampeonato da Mocidade Alegre. Dessa forma, consagrou-se como uma das maiores obras da história da tricolor do bairro do Limão. O samba composto por Fernando, Leandro Poeta, Renato Guerra, Rodrigo Minuetto, Thiago e Vitor Gabriel se destacou desde as eliminatórias ao traduzir muito bem o enredo em comemoração ao centenário do escritor Jorge Amado. A homenagem teve como fio condutor o seu livro “Tenda dos Milagres” e proporcionou um samba que contou com maestria o que foi visto no Anhembi.

A letra da obra possui trechos marcantes e a transição entre os setores também era de fácil compreensão, como no trecho: “E assim, cruzando o mar de Yemanjá aponta o seu oxé a nos guiar. Raiou o sol da liberdade a quebrar correntes. E nessa terra o negro vence”, referindo-se ao setor “Dos Braços de Yemanjá às Ladeiras da Lendária Bahia… O Negro é Livre!”. Também se percebe uma nítida alusão ao setor “Obá de Xangô Pelas Mãos de Mãe Senhora… Um Obá Muito Amado!”,  pelos versos “No Ylê a sua luz brilhou, a mão de Mãe Senhora o consagrou. Eternizado, é coroado Obá de Xangô”. A qualidade melódica também é característica potente desse samba, junto a dois grandes refrões que sabem evocar a ginga ao falar da Bahia e nos transportar para o estado nordestino. Uma obra irretocável e que se tornou trilha sonora de um desfile imponente da Morada.

Mancha Verde 2012
“Pelas Mãos do Mensageiro do Axé, a Lição de Odu Obará: a Humildade”
Compositores: Armênio Poesia, Channel e Fredy Vianna.
O dia veio anunciar. A humildade é a voz da nação… O ano de 2012 trouxe uma grande safra de sambas-enredos nas terras paulistanas, quando muitas escolas levaram para avenida obras de alto nível. Uma delas foi a Mancha Verde. O enredo era “Pelas Mãos do Mensageiro do Axé, a Lição de Odu Obará: a Humildade”, que contava a história de um príncipe que simbolizava uma das 16 peças do jogo de búzios, Odu Obará. Ele era um de 16 irmãos príncipes que tinham como missão ensinar aos homens os valores necessários para a vida. Por intermédio desse enredo poético, a verde e branco presenteou os foliões com um samba emocionante, extremamente tocante e muito forte. 

O samba foi composto por Armênio Poesia, Channel e Fredy Vianna. Fredy também fez a sua estreia como intérprete oficial da agremiação, na qual permanece até hoje. A alviverde foi a primeira escola daquele ano a escolher a sua obra e também a primeira do Brasil a realizar a final de concurso de samba-enredo ao vivo pela internet para todo o planeta. A escola levou para um estúdio os compositores dos três sambas finalistas, no qual os mesmos se apresentaram. Essa transmissão também contou com os diretores da bateria Puro Balanço – na época, uma dupla formada por Mestre Caju e Mestre Moleza -, a ala musical e os diretores de vários setores. Essa inovação proposta pela Mancha Verde proporcionou que milhares de internautas pudessem acompanhar a final. O fato do samba-enredo ser narrado em primeira pessoa, com Odu Obará transmitindo uma mensagem a todos, tornou-o ainda mais marcante. Trechos como “Oh senhor, perdoai a humanidade, iluminai a consciência pra guiar essa mudança” e “vou guardar no coração, levar em minhas mãos a mensagem de esperança” traduzem a importância do enredo e fazem esse samba se tornar ainda mais emocionante e inesquecível. 
Águia de Ouro 2013
“Minha missão: O canto do povo, João Nogueira”
Compositores: Diogo Nogueira, Ciraninho, Rafinha, Leandro e Serginho Castro. 

Ninguém faz samba só porque prefere… Após um ano traumático, o Águia de Ouro buscava se reerguer após um 12° lugar. Para isso, escolheu uma homenagem ao cantor e compositor João Nogueira. Fazendo jus ao homenageado, a azul e branco encantou o Sambódromo do Anhembi com a qualidade do seu samba-enredo e a força da comunidade, terminando na terceira colocação. A obra é considerada uma das melhores da safra e também da história da escola da Pompéia. Com o enredo “Minha missão: O canto do povo, João Nogueira”, assinado pelo carnavalesco Claudio Cebola, o samba-enredo teve como um dos compositores ninguém menos Diogo Nogueira, filho do homenageado.

Diogo Nogueira foi um dos compositores do samba-enredo para o seu pai. Foto: Iwi Onodero / EGO – Agência Reuters

A obra foi um dos principais destaques do pré-carnaval e também do desfile do Águia. Ela foi resultante de um processo conduzido internamente e já chamou a atenção assim que foi apresentado para o público na voz do intérprete oficial da agremiação, o Serginho do Porto. A letra de fácil compreensão conta a trajetória da vida de João, destacada em passagens como “Ê vida boa…no Méier labareda no olhar. Ê vida a toa… boêmio a luz do luar. Ê vida voa… o Clube do Samba desperta saudade”. Os versos se referem à cidade na qual o homenageado nasceu e viveu e também ao bloco Clube do Sambe, que Nogueira ajudou a fundar . Já em relação à sua escola de samba de coração, uma azul e branca carioca, o samba continua: “Vem, vem poeta nos braços da paz, ver a Portela de tempos atrás, realizar o seu sonho de bamba...”. Outro ponto a se destacar é a melodia, diferente dos padrões que estávamos acostumados a ver escutar em São Paulo. As variações melódicas contribuíram para elevar a qualidade da obra, como nos trechos “Compor mais um lindo samba… canta sabiá, vai resplandecer; a nação Xingu não vai se render” e “Hoje o espelho é você… e o meu medo maior é o espelho se quebrar…”. A ótima qualidade musical impulsionou uma grande apresentação da Pompeia. Se não fosse o estouro do tempo regulamentar prejudicando, a Águia teria conquistado o primeiro título da sua história, que só chegou agora em 2020.
Vai-Vai 2015 
“Simplesmente Elis – A fábula de uma voz transversal do tempo”
Compositores: Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos e Ronaldinho FDQ. 
Na batucada da vida, um samba no Bixiga vai amanhecer! A Escola do Povo volta a aparecer na nossa lista e com mais um tributo a um grande nome da música brasileira. Dessa vez saindo do erudito para a MPB, recordou de forma tocante uma das maiores cantoras nacionais: Elis Regina. A obra assinada novamente pela parceria do Zeca do Cavaco se destacou na safra do respectivo ano e foi a principal responsável por um desfile emocionante e com uma boa comunicação entre o público presente.

O enredo “Simplesmente Elis – A fábula de uma voz transversal do tempo” gerou um dos sambas mais marcantes da história da Saracura. Um dos principais destaques da obra é o refrão principal que lembrava a canção “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, eternizada na voz da cantora, com o “Lare larera lare larera lare la re rerere”. Esse verso foi entoado pelos componentes durante o desfile e também caiu no gosto do público do Sambódromo, o que ajudou a alavancar e emocionar ainda mais a apresentação. O interessante é que o trecho não existia na versão concorrente e foi inserido após o samba-enredo ser escolhido. Outros trechos marcantes do samba passearam por citações a canções famosas interpretadas por Elis. A melodia forte, que é característica dos sambas da Saracura, contribuiu para a qualidade musical da composição, que cresceu ainda mais na valente interpretação de Gilsinho. Tantos aspectos positivos fizeram desse um dos casos dos sambas que caíram nas graças do povo e deram a tônica imponente ao desfile da preto e branco. “A grande estrela deste meu país” tornou o Vai-Vai a estrela do carnaval de São Paulo em 2015 com uma composição inesquecível.
Unidos do Peruche 2016
“Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba…100 anos de samba, minha vida, minha raiz”
Compositores: Jairo Roizen, Ronny Potolski, Madureira, Marcelo Madureira, Alex Barbosa, Bagé, Toni, Tubino, Igor Vianna, Thiago Sousa, Gilson, Meiners e Victor Alves.
O meu batuque ecoou, um lindo canto de amor, a filial chegou! Naquele ano, a Unidos do Peruche retornava ao Grupo Especial após 5 anos no Acesso paulistano. Para se firmar na elite do carnaval, a Filial do Samba levou para a avenida a temática sobre o centenário do samba. A agremiação conseguiu garantir sua permanência e também nos presenteou com um dos sambas mais marcantes do ano, afirmando sua tradição na folia do Anhembi. 

O enredo, assinado pelo carnavalesco Murilo Lobo, fez uma justíssima homenagem iniciando as comemorações aos 100 anos de “Pelo Telefone” (Ernesto dos Santos e Mauro de Almeida), considerado o primeiro samba registrado do gênero. A escolha da obra foi feita por meio de um concurso com eliminatórias abertas ao público. Desde o início, o samba-enredo composto pela parceria de Jairo Roizen se destacou e ganhou vários admiradores nas redes sociais, além de uma torcida cada vez maior. O concorrente campeão passou por algumas mudanças, mas nada que tirasse o brilho da obra final. Com uma melodia envolvente e letra fácil, a composição passeia por toda história do samba desde o seu surgimento. Interessantes variações melódicas acompanham a letra que cumpriu muito bem a função de fazer alusões a grandes clássicos do gênero homenageado, inclusive o mais marcantes deles, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Como diz a obra, “a filial chegou” ao principal grupo do carnaval paulistano e permaneceu com a ajuda de um grande samba-enredo que marcou a sua história e também a da década. Viva o samba!
Dragões da  Real 2017
“Dragões Canta Asa Branca”
Compositores: Thiago SP, Turko, Leo, R. Malva, Rodrigo Atração, Renne Campos, 
Alemão da Ilha, Paulinho Miranda e Tigrão.
Vou me embora, seguir meu destino… Saindo do samba para o baião, e da tradição perucheana para a inovação da Vila Anastácio. Desde que surgiu ao Grupo Especial nos primeiros anos da década, a Dragões buscava se afirmar e conquistar seu primeiro título. Apesar de uma das escolas mais jovens do carnaval paulistano, a agremiação tricolor apresentou desfiles técnicos nos quais se tornou evidente a força da sua comunidade. Isso contribuía para o retorno ao desfile das campeãs e na esperança que o sonhado título logo chegasse. Porém, faltava uma peça muito importante que fez a diferença (ou quase) em 2017: samba-enredo. Com o enredo baseado em dos maiores clássicos da música popular brasileira, a canção Asa Branca, parecia uma difícil missão traduzir os versos de Luiz Gonzaga em samba-enredo, mas a agremiação teve uma disputa musical de alto nível. Recebendo 8 concorrentes, selecionou 5 por meio de uma audição interna e os mesmos se apresentaram na Caverna do Dragão. 

A obra composta pela parceria encabeçada por Thiago SP contava a vida do nordestino com versos muito marcantes. A letra da composição narrada em primeira pessoa era totalmente envolvente e “chamava” para cantar junto. Um dos trechos mais marcantes é o segundo refrão, com os versos: “Sou nordestino arretado, sim sinhô e na bagagem trago o sonho de vencer, oh Rosinha, sem ocê não sei viver”. O verso de chamada, antes do refrão principal, também se destacou: “Não chore não, viu que eu vortarei, viu, pro meu sertão”. Outro trunfo da agremiação foi a excelente iniciativa de contar com a simpatia do cantor Fagner para entoar versos originais da canção de Gonzagão, tanto na gravação para o álbum dos sambas, quanto na apresentação oficial no Anhembi. Esse fator, aliado à simpatia da obra e à sua qualidade técnica, foi um grande trunfo para uma verdadeira explosão no Anhembi. Assim, o elemento que faltava para um cortejo definitivamente marcantes da tricolor finalmente chegou.  Uma pena que o final não foi da forma como gostariam, terminando em segundo lugar, mas deixou na memória dos foliões paulistanos o maior samba da história da escola.

Vai-Vai 2017
“O xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu – Menininha, mãe da Bahia – Ialorixá do Brasil”
Compositores: Edegar Cirillo, Marcelo Casa Nossa, André Ricardo, Dema, Leonardo Rocha e Rodolfo Alves.

Bate cabeça, abre a roda pra saudar… Mãe Menininha do Gantois! Transformando o Anhembi num grande Xirê, o Vai-Vai voltou a apresentar uma grande obra musical em um tributo a uma das grandes líderes religiosas da história brasileira. Com sua identidade musical bem delimitada, a Escola do Povo no brindou mais uma vez com uma composição digna de nota, registro e o que valha! Antes mesmo da escolha do samba oficial a ser entoado pela Saracura, a disputa da preto e branco movimentou o pré-carnaval de São Paulo com uma campeonato interno acirrado entre grandes composições em suas eliminatórias. 

O samba de Mãe Menininha viralizou nas redes sociais na voz de Grazzi Brasil que ganhou destaque na disputa. Foto: Felipe Araújo.

Nessa disputa, destacou-se o samba 8, encabeçado por Edegar Cirillo, que começou a repercutir de forma meteórica nas redes sociais, ganhando uma torcida cada vez maior. Fazendo surgir também uma das maiores personalidades da década do carnaval de São Paulo: Grazzi Brasil. A cantora ficou conhecida por dar voz à versão concorrente junto de Igor Sorriso, além de registrar uma gravação solo. A obra ganhou tanta força dentro da comunidade que a apresentação nas eliminatórias era sempre uma catarse, mostrando que não poderia existir outro campeão. A parceria conseguiu desbancar Zeca do Cavaco e Zé Carlinhos, que colecionavam vitórias na Saracura, como os dois outros sambas da agremiação nesta lista.

O samba possui uma melodia envolvente e letra muito forte.“Iaô ô iaô que lindo arco íris que oxumaré pintou” se tornou um “terceiro refrão” após o samba ser escolhido. Um outro  lindíssimo trecho diz que “Eu vou lavar a alma nas águas de oxalá e sinto que o amor resplandeceu, o bem e o dom que deus lhe deu”. Confirmando seu efeito catártico mostrado na disputa, a canção se tornou um caso a parte nos ensaios técnicos. O público vinha junto com a escola e tornava a apresentação ainda mais intensa e única. Apesar do desempenho não ter sido o mesmo no desfile oficial, isso não diminui o brilho de um dos maiores sambas da década da Terra da Garoa.

Rosas de Ouro 2018
“Pelas estradas da vida, sonhos e aventuras de um herói brasileiro”
Compositores: Aquiles da Vila, Guiga Oliveira, Fabiano Sorriso, JC Castilho, 
Marcus Boldrini, Rafa Crepaldi, Rapha SP, Salgado Luz e Vaguinho.
Razão do meu viver, vou te emocionar, quando a Roseira passar… A Rosas de Ouro voltava a sonhar com seus tempos áureos. Após o retorno às campeãs em 2017, a escola da Freguesia do Ó almejava voos maiores e para isso decidiu contar a vida dos caminhoneiros no Anhembi. Apesar do desfile ter sido bem abaixo plasticamente, o samba-enredo foi um dos principais pontos positivos e também um dos mais marcantes da safra. 

Já nas eliminatórias da Roseira, a obra que se tornaria a vencedora começou a receber um grande apoio da comunidade. Deu, assim, mais um título para a parceria encabeçada pelo compositor Aquiles da Vila, uma das mais vitoriosas da história da azul e rosa. Os sambas de 2009, 2010, 2011, 2017 e 2020 também são deles. Partindo para uma análise da letra, os versos foram narrados em primeira pessoa contando sobre a vida do caminhoneiro, com uma letra de fácil entendimento. “Canta o galo ao despertar, chegou a hora. Adeus, já vou me despedir, amor não chora” faz referência à partida de casa para uma nova jornada. Também se destaque uma bonita passagem em homenagem a São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Outros trechos marcantes são os dois refrães, empolgantes e com uma leve melodia, fazendo todos cantarem junto. O samba teve um ótimo desempenho na avenida, mesmo que o espetáculo visual não tenha acompanhado a boa qualidade musical.
X-9 Paulistana 2019
“O show tem que continuar! Meu lugar é cercado de luta e suor, esperança num mundo melhor!”
Compositores: Arlindo Neto, André Diniz, Cláudio Russo, Márcio André Filho, 
Marcelo Valência e Darlan Alves
Samba de arerê pra você voltar, Zona Norte é Madureira… O último samba da nossa lista é sem dúvidas um dos mais emocionantes. A X-9 Paulistana, após a permanência no Grupo Especial no ano anterior, decidiu apostar em uma justíssima homenagem ao cantor e compositor Arlindo Cruz. Para isso, a agremiação da Parada Inglesa contou com a ajuda do filho do artista – Arlindo Neto – e outros amigos e parceiros do homenageado, como André Diniz e Cláudio Russo, para compor o samba-enredo.

O enredo foi assinado pelo carnavalesco Amarildo de Mello e contou com uma grande obra à altura do homenageado. Ao invés do que aconteceu no carnaval passado, a escola decidiu encomendar o samba e contou com nomes de peso na parceria, como os já comentado. Márcio André Filho, Valência e Darlan Alves também estavam presentes. Para a divulgação da canção, foi realizada uma grande festa na quadra que contou com vários convidados. O samba possui uma letra forte e muito emocionante, com trechos marcantes como: “Aquela, que sente na pele, as chagas da vida, a dor do país, X-9 a cantar, conduz até seu lugar a luz” e o marco “Não subestime um filho de Xangô a recompor a vida…”. A melodia é diferente do que estamos acostumados a ver em São Paulo, assim como o falso refrão do meio. De qualquer forma, caiu no gosto dos foliões paulistanos e tornou-se inesquecível, embalando uma emocionante homenagem em vida a um dos maiores sambistas do nosso país. 
Menções honrosas
Escolher os sambas mais marcantes da década foi uma tarefa difícil. Para isso tivemos que procurar composições que alinhassem qualidade melódica e beleza em letra. Ao chegar em 10 obras, algumas precisaram ficar de fora. Isso não diminui a sua importância na folia paulistana, visto que também marcaram de alguma forma o seu respectivo ano. Por conta disso, também separamos uma lista com mais algumas obras que por pouco não estiveram entre os escolhidos principais.
Pérola Negra 2011: Abraão, o patriarca da fé
Compositores: Mydras, Carlinhos, Regianno, Michel e Bola.
Acadêmicos do Tucuruvi 2013: Mazzaropi: o adorável caipira. 100 anos de alegria
Compositores: Felipe Mendonça, Maurício Pito, Leandro Franja, Márcio Alemão, Henrique Barba e Fábio Jelleya.
Acadêmicos do Tatuapé 2014: Poder, fé e devoção. São Jorge guerreiro.
Compositores: Marcio André, Márcio André Filho e Waguinho.
Nenê de Vila Matilde 2015: Moçambique – A Lendária terra do Baobá sagrado!
Compositores: Afonsinho, D’Malva, Dede, Jair Brandão e Rubens Gordinho.

Unidos de Vila Maria 2017: Aparecida – a rainha do Brasil. 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro.
Compositores: Leandro Rato, Zé Paulo Sierra, Almir Mendonça, Vinicius Ferreira, Zé Boy e Silas Augusto.
Acadêmicos do Tatuapé 2018: Maranhão, os Tambores vão Ecoar na Terra da Encantaria.
Compositores: Fabiano Tenor, Mike e Luiz Ramos.
Vai-Vai 2019: Vai-Vai, o quilombo do futuro. 
Compositores: Edegar Cirillo, Marcelo Casa Nossa, André Ricardo, Dema, Gui Cruz, Rodolfo Minuetto, Rodrigo Minuetto e Kz.
Mocidade Alegre 2020: Do canto das Yabás renasce uma nova morada.
Compositores: Biro Biro, Fabio Souza, Luis Jorge, Maradona, Rafa do Cavaco, Ratinho, Silas Augusto, Turko e Zé Paulo Sierra.
E aí, o que achou da lista? Mudaria alguma coisa, incluiria ou tiraria algum samba? E qual seria a sua lista dos sambas mais marcantes da década no carnaval de São Paulo? Conte pra gente!

Além dos textos com as listas, o #PodcastDoCarnavalize também retorna trazendo os bastidores de cada escolha, das decisões, do que discordamos e concordamos, um dia após a liberação de cada #TOP10! Os membros do Carnavalize, de quarentena, reviram vários desfiles e votaram pelos 10 destaques de sambas, desfiles, comissões de frente, personalidades… É óbvio que não faltou debate! É conteúdo pra ler e ouvir! Se liiiga e carnavalize conosco!

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