SINOPSE: Unidos da Tijuca | “Cada macaco no seu galho. Ó, meu pai, me dê o pão que eu não morro de fome”

“Cada macaco no seu galho. Ó, meu Pai, me dê o pão que eu não morro de fome!”
Através dos “olhos” do pavão, animal que traz a visão de Deus pela alma e elimina o mal com suas garras, a Unidos da Tijuca vai passar uma mensagem de esperança em dias melhores por meio da história e simbologia do pão. Assim como no pavilhão tijucano, o pavão guiará a escola a revelar a trajetória do alimento mais popular do planeta.
Em tempos de ódio gratuito, intolerância para todos os lados, e do politicamente correto, o enredo se utiliza de um ditado popular para sinalizar que, se cada um fizer a sua parte, o mundo há de ser mais justo. A agremiação frisa aqui que a expressão “cada macaco no seu galho” utilizada no tema nem de longe lembra o significado primitivo do termo, que era usado para discriminar a população negra. Dentro do contexto do desfile da Tijuca, o ditado assume o sentido irreverente característico dos cariocas. Ou seja, é “cada um no seu quadrado” em busca de uma sociedade melhor.
Essência de todas as escolas de samba, os negros foram (e são) o pilar desta festa. Portanto, seria contraditório denegrir quem fez e faz pelo maior espetáculo da Terra.
O título do enredo ainda traz uma frase de clamor pelo pão que alimenta, seja o corpo ou a alma. Desde a sua descoberta, ele vem curando as necessidades de muitos, fortalecendo a construção de sociedades. O pão é o fio condutor que nos levará até os dias atuais.
Afinal, de acordo com o historiador alemão Heinrich
Eduard Jacob, “nenhum outro produto, antes ou depois da
sua descoberta, dominou o mundo antigo, material e espiritualmente, como o pão foi capaz de fazer”.
Desenvolvimento
Através dos “olhos do Criador”, revejo o surgimento do alimento mais importante e sagrado do mundo. Na Mesopotâmia, um dos berços da civilização, o homem primitivo percebe que a simples exposição ao sol de um punhado de cereal, batizado como trigo, faz nascer uma massa intrigante. A “descoberta” dali para frente alimentaria a humanidade.
Foram os egípcios que, com inteligência e sagacidade, iniciaram o processo de fermentação dessa massa, dando origem ao Pão. Ele rapidamente ganhou traços simbólicos, seja como moeda de troca ou instrumento político.
Do pão, foi mantido um Império. Reis e rainhas caíram. Revoltas e revoluções surgiram.
O povo explorado, muitas vezes escravizado, sempre trabalhou pelo alimento de cada dia. O humilde proletário, que madruga atrás de condução, também está em busca de uma vida melhor. E é na fé que esse homem se sustenta. Fé encontrada no filho de Deus, que se fez carne entre os pecadores. O Cordeiro de Deus deixou-nos o exemplo da multiplicação e partilha do amor com os irmãos.
Assim como Jesus Cristo, outras santidades dão verdadeiras lições de que, se cada um fizer a sua parte, mesmo que pequena, fabricaremos, amassaremos a mistura, que ao crescer, salvará nosso mundo da fome de alimento, e de sentimentos.
Até porque vivemos em uma realidade tão cruel, em que muitos ainda não têm acesso ao básico para viver. Os abusos de poder massacram os desfavorecidos. Estamos
no forno, assando, sofrendo, queimando no descaso de quem deveria olhar pela prosperidade de todos.
Ah se todos fizessem a sua parte…
Se os ardilosos com seu egoísmo e ambição fossem extintos…
O ditado popular “Cada macaco no seu galho” nunca foi tão essencial como agora. Não no seu significado primitivo, que era usado para discriminar a população negra – povo que é a essência das nossas escolas de samba. Se cada um dentro do seu ofício fizer o melhor, teremos o nosso pão e não morreremos de fome.
É preciso colocarmos no coração verdadeiramente a mensagem do Pão da Vida para podermos viver nas glórias de um Paraíso Real.
Enquanto não desfrutamos desta abundância, sei que tudo poderá me faltar: água, pão… Mas nada tirará o meu ânimo de viver. Nada! Porque sei que nunca me faltará o teu amor, Pai. Amor que gerará filhos, nascidos sem dor. Filhos que crescerão como homens de bem, direitos. Direitos que serão ensinados para vivermos em um mundo melhor.
Ouço o teu clamor, por isso, cubro-te de amor e fé pois este é o verdadeiro alimento da sua alma.
Unidos pela arte e cultura popular
Coordenação geral: Laíla
Diretor de carnaval: Fernando Costa
Carnavalescos: Annik Salmon, Fran Sérgio, Hélcio
Paim e Marcus Paulo
Desenvolvimento: Annik Salmon, Fernando Costa, Fran Sérgio, Hélcio Paim, Igor Ricardo, Laíla, Marcus Paulo
Pesquisa e texto: Igor Ricardo
Agradecimento

Obrigado, meu Deus, obrigado por mais esse dia. Obrigado pela minha família, pela oportunidade de mais uma vez te encontrar de braços abertos para carregar em teu colo os meus desejos, as minhas dores, os meus desafios. Obrigado, meu Deus, por iluminar meu caminho, protegei minha casa, minha mulher, protegei meus filhos. Cubra-me de amor e fé porque esse é o verdadeiro alimento da minha alma. Iluminai a cabeça daqueles que vivem na escuridão, consolai aqueles que tanto precisam do teu amor. Proteja aquele que vai em busca do pão de cada dia, mas sobretudo cubra de graças aquele que se levanta para ir em busca de um emprego. Que o clarão do dia que está para chegar, traga o sol da tua bondade e aqueça o nosso coração. Sei, meu Deus, que pode me faltar a água, o pão, um teto, um abraço, mas sei que nada disso é tão importante que me tire o ânimo e a alegria de viver. Sei que nesta vida tudo poderá me faltar. O que nunca me faltará é o Teu Amor, Pai.

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